sexta-feira, 11 de agosto de 2017

Lenha na Fogueira - 12.08.17

Era o dia 11 de agosto de 1938, e o soldado Pinheiro foi chamado as pressas à maternidade da unidade militar do Forte Príncipe da Beira pois sua mulher Maria Rodrigues da Silva – Dona Marieta havia dado entrada em trabalho de parto.
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Pinheiro chegou ofegante à maternidade e foi preciso muita conversa para convencê-lo a ficar esperando o resultado do parto na recepção. De repente a enfermeira (parteira) veio avisar que ele podia ir até o quarto ver seu filho que acabara de nascer. “Apenas com um problema”. Que problema minha senhora? “Ele é cambota”. Então vai ser jogador de futebol, disse seu Pinheiro.
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Tirando esse pormenor, antes que o menino completasse um ano de idade, a família veio morar em Porto Velho. Quer dizer, saiu de Mato Grosso direto para a Amazônia. Vale lembrar que o Forte pertencia ao estado de Mato Grosso e Porto Velho ao estado do Amazonas, estou falando de 1938/39.
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Ainda garoto Bainha aprendeu a tocar pandeiro. “Lembro que um sanfoneiro (não lembro o nome dele), que segundo me informaram ainda está vivo trabalhando na Linha Triunfo, me convidava pra tocar pandeiro e surdo em suas apresentações no Pimpão Bar que ficava na 7 de Setembro nas proximidades da Marechal Deodoro onde funcionava uma casa de boemia, com uma estância (apartamentos) onde moravam muitas mulheres solteiras” lembra Bainha.
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Daí pra frente aquele menino que o pai sonhava que seria jogador de futebol,por ter nascido com problemas nas pernas, se transformou num sambista de primeira linha e passou a ser chamado pelo Manelão de “Perna de Vírgula”.
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Hoje Bainha festeja seus 79 anos de nascimento e todos nós sambistas da Amazônia estamos felizes, pois o “velinho” continua dando aula, de como se faz e se dança samba, por onde quer que passe.
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Seus filhos, contando com a parceria da turma da escola de samba Asfaltão que na maioria, são sobrinhos e netos do Bainha, realizam a partir das 14 horas, na Tenda do Tigre a festa em comemoração aos 79 anos do Bainha.

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Beto Cezar vai lançar durante o show de hoje, um Partido Alto cujo refrão diz: “O carioca tem Monarco e Porto Velho tem Bainha”. É verdade, podemos bater no peito e dizer em qualquer roda de samba por esse imenso Brasil, que Porto Velho tem Bainha o Mestre do Samba da Amazônia.
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Conheci o Bainha em meados da década de 1950, no Bloco da Dona Jóia e depois como ritmista do Conjunto Bossa Nova. Quando surgiu a Rádio Caiari e eu passei a ser sonoplasta, o Bossa Nova passou a tocar durante os programas de Auditório que no início foram apresentados pelo meu irmão Bianor Santos, depois por Humberto Amorim e Manelito. Nessa época firmamos a amizade que dura até hoje.
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Bainha ajudou a criar a escola de samba Prova de Fogo em 1958 que depois virou Os Diplomatas e eu em 1964, ajudei a criar a Pobres do Caiari. Já em 1974 levei o Banha para a Caiari e passamos a ser passeiro na composição de samba de enredo, em 1975 criamos a escola de samba Mocidade Independente do KM-1 e durante a existência dessa escola, compomos em parceira todos seus sambas.
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Depois a parceria se desfez e Bainha foi campeão do primeiro carnaval de Rondônia Estado com o Samba “Riquezas de Rondônia” pela Diplomatas. Eu e Bainha nos reuníamos para discutir qual samba seria o melhor para o desfile das escolas. O dele para a Diplomatas e o meu para a Caiari. Era uma troca mais que amigável de ideias.
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Tomara que Deus permita que o Bainha viva mais um bocado de anos, para formar mais sambistas. Veremos hoje na Tenda do Tigre a quarta geração do Bainha, cantando samba.
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Parabéns Menestrel do nosso carnaval.

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