sexta-feira, 26 de junho de 2015

Anisio Gorayeb e as Doces Lembranças de Porto Velho

Você já assistiu uma palestra do Anizinho Gorayeb? Não! Então meu amigo procure assistir para se deleitar com as histórias sobre a cidade de Porto Velho e seus monumentos históricos. Anizinho apesar de não ser historiador formado, como ele mesmo diz, sabe contar a história da nossa cidade e do nosso estado, melhor que muitos historiadores detentores de diploma de Historiador. “O que chama a atenção dos alunos, é eu contar o que vivi, na nossa Porto Velho das décadas de 60/70”. De tanto ser cobrado durantes as palestras proferidas em conferencias, escolas municipais e estaduais de todo o estado e nas faculdades, Anísio Gorayeb Filho o Anizinho resolveu colocar no papel suas história.
Nesse dia 3 de julho sexta feira, no Memorial Anízio Gorayeb no prédio da antiga Câmara de Vereadores na rua José Bonifácio – Ladeira Comendador Centeno, as 20h00, apresenta à sociedade, seu primeiro livro: “Doces Lembranças”. Leia o que ele fala a respeito do assunto na entrevista que segue.

ENTREVISTA


Zk – Como surgiu a idéia de escrever o livro Doces Lembranças?
Anizinho – Sempre no final das palestras que faço nas escolas, faculdades, congressos etc., as pessoas cobram, põem tudo isso num livro! E sempre falo, olha: recuso-me a escrever livro de história, porque já existem muitos historiadores. O que faço nas minhas palestras, o que chama a atenção dos alunos, é eu contar o que vivi, na nossa Porto Velho das décadas de 60/70. Esse livro vem na hora que as pessoas precisam saber da nossa dificuldade.
Zk – Dar para citar algumas dessas dificuldades?
Anizinho – Do tempo que Porto Velho não tinha energia elétrica, no tempo que só tinham duas estações Poeira e Lama. São crônicas, relatos memorialistas que falam do cotidiano de Porto Velho na década de 60/70. É uma coletânea de alguns artigos que venho escrevendo a cerca de 8/9 anos.
Zk – Entre essas crônicas inseridas no livro uma que me emocionou. É a que você lembra quando ia pro mercado com seu pai?
Anizinho – Meu pai mandou fazer uma cesta pra mim igual à dele, é claro que a minha era pequenininha. Naquele tempo ainda não existiam as sacolas de plástico; as cestas eram de cipó. Uma boca larga e duas alças de cipó para a gente segurar e aos finais de semana, ele me levava junto para o mercado. Na minha cestinha ele colocava só as coisas maneiras como alface, cheiro verde e outras que não pesasse muito. No máximo uma latinha que a gente levava pra colocar mingau de banana, milho ou tapioca comprado na Banca da Dona Chiquinha. O que era bacana, é que eu gostava, aquilo pra mim era lazer. Hoje a criança se arruma pra ir ao shopping é o máximo, naquele tempo acompanhar nossos pais ao Mercado Municipal (hoje mercado cultural) era o máximo dos programas para qualquer criança.
Zk – Iam até o mercado municipal de carro?
Anizinho – Era a pé. Meu pai morreu e nunca dirigiu um carro. Meu pai não fazia três coisas na vida: Assobiar, andar de bicicleta e dirigir carro. Bom, achava o máximo ir pro mercado com meu pai porque ele falava com um, falava com outro e na banca de verdura ele dizia pro verdureiro, bota na sacola do Anizinho e eu ficava todo “cheio”. Essas coisas que a gente viveu, não se vive mais hoje. Era quando o filho tinha na figura do Pai aquele herói.
Zk – Você estudou em quais colégios?
Anizinho – Comecei no “Jardim Central” quando a diretora era a tia Odaléa Sadek em frente à Garagem do Governo do Território (hoje é a praça das Três Caixas D’água). Ali foi também um museu dirigido pelo Dr. Ary Pinheiro e foi a Procuradoria Geral do Estado e hoje é a Delegacia da Infância e Juventude. Em 1963 fui para o Colégio Dom Bosco que era ao lado da Catedral Metropolitana Sagrado Coração de Jesus.

Zk – Quem fazia parte da turma?
Anizinho – Devo esclarecer que o Colégio Dom Bosco só aceitava alunos da Segunda Série em diante. Nossa turma tinha Bob Otino, os Irmãos Metralha filhos do Cezar Queiroz Mário Jorge e Antônio Cezar; Paulo Pinto que era sobrinho do Flodoaldo Pontes Pinto, Odasilvio e outros. Sempre que acontece alguma festa nos dias de hoje, a direção do Dom Bosco me convida pra falar pelos ex alunos, afinal de contas sou “Dinossauro”. Naquele tempo era o máximo você estudar no Colégio Dom Bosco, época em que o uniforme era todo “Cáqui” e no ombro tinha a lapela, por exemplo, se você estivesse fazendo a segunda série, na lapela eram bordadas duas estrelinhas e assim sucessivamente e tinha o uniforme de gala que era todo branco com a gravata preta.
Zk – E a Parada de Sete de Setembro?
Anizinho – O desfile da independência era o máximo, primeiro que era obrigado a gente participar e mesmo se não fosse, todo mundo queria ir. Naquele tempo tinha a disciplina Educação Moral e Cívica onde a gente aprendia a respeitar as datas e os símbolos da nossa Pátria. Todos sabiam de cor e salteado o Hino Nacional, o Hino da Bandeira e o Hino da Independência e aguardava ansiosamente o desfile de 7 de Setembro. Os colégios marchavam também no dia 13 de Setembro dia da criação do Território Federal do Guaporé/Rondônia. Carregar a bandeira do Brasil era sinônimo de status, principalmente entre as meninas. Outra coisa que era muito legal na Semana da Pátria, era desfilar de bicicleta. Quem tinha bicicleta levava uma semana antes pro colégio para ser enfeitada, as rodas eram revestidas de papel crepom verde e amarelo, parecia um bolo confeitado e a gente desfilava garbosamente naquela bicicleta.
Zk – As festas aconteciam em quais ambientes, aliás as festinhas como eram chamadas as baladas naquele tempo?
Anizinho – O ponto mais importante daquela época em se falando de festinha, era o Porto Velho Hotel com sua Varanda Tropical e depois a boate Ambikatu (em 1977) que foi a primeira boate da cidade voltada para a juventude, ali só tocava Ye, Yê, Hally Gally, Twiste e Rock no momento romântico eram as músicas italianas. Depois que a dona Nilce Guimarães entregou o Porto Velho Hotel, comprou um imóvel do Zé Saleh Moreb e o transformou no Joá Pálace Hotel o menor hotel mundo, pois só tinha dois apartamentos para receber hospedes o restante do imóvel, era a residência de Nilce e Nélio Guimarães. O negócio mesmo era a Boate Joá o lugar mais importante da noite de Porto Velho. Era tão importante que foi lá que aconteceu o lançamento da Luz Negra em Rondônia, quando o colunista social Roberto Vieira promoveu a “Noite da Luz Negra” e recomendou que as pessoas fossem vestidas de branco. Foi um acontecimento! Assim como a gente vê a Pinheiro Machado engarrafada de carros hoje, naquele tempo era a José de Alencar engarrafada de Jeep, Rural, Lambreta e Bicicleta. A boate Joá funcionava de segunda a segunda.Tem um detalhe a pista de dança era na garagem do Hotel.

Zk – Qual sua formação acadêmica?
Anizinho – Me formei em Economia lá em Belém. O bom era quando a gente vinha de férias, a turma que morava aqui ficava um pouco com ciúmes porque as meninas, davam mais atenção para os estudantes que chegavam de fora. O encontro era na “Manhã de Sol” do Bancrévea Clube. E tinha o baile das debutantes, quando os pais apresentavam suas filhas à sociedade, a troca de sapato (sapato baixo por sapato alto) era muito chic.


Zk – E o conjunto Fórmula Quatro?
Anizinho – Foi a sensação, porém, foi tipo um meteoro, do jeito que surgiu, sumiu! Foi muito rápido. Era formado pelo Chiquilito na guitarra base, Oswaldo Piana na guitarra solo, Pituca no contra baixo e Hiran Brito na Bateria. Com o tempo o Chiquilito se elegeu prefeito de Porto Velho, o Piana governador de Rondônia. Apesar de serem ótimos músicos, não prosseguiram na profissão. Enquanto existiram como “Fórmula Quatro” fizeram muito sucesso.

Zk – Para encerrar. Quando será e onde será o lançamento do livro “Doces Lembranças”?
Anizinho – Dia Três (3) de julho no Memorial Anízio Gorayeb no prédio da antiga Câmara na José Bonifácio – Ladeira Comendador Centeno as 20h00.
Zk – E no Diário da Amazônia?
Anizinho – No dia 5 de julho, vamos lançar uma grande campanha! Quem fizer uma assinatura do Jornal Diário da Amazônia vai ganhar um livro meu, devidamente autografado. Essa promoção vale pro estado todo. Obrigado!

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