terça-feira, 28 de julho de 2015

Antônio Alves o ultimo jornalista romântico


Na ultima segunda feira 27, perdemos aquele que costumávamos denominar de, o último jornalista romântico, Antonio – Toniquinho - Alves o bom de texto, de copo e de gozação, responsável até na irresponsabilidade e irreverente nas horas precisas.
Antes dele voltar para sua terra amada o Rio de Janeiro, precisamente para a Lapa o bairro mais boêmio do Brasil, participamos do FestcineAmazônia Itinerante (em 2012) e visitamos todos os distritos de Porto Velho; de Calama a Cujubizinho no baixo Madeira e de Jacy a Extrema na Ponta do Abunã desviando até União Bandeirantes. Fomos a Guajará Mirim e embarcamos para a Bolívia até Riberalta. Ninguém ficava sossegado quando o Toniquinho como o chamava a Fernanda Kopanakis e o Jurandir Costa, estava com um copo na mão, porém, quando estava escrevendo não dava importância a ninguém, o texto para Toninho Alves era prioridade.
A jornalista Luciana Oliveira se lembra de uma passagem que teve como protagonista o Toninho Alves veja:


Devaneios de Antonio Alves
“Era agosto de 2011 quando recebi a crônica que deveria ser lida hoje. Eu, como repórter ou já editora da página da Capital no Diário da Amazônia. Me chegou por e-mail o que o amigo jornalista Antônio Alves pediu que lesse quando batesse as botas. 
Era esse seu linguajar, coloquial, direto, franco. 
Não pensei que chegaria tão rápido esse dia. Chegou. 
Estou muito triste com a partida do amigo que se lançou comigo numa missão difícil, montar na virada do milênio, a primeira equipe de jornalismo do que hoje é a RedeTV. Eu, editora e apresentadora e ele, o chefe de jornalismo. 
Numas salas apertadas em cima de um supermercado, com pauta diária do patrão, prefeito à época. 
Ah, como bebemos e recitamos poesias pra viver todo aquele desconforto...
No fim, uma aventura pra ele, pra mim, uma escola com ele. 
Esse texto traduz o que Toniquinho diria se pudesse, ao nos ver tristes por sua partida. 
Só faltou concluir com: tá tudo uma bbostaaaa isso aqui! Vou viajar e não me impeçam!

Ensaio sobre a tolice


Há 60 anos tento me adaptar a isso tudo
Ora eloquente, ora mudo
E como o tempo não dá tempo ao tempo
Perdi meu tempo
Nada fiz, nada sou, nada sei
Meu filho, minhas filhas, minhas netas
Milagres da genética
Plantei a tal árvore
Mas o livro não escrevi não 
Oportunidades em turbilhão
Não posso me queixar
Mas como segurá-las
Com estas mãos de sabão?
Vão como vêm
Num piscar de olhos passou o trem
Nessas décadas de ostracismo
Faltou-me pragmatismo
Por que não fui vereador,
Deputado ou senador?
Quem sabe chegasse até a governador?
Mesmo por dez dias, era pensão garantida
Gorda e pra toda a vida
Quis ser jornalista e deu no que deu
Ou seja, não deu
Fui ingênuo total
Pois o rei nunca está nu
No jornalismo oficial
Pra encurtar a História
Sou parte da escória
Que espera paciente e ordeira
Pelas migalhas que sobejam
Na ordem, o progresso vem sem coleira
Aí o gigante pela própria natureza não te incomoda
Pode permanecer deitado em berço esplêndido
Não preciso dos podres poderes
Mas preciso dos dinheiros podres
Caso queira sobreviver
Se é pra ir vamos agora
Cada um faz sua hora
Estou pronto pra viajar
João Antonio, chama a Mariana, Camila e Flora!
Luisa, acorda a Beatriz, Gabriela e Maria Clara!
O trem da esperança vai passar
A viagem é sorrateira
Mas não guardo mistério
Por não temer cemitério.
Ä meia-noite quebra o encanto
Aí eu corro para o abrigo
Pra esconder tristeza e pranto. 

Antonio Alves – PVH 21/01/2011

                          

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