quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Mulheres do Aluá - Inaugura o teatro

As Mulheres do Aluá, espetáculo teatral que foi concebido a partir de uma pesquisa e uma investigação cênica que coloca em foco a relação de gênero e o universo feminino. Baseado nas histórias de mulheres que enfrentaram e desafiaram os poderes para garantir as suas posições diante do mundo.

Num período em que o pensamento-homem é que determinava a condição de cada mulher. São mulheres de diferentes épocas, com histórias marcadas pela violência. Elas foram rés em processos hoje arquivados no Centro de Documentação Histórica do Tribunal de Justiça de Rondônia.

Processos que revelam as dificuldades delas em um ambiente hostil e opressor do passado da região, especialmente no inicio do surgimento da cidade de Porto Velho (entre 1910 a 1930) e teve forte influência no ciclo da borracha, com a construção da estrada de ferro Madeira- Mamoré.

Essas histórias registradas nas páginas frias do processo foram transformadas em dramaturgia e virou espetáculo na concepção do encenador Chicão Santos, do O IMAGINARIO. “São processos à partir de 1910 que correspondem às comarcas de Santo Antônio do Madeira e Porto Velho”, explica a historiadora Nilza Menezes, diretora do CDH.
Dentre as personagens, uma mulher identificada como Josefa, que em 1920 foi acusada de feitiçaria, uma cigana que lia a sorte dos habitantes locais e se envolveu em um crime em 1914, uma prostituta moradora da Vila Murtinho (1912), com histórico de brigas e espancamentos e uma barbadiana acusada de matar uma comerciante.

Além delas outras histórias de outras mulheres são incorporadas às quatro personagens vividas pelas atrizes: Agrael de Jesus, Amanara Brandão, Jaque Luchesi e Zaine Diniz. Quem são essas mulheres, que cantam, dançam, bebem e contam suas histórias?
O texto é de autoria do dramaturgo sergipano Euler Lopes Teles, que num processo colaborativo com a pesquisadora Nilza Menezes e com encenador Chicão Santos, costura a linha dramatúrgica do espetáculo.
O diretor Chicão Santos, com fina sensibilidade, construiu uma encenação estética usando elementos que  estabelece um ritual de quatro mulheres, com suas memórias em que a realidade é gerada pelos processos de confecção do aluá e é banhada pelas memórias e pelos mitos amazônicos.
Outro aspecto significativo é a trilha utilizada que alude aos costumes e mitos ribeirinhos. Alguns objetos cênicos também causam impacto, pois concentra em sua significação toda a violência representada por essas personagens.
“Nós queremos provocar o público para refletir, por meio dos crimes retratados no espetáculo, toda uma conjuntura social e a condição da mulher nesse contexto”, destaca Chicão Santos.

O Diretor acertou em trazer à cena um espetáculo que revela novas histórias e que ganha um contorno estético e uma beleza plástica. Temos certeza absoluta que novamente o trabalho vai ganhar a cena nacional, como aconteceu com Filhas da Mata que fez em 2010, o Palco Giratório do Sesc, circulando pelas principais capitais e cidades do País e que também chegou a Mostra Latino-americana de teatro de grupos, realizada em São Paulo, em 2012 e o Varadouro que estreou no Teatro de Arena, do Itaú Cultural, em São Paulo e foi selecionado pelo Prêmio Petrobras em 2013 e fez temporada em São Luís (MA) e João Pessoa (PB).

Ficha Técnica:
Elenco: Agrael de Jesus; Amanara Brandão; Jaque Luchesi; Zaine Diniz.
Dramaturgia: Euler Lopes Teles
Pesquisa: Chicão Santos e Nilza Menezes
Concepção de figurino: Zaine Diniz
Concepção Cenográfica e Luz: Chicão Santos
Execução de cenário: Ismael Barreto
Operação de Luz: Osias Cardoso
Operação de Som: Mirilainy Dorneles
Preparação das bebidas (Aluá e Chicha): Sacerdotisa Yakolecy e Arlete Cortez
Música do Aluá: Silvio M. Santos
Música da Mãe Preta: Tim Maia
Participação musical: As Pastoras do Asfaltão.
Preparação de dança: Cristina Pontes
Preparação de voz: Marcos Grutzmacher
Produção e direção: Chicão Santos

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