sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

LENHA NA FOGUEIRA - 22.02.14

Vamos utilizar o espaço da coluna deste sábado 22, para publicar o estudo realizado pelo Dr. Paulo Rodrigues, sobre a enchente do rio Madeira e sua origem. De antemão agradecemos ao Dr.Paulinho por atender nossa solicitação.
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Salientamos que o artigo será publicado em dois dias, hoje e amanhã em virtude da falta de espaço. Obrigado!

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ECOS DO MADEIRA II - (*Paulinho Rodrigues)
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Ouvimos em meados de fevereiro/2014, gestores do sistema nacional de produção de eletricidade, afirmarem que os reservatórios de água para a produção de energia elétrica, estavam operando com 37% de sua capacidade. Como muitos não conhecem a realidade destas rechans amazônicas, temos que a ignorância é a responsável por tal afirmação, passando ao largo da nossa realidade. Enquanto em outras regiões do Brasil impera um verão rigoroso, na Amazônia quente e úmida, o período sazonal do regime de chuvas, como também do desgelo andino, está em alta; estamos em pleno inverno.
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O desconhecimento da cultura amazônica perpassa (no sentido alhures), aquém do imaginário nativo, levando os “destemidos pioneiros hodiernos” se é que existem, a divulgarem informações sem a mínima consistência de observação, seja científica ou empírica. Em data pretérita recente, sem querer ser aprendiz do Pariacaca (na mitologia pré incaica o mensageiro das desgraças e inundações), tampouco adivinho, prenunciamos as repostas que o caudaloso e desconhecido Madeira, daria referenciando sua fúria, inclusive. Nossas observações estão muito mais fundamentadas em premonições, e menos em premissas axiomáticas.
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Tais sensações têm arrimo nas observações colhidas por nós e por nossos antepassados, que sem conhecer a lógica formal (menor), em seu conhecimento demopsicológico, nos passavam seus singulares “silogismos” enriquecendo sobremaneira nosso discernimento.
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A vivência diária chancelou naquele artigo (Ecos do Madeira), nossos critérios e noções sobre o que estava por sobrevir, e o futuro que parecia longe, é agora. As oscilações sonométricas do Madeira, adequadamente chamadas de murmulhos, em seus vai e vem, sempre apresentaram (neste sazonal alto), um crescente paulatino, cuja lâmina d’água no ano de 1997, alcançou sua cota de nível mais expressiva “lambendo” o meio fio da Av Rogério Weber (lado direito) sentido REO/Centro, à ordem de 17,35m (dezessete vírgula trinta e cinco centímetros) então monitorados pela SOPH (Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia).. Hoje (21.Fev), numa cheia crescente e acelerada, diferente da tradicional e previsível, o Rio Madeira já superou o nível de 1997, e o fez fora da previsibilidade, pois o período crítico de “alagações” no seu pico máximo deveria ocorrer em Março, no entanto, aceleradamente, chegou com as chuvas de Fevereiro alcançando a cota de 17,90 m.
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O fenômeno contraria as tradições arraigadas no nosso imaginário e questiona por somente agora, a cheia se apresenta de maneira acelerada, apanhando a todos de surpresa. Os colos minadores do Madeira tem seus significativos formadores nas originárias rechans andinas.
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Nos contrafortes da Cordilheira dos Andes, tanto na alta quanto baixa, nascem as mais vigorosas variações sazonais, vindo refletir diretamente no alto, médio e baixo Madeira, como a cheia que estamos presenciando. A Planície Amazônica, não apresenta vales expressivos.
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Tem sim, através de suas cachoeiras (tanto no território Boliviano como em Rondônia), degraus e saltos naturais que ao longo do Rio, apresentam pequenos desníveis numa luta para chegar ao mar...

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Continua amanhã.

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