Para
os garimpeiros das beiras dos rios amazônicos, no meio do trabalho duro e sem
um horizonte claro, uma das poucas alegrias era escutar a música de Marivalda
Kariri: uma cearense que tinha desembarcado na região para levar alegria
musical para um povo trabalhador.

A
cearense entesoura mais de meio século de carreira, com disco e shows em todas
as regiões do país, além de parcerias com nome de peso, dentre eles o próprio
Luiz Gonzaga. Ela conheceu Gonzagão durante uma turnê pela Amazônia, em 1976 e
foi o próprio Rei quem recomendou a ela ficar trabalhando na região Norte,
povoada por filhos de nordestinos. Hoje, com 72 anos, Marivalda Kariri continua
sendo uma das grandes vozes do Ceará e uma das poucas representantes femininas
do forró-pé-de-serra no Brasil.
Sendo
a primeira artista em misturar música nordestina com humor, Marivalda Kariri
destacou-se como compositora e letrista através de canções que convidavam a
dançar, mas também a refletir sobre a contraditória realidade das terras ricas,
com homens pobres. “Toco cru”, “Mulher de garimpeiro” e “A dança do jumento”
são músicas salvas na memória do povo brasileiro, especialmente no de Rondônia,
onde Marivalda morou e trabalhou por mais de 15 anos.
Desde
2012 está sendo gravado o documentário “A Rainha e seus Reis de Barro”, um
longa-metragem sobre a história de vida e carreira da compositora, junto com a de
outros lendários artistas nordestinos que fizeram parte da “época dourada” do
forró de raiz: Messias Holanda (famoso por “trepar no pé-de-coco”), o fino
repentista Pedro Bandeira, o grande sanfoneiro Zé de Manú e outros notáveis
músicos que aparecem ao longo das cenas.
Com
direção da própria Marivalda, esta produção já percorreu quatro Estados
brasileiros e continuará suas gravações em Rondônia, rememorando os tempos dos
shows nos garimpos, seringais, e na capital Porto Velho. As filmagens
rondonienses estão projetadas para outubro deste ano, e o longa-metragem prevê
sua estreia para o primeiro semestre de 2014.
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