sábado, 28 de setembro de 2013

JOSÉ HÉLIO - O LOCUTOR COMERCIAL DA CAIARI


Continuando com a história do surgimento da rádio Caiari, nesta edição, publicamos a entrevista com o José Hélio de Castro que juntamente com o Bianor Santos e o Inácio Castro foram os primeiros locutores da emissora criada pelo então padre Vitor Hugo em 1960. Zé Hélio conta de como começou sua vida como locutor de rádio: “Estava tomando tacaca na banca da dona Chiquinha na praça Jonathas Pedrosa, quando ouvi pelo Serviço de Alto Falante a Voz da Cidade que eles estavam recebendo inscrições para teste de locutor, fui lá me inscrevi e fui aprovado”. Daí pra frente, Hélio foi contratado pela rádio Difusora do Guaporé e depois pela rádio Caiar. Acompanhe essa história.

ENTREVISTA



Zk – Vamos começar por sua identificação?
Zé Hélio – Meu nome completo é José Hélio de Castro Rocha, nasci em Fortaleza por acaso, porém me considero de Rondônia porque vim pra cá com três meses e aqui me criei, casei, aqui vou morrer. Minha mãe chamava-se Alice Rocha de Castro e o meu pai Inácio de Castro e Silva. Nasci no dia 9 de fevereiro de 1940.
Zk – Em Porto Velho como foi a tua infância?
Zé Hélio – No inicio a gente morava numa casa da Estrada de Ferro Madeira Mamoré ali onde hoje existe a Vila Ferroviária na Farquar. Existia um casarão, de um lado morava a nossa família e do outro seu Joaquim Bártolo e a dona Labibe. Depois moramos na José do Patrocínio e finalmente fomos para a D. Pedro II, onde vivi minha juventude, só sai de lá quando casei.
Zk – E quando foi que você começou a trabalhar em rádio?
Zé Hélio – Essa história é muito interessante: Quanto estava fazendo a quarta série do ginásio, Eu, Zé Nilton e o Bianor um dia a gente estava na praça Jonathas Pedrosa tomando tacaca na dona Chiquinha e tinha a Voz da Cidade do Fuad Nagib cujo estúdio era bem em frente, aí saiu uma nota, dizendo que eles estavam com inscrição aberta para quem quisesse fazer teste para locutor, então fomos lá os três, fizemos o teste e fomos os três contratados para trabalhar no Serviço de Alto Falante A Voz da Cidade.
Zk – E a Rádio Difusora do Guaporé?
Zé Hélio – Certa noite eu estava trabalhando na Voz da Cidade quando chegou o seu Petrônio de Almeida Gonçalves que era diretor da Difusora e ele me convidou pra fazer um teste na difusora. Trabalhei na Difusora do Guaporé até ela sair do ar.
Zk – E a rádio Caiari?
Zé Hélio – A Rádio Difusora parou suas atividades no final dos anos 1950 e o padre Vitor Hugo entendeu que tinha que montar uma rádio. Então convidou o Bianor Santos para trabalhar com ele na implantação da rádio o Bianor foi quem iniciou a rádio Caiari que funcionava lá no colégio Dom Bosco (hoje faculdade católica) embaixo de uma escada, um transmissor velho de rádio amador. O Bianor foi e me convidou para fazer parte do quadro de locutores e então fui o segundo da rádio Caiari, depois eu levei pra lá meu irmão Inácio Castro e ficamos os três. Depois o bispo Dom João Batista Costa cedeu uma sala no prédio da prelazia atrás da Catedral e á rádio foi pra lá.
Zk – Você lembra o ano e o mês do inicio da rádio Caiari?
Zé Hélio – Na minha concepção foi no meio do ano de 1960. Falo isso porque no inicio do ano de 1960 fui estudar no Rio de Janeiro e por não ter me adaptado e também por saudade da família fiquei apenas 4 meses. Logo que cheguei de volta aqui em Porto Velho o Bianor me convidou para trabalhar na rádio Caiari. Levando em consideração que as aulas começavam em março, voltei pra cá em julho, por isso tenho quase certeza que a rádio Caiari comeu a ir pro ar no mês de agosto de 1960.
Zk – Qual o programa que você apresentava na rádio Caiari?
Zé Hélio – A gente fazia de tudo, era locutor de comercial, apresentava o jornal e outros programas. Vale salientar que naquele tempo existia o locutor comercial que só fazia as propagandas. Exemplo: tinha o programa Carrossel de Melodia que era apresentado pelo Bianor, na hora do comercial entrava no estúdio o locutor para falar as propagandas dos patrocinadores e o Bianor só fazia a apresentação do programa. O Carrossel de Melodia que também cheguei a apresentar era um programa onde as pessoas ofereciam músicas aos aniversariantes. Era assim: Está completando mais um ano no jardim florido de sua existência, a jovem Maria. Seu namorado Pedro com todo carinho, lhe oferece a melodia “Tal”... E tocava a música escolhida pelo namorado. Foi um programa de grande audiência se não o de maior audiência da rádio Caiari, depois do Avisos para o Interior.
Zk – E os controlistas, operadores de som?

Zé Hélio – Quando a rádio começou lá embaixo daquela escada do colégio Dom Bosco, a gente fazia a locução e colocava os discos que a época era apenas em 78 RPM e era muito difícil você fazer a locução e colocar os discos no “prato”, foi então que o padre Vitor Hugo autorizou o Bianor a contratar dois sonoplastas, que se não me engano, fotam, o Ary Santos e Você os primeiros sonoplastas da rádio Caiari.
Zk – Fala mais um pouco sobre como funcionava a rádio Caiari?
Zé Hélio – O Vitor Hugo era um idealista, ele começou a rádio Caiari com aquele transmissor velho de rádio amador e logo depois, fez uma viagem à Itália e por lá, conseguiu equipamentos de primeira qualidade, tudo da marca Telefunken que na época era top de linha. Esse equipamento desembarcou em Porto Velho em meados do ano de 1961. Era uma mesa de última geração, gravador Akai, transmissor potente e a torre (antena), que foi erguida no terreno da igreja Nossa Senhora das Graças lá no KM-1 com aproximadamente 70 metros de altura.

Zk – Quando a rádio passou a funcionar no prédio da Carlos Gomes com certeza o quadro de funcionários aumentou. Quem foi contratado?
Zé Hélio – Aí veio o seu Petrônio Gonçalves, o Abemor. Lembro que também foi criado o programa “Bico do Arara” um programa que tinha apenas cinco minutos de duração mais fazia o maior sucesso, por sempre fazer críticas em forma de sátira (humor) ao governo e outras autoridades. Bom, depois veio o Osmar Vilhena que chegou a ser diretor da rádio.
Zk – Vamos falar sobre seu pai Inácio Castro que foi um dos donos do jornal O Alto Madeira. O que você lembra do seu pai?
Zé Hélio – Nessa vou ficar te devendo. Acontece que quando meu pai morreu eu era criança, estava apenas com cinco anos de idade. Ouvi falar que ele foi um dos pioneiros do jornalismo em Porto Velho. Acho que ele ficou como dono do Alto Madeira até negociar com o Assis Chateaubriand a venda para Os Diários Associados já na década de 1940. Meu pai faleceu no dia 7 de Setembro de 1945.
Zk – Depois da rádio Caiari você trabalhou em outras emissoras ou não?
Zé Hélio – Não, quando sai da Caiari fui trabalhar na empresa Rondomarsa a primeira concessionária de veículos que foi montada em Porto Velho, Era revendedora dos carros da Willys Overland do Brasil. A Rondomarsa que muitos pensam que era do seu Aurélio na realidade, era dos sócios; Joaquim Pereira da Rocha e Humberto Corrêa. A sede era na rua Barão do Rio Branco em frente à praça Jonathas Pedrosa.

Zk – E o José Hélio jogador de futebol?
Zé Hélio – Tem essa fase. Quando retornei do Rio de Janeiro fui jogar no Ferroviário acontece que o diretor da Madeira Mamoré Dr. Ernani Pamplona era o presidente do Ferroviário e eu pedi, para jogar no Ferroviário, que ele me arranjasse um emprego e então ele me colocou no SALFT – Serviço de Água, Luz e Força do Território. Quando surgiu a Rondomarsa fui pra lá porque o ordenado era bem melhor. No SALFT eu ganhava Cinco Mil Cruzeiros e a Rondomarsa me ofereceu Oito Mil. Devo esclarecer que a rádio Caiari naquela época só funcionava à noite.
Zk – Você começou jogar bola aonde?
Zé Hélio – Comecei mesmo no campinho do Barão do Solimões, depois no time do Colégio Dom Bosco. O primeiro time federado foi o Bancrévea Clube que só disputou uma temporada, então fui pro aspirante do Botafogo e no ano seguinte fui promovido para o time principal. Em 1960 após retornar do Rio de Janeiro fui jogar no Ferroviário onde fiquei até encerrar a carreira em virtude de problemas no menisco.
Zk – Para encerrar. Família
Zé Hélio – No dia 7 de dezembro deste ano, vou comemorar 50 anos de casado com dona Irene dos Reis Castro. Tivemos quatro filhos, três mulheres e um homem, graças a Deus todos perfeitos, casados e encaminhados como diz o outro. Minha família é uma família muito feliz!

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