quinta-feira, 22 de novembro de 2012

LENHA NA FOGUEIRA - 23.11.12


Walter Bártolo o último seresteiro autêntico, “partiu, disse adeus foi pro céu, foi fazer, companhia a Noel.

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A Noel, Jorge Andrade, Capote, Inácio Campos, Leônidas O’Carol Chester, Cãmara Leme, Bola Sete, Babá, Neguinho Orlando, Laio, Ivo Santana, Manelão, Paulo Queiroz, Valverde, Zega, e tantos outros seresteiros que já se foram. Isso porque estou me referindo apenas aos seresteiros portovelhenses.

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No tempo do Teixeirão sempre éramos convidados eu Bainha, Babá, Careca e outros sambistas, para participar de almoços, geralmente o prato principal era tartaruga iguaria na qual Walter Bártolo era exímio mestre cuca e ali, enquanto o governador tomava uma cachacinha e tirava gosto com sarapatel e farofa do casco, a gente mandava um samba dos bons que geralmente também era cantado pelo Walter.

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Muito antes do Teixeirão chegar por aqui, os encontros eram no Seresteiro. Naquele tempo eu ainda tomava todas, e geralmente emendava o dia com a noite juntamente com os parceiros Bainha, Neguinho Menezes e Jorge Andrade cansamos de nos juntarmos ao Walter no Seresteiro e quando víamos era de manhã.

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Walter gostava de chamar as pessoas mais chegadas de “maninho”, era “maninhio” bebe mais uma, canta aquela, vamos lembrar umas do Silvio Caldas outras do Nelson Gonçalves e o samba “varava a madrugada e o Sereteiro era um pedaço do céu...”.

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Muitas vezes a gente tinha que esperar o Batuque da Mãe Esperança (Santa Bárbara), terminar para  começar a rodada de seresta. O Seresteiro do Walter Bártolo ficava na rua Bolívia entre a Joaquim Nabuco e a Almirante Barroso bem pertinho do Batuque, até porque, eu o Bainha seu irmão Pedro Silva de vez em quando atacávamos de “Batedor” de Tambor no Santa Bárbara. Isso vai pro Silvestre.

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O bom no Seresteiro era quando as esposas dos categas iam embora. “Aí, a turma da “gandaia” tomava conta da boate, as mulheres vinham da “Madame Elvira - Tartaruga”, “Maria Eunice”, ‘Anita” e da “Deusa” e a coisa ficava bem melhor.

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Às vezes os guardas da Guarda Territorial achavam de dar uma batida e alguns tinham que se esconder atrás do balcão por serem menor de idade.

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Quando o negócio engrossava, muitos pulavam no “grutião”, como era chamado o local ou buraco, onde tinha uma “bica” (fonte de água). Era tanta água boa que a CAERD por algum tempo distribuiu aquela água para parte da população.

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Certa vez, quando o Carlinhos Mota era presidente da Fundação Cultural de Rondônia - FUNCETUR fomos para a Festa do Divino em Costa Marques e lá no restaurante Reis, a turma formada pelo Carlinhos, Socorrinho, Vivi, Matias Mendes, eu e o Walter todas as noites ficávamos na calçada do restaurante ouvindo as histórias do Walter e do Matias Mendes sobre fatos ocorridos em viagens ao Vale do Guaporé. Geralmente a gente ia dormir com o raiar do dia.

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A entrevista que Walter Bártolo nos concedeu ainda nos anos de 1990 precisamente em 1996, eram tantas as histórias que foram preciso duas edições.

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É uma das melhores entrevistas que já publicamos em quase vinte anos de Diário da Amazônia.

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Ano passado a turma de TV Record presenteou o público de Porto Velho, com uma Seresta Cultural Especial que aconteceu no Mercado Cultural e foi transmitida ao vivo, com Walter Bártolo cantando suas músicas que foram gravadas em CD. É o CD “Brasil Desconhecido” com os sucessos do nosso Seresteiro maior.

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Walter Bártolo de São Carlos, Nazaré, Terra Caida, Boa Hora, Conceição do Galera, Belmonte, Calama e Maici.

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Walter Bártolo do Seregipa, da Cachoeira de 2 de Novembro, do Gy-Paraná, do Machado e do Urupá.

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Walter Bártolo da Enaro, de Porto Velho e Guajará Mirim. Da Caerd e tantos outros órgãos públicos.

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Walter Bártolo da Vila de Rondônia e Ji Paraná.

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Walter Bártolo padrinho da Festa do Divino Espírito Santo do Vale do Guaporé.

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Walter Bártolo dos búfalos de Pau D’óleo. Walter de Costa Marques, Pedras Negras, Laranjeiras, Pimenteiras, Rolim de Moura do Guaporé, São Felipe e Cabixi.

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Walter Bártolo de La Banda, aliás, Dom Walter Bártolo para os bolivianos.

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Walter da BR-29 e das estradas vicinais. Walter Bártolo dos índios e dos ribeirinhos, dos seringueiros e dos garimpeiros.

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Walter das serestas, alvoradas e serenatas, Walter da mulherada.

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Teve tempo que quando o governador estava feio na foto das comunidades ribeirinhas, era só convocar o Walter Bártolo para conversar que o povo se acalmava, o mesmo acontecia com a população das cidades ao longo da BR e dos Rios Mamoré e Guaporé.

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Walter exterminador de crises governamentais. O bombeiro dos governadores.

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É como ele mesmo disse ao Beto Bertagna.

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“AS PESSOAS QUE A GENTE PREZA NÃO CONSEGUEM MORRER “

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