terça-feira, 6 de novembro de 2012

LENHA NA FOGUEIRA - 07.11.12


Lenha na Fogueira

O fazer cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil, principalmente quando nos deparamos com pessoas que teimam em acreditar que o fazer cultura é gerar despesas.

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Segunda feira passada dia 5, bem que poderíamos ter o prazer em divulgar, vasta programação cultural, já que oficialmente o 5 de novembro é o Dia Nacional da Cultura Brasileira.

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Passamos em branco, como passamos em branco o centenário da criação ou fundação da Cidade de Porto Velho que aconteceu no dia 4 de julho de 2007.

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É bom lembrar, que Rondônia é um estado cuja principal marca cultural é a mistura, principalmente quando nos reportamos a sua capital Porto Velho, que desde sua criação abriga gente de diferentes povos e culturas.

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Os americanos que vieram dirigir a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré trouxeram a cultura da arrogância, mas, também nos ensinaram a persistir naquilo que queremos.

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Ao chegarem aqui encontram os indígenas e a cultura da pesca e da caça e a mais importante de todas, que é a cultura de só tirar da natureza o que tinha serventia para o sustento do povo da tribo. Essa ninguém assimilou até hoje!

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Os negros antilhanos e caribenhos que vieram para Rondônia à época da construção da EFMM trouxeram a cultura do fazer bem feito e a cultura religiosa, inclusive o que hoje chamamos de religião de matrizes africanas que em sua maioria são praticadas nos terreiros.

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Foram as chamadas barbadianas que ensinaram as caboclas beradeiras e bolivianas a fazer quitutes, pois enquanto seus maridos estavam no trecho ajudando a construir a linha férrea elas (as barbadianas), estavam juntamente com seus filhos vendendo doces e bolos de casa em casa pelas ruas de Porto Velho.

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Depois foi a vez dos nordestinos chegarem trazendo seus costumes, sua culinária e sua dança que ficou mais conhecida como forró. Trouxeram então a música nordestina e o caboclo da beira do Madeira-Mamoré passou a dançar arrastando a chinela no chão pra ver a poeira levantar. Veio o charque com feijão, prato que os beradeiros agregaram o jerimum e se tornou mais delicioso.

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E lá vieram os indianos, mostrando que é bom se vestir com roupas coloridas, os “turcos” em seus regatões embelezaram nossas caboclas com seus brincos, batons e espelhos. É a cultura da vaidade no meio beradeiro e porque não dizer indígena.

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Os paraenses trouxeram a culinária, com pratos como pato no tucupi, tacaca e maniçoba,

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O amazonense o Jaraqui frito com baião de dois e a caldeirada que em Porto Velho recebeu o reforço do tambaqui, do dourado e da piraíba.

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Os cariocas trouxeram o samba e as escolas de samba, a feijoada e a malandragem. Já percebeu como o portovelhense nato é “malandro” (no bom sentido).

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Os gaúchos trouxeram suas prendas, o chimarrão e o churrasco.

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O paulista a vontade de produzir e ser o melhor entre os melhores. Rondônia é um dos estado mais produtivos da região norte.

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E assim fomos montando nossa cultura. Os bolivianos no ensinaram a gostar de salteña, galinha picante e de dançar La Cumbia.

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O maranhense viu seu bumba-meu-boi ser transformado em boi bumbá e os nordestinos viram que a dança da quadrilha em Porto Velho é diferente da dançada por lá. Tudo, fruto da miscigenação na formação do povo de Porto Velho

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Os mineiros nos fizeram gostar de queijo e do tutu e do porco a pururuca. Já os goianos o frango com pequi e a galinhada.

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Os índios que sempre viveram por aqui nos mostraram que tartaruga e tracajá é um prato delicioso. Infelizmente a pesca desses quelônios está proibida.

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Infelizmente essa miscigenação também nos trouxe os políticos corruptos e os mais temidos bandidos do Brasil.

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Essa diversidade cultural nos trouxe as usinas do Madeira e o desmoronamento das barrancas do Madeira.

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A cultura rondoniense é uma das mais diversas do Brasil que muitos mal informados ainda insistem em dizer que Rondônia não tem identidade cultural. “Avali” se tivesse!

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Por falar em diversidade, hoje a programação do Festcineamazônia está das melhores.

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No teatro Banzeiros, no terreiro, no bairro e nas escolas. É cinema pra tudo quanto é lado. É a cultura do audiovisual que também faz parte da cultura de Rondônia.

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Por falar em cultura. A prefeitura através da Iaripuna vai lançar mais um livro sobre o centenário da Madeira Mamoré. É cultura da facilidade!

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