domingo, 4 de novembro de 2012

FERNANDA KOPANAKIS FALA SOBRE O 10º FESTCINE




Fazendo cinema, fazendo o maior barulho

Nesta terça feira 06, começa a 10ª edição do Festcineamazônia, um evento que já ultrapassou as fronteiras das Américas e chegou a Europa, graças à visão empreendedora e porque não dizer aventureira, dos produtores Fernanda Kopanakis e Jurandir Costa. Apesar de estarem a dez anos na estrada, Fernanda e Jurandir ainda encontram dificuldades para produzir o festival. “Tá na hora de em Rondônia assumirem cultura como política de estado e não como política de gestão”. Este ano como aconteceu em anos anteriores, além dos filmes que estarão sendo exibidos, o festival vai contar com outras atividades como o show aula do compositor José Miguel Wisnik na abertura e o show com Eliakin Rufino de Roraima e do Princezitro que vem de Cabo Verde no encerramento, que vai acontecer sábado dia 10. Outra grande novidade do festival deste ano é a Mesa Redonda “É de poesia que o mundo precisa” que vai contar entre outras, com a presença do grande Thiago de Melo.
Não podemos nos esquecer de que graças ao esforço do Jurandir Costa o público vai assistir no dia 09, o filme “A Ferrovia do Diabo” que há 31 ha anos estava perdido. Fernanda Kopanakis explica na entrevista que segue que fazer cultura não é oba, oba, e que por isso, “A Natureza não Pode Sair de Cena”

ENTREVISTA

Zk – O que está programado para a 10ª edição do Festcineamazônia?
Fernanda Kopanakis – Será uma programação bem intensa que começa nesta terça feira dia 6, com a abertura que acontecerá no teatro Banzeiros com uma homenagem ao grande cartunista Ziraldo,
Zk – Ta confirmada à presença no Ziraldo na abertura do festival:
Fernanda Kopanakis – Pelo menos até sábado estava, acontece que ele não está muito bem de saúde. Estamos na expectativa. Inclusive foi ele quem fez o nosso cartaz este ano. Pela primeira vez ele teve contato com o Mapinguari.
Zk – Qual será a programação da abertura além da homenagem ao Ziraldo?
Fernanda Kopanakis – Vamos ter a exibição de três filmes convidados muito interessantes, um deles é fruto da oficina que foi feita durante o festival do ano passado que foi aplicada para cegos. “Um outro Olhar” que é uma produção da Mirian Cris.

Zk – Tem um filme convidado que será exibido na noite da abertura, que com certeza vai chamar muita a atenção do público. Quer dizer alguma coisa a respeito dessa produção?
Fernanda Kopanakis – Esse filme é um trabalho do Sergio Carvalho que é uma animação a partir da experiência dos índios no Acre com a Ayuaska é um trabalho que esta sendo exibido dentro das perspectivas dos festivais de cinema pela primeira vez, ele só exibiu na comunidade indígena.
Zk – Observamos que a produção do festival está chamando atenção do público para um filme que conta a história da EFMM e que estava vamos dizer assim, perdido. Como foi o resgate desse documentário?
Fernanda Kopanakis – Realmente esse filme é da maior importância para a memória do povo de Porto Velho. “A Ferrovia do Diabo”. O Jurandir Costa se empenhou para fazer o resgate desse filme, que foi filmado ha 31 anos, ele contou com a parceria da Cinemateca Brasileira, do IPHAN e do Festcineamazônia além do próprio diretor João Batista de Andrade.

Zk – Essa é a abertura cinematográfica e o show musical da abertura vai ser com quem?
Fernanda Kopanakis – O show não será um simples show musical, será na realidade uma aula show, com o grande José Miguel Wisnik, magnífico compositor e músico brasileiro e estudioso da literatura brasileira. A mais de quatro anos a gente tentava traze-lo, mas nunca tinha dado certo.
Zk - Outra grande expectativa do público é quanto à presença de uma atriz de Rondônia. Quem é ela?
Fernanda Kopanakis – Temos o maior orgulho de trazer a Cristina Lago que é uma atriz que sai aqui do interior de Rondônia de Ouro Preto D’Oeste, vai estudar teatro no Rio de Janeiro e faz participação em filmes muito premiados ao longo dos últimos anos. Ela é uma grande atriz, jovem bonita, talentosa. Ela vai estar em um dos filmes que concorre a Mostra Competitiva que é “O Casamento de Mário e Fia” uma história de amor e de extrema crueldade. Ela está super empolgada.  Estava pensando nisso, é um orgulho poder dar visibilidade a uma atriz rondoniense, mostrar o trabalho dela aqui. Cristina Lago vai estar na próxima minissérie da Globo.
Zk – Essa décima edição trás mais uma atração que é a Mesa Redonda “É de poesia que o mundo precisa”. Quem vai estar nessa mesa e quem pode participar?
Fernanda Kopanakis – Essa mesa vai acontecer na sexta feira dia 9 pela manhã e será sobre poesia. A gente precisa de muita poesia no mundo pra conseguir sobreviver a tanta contradição e a tanta dureza. Vão estar na mesa à poetisa Alice Ruiz, o poeta Thiago de Melo, o Princezito que é um músico cabo-verdiano, que inclusive vai fazer um show com o Eliakin Rufino no sábado. Vai estar também o Marcos Quinan que é escritor e tem uma produção muito interessante em Belém – PA. O mediador será o nosso grande poeta, querido Carlos Moreira
Zk – Tem uma novidade este ano em relação ao samba. Quer falar sobre essa brilhante sacada?
Fernanda Kopanakis – Esse ano a gente vai seguir com a programação, ou seja, além da Mostra Competitiva no Banzeiros, e as oficinas, temos a escola vai ao cinema, cinema no terreiro, cinema no circo, cinema no bairro e pela primeira vez vamos fazer “Cinema e Samba”.

Zk - Como surgiu essa idéia?
Fernanda Kopanakis – Cinema e Samba é a interação entre a música, o samba especialmente e o cinema, tenho visto muito trabalho interessante no cinema sobre o samba e aí numa conversa, na verdade no aniversário do Bado escutando música, conversando com o pessoal do Asfaltão surgiu a idéia da gente levar o cinema pra dentro da escola de samba.

Zk – Quando vai acontecer essa programação?
Fernanda Kopanakis – Sexta feira dia 9, vamos exibir o filme “Cartola” a partir das 20h00, na Tenda do Tigre que é a escola de samba Asfaltão e logo depois da exibição do filme acontece na roda de samba.
Zk – Quantas oficinas serão ministradas?
Fernanda Kopanakis – São duas oficinas, uma com a Karla Martins “Contar Histórias pra Que”, que é uma oficina de contação de histórias. A partir de uma oficina como esta poder estar pensando em roteiro de cinema. O cinema é uma contação de história. As histórias do cotidiano são grandes histórias, mas, tem que saber contar, por isso estamos trazendo a Karla Martins que é atriz do vizinho estado do Acre e já trabalha há muitos anos como contadora de histórias.
Zk – E a outra oficina?
Fernanda Kopanakis – Essa é mais voltada para atores e atrizes de Porto Velho. “Técnicas de desenvolvimento de expressão do ator”, que será ministrada pelo Sotiris Karamesinis que é um grande diretor do teatro grego. Ele faz um trabalho muito interessante e está a um ano no Brasil (Rio de Janeiro), onde faz um trabalho muito bacana com o pessoal do morro.
Zk – Por falar nisso como está a produção rondoniense?
Fernanda Kopanakis – Acho que a produção rondoniense passa por um processo que envolve o olhar do apuramento do olhar pro cinema. Uma das funções do próprio festival é essa, formar um olhar, não só das produções rondonienses mas, pra quem também ainda não produz. Posso dizer que tem muita coisa bacana, a seleção não foi fácil de ser feita, os jurados tiveram dificuldade muito profunda, porque tinha muita coisa boa.
Zk – Nesse momento o Jurandir Costa intervém e fala a respeito da participação do estado na produção audiovisual:
Jurandir Costa - Não adianta só o festival fazer oficinas. O estado precisa entender que o audiovisual é muito interessante. É preciso fomentar isso, é necessário desenvolver uma política cultural que atenda isso.
Fernanda Kopanakis – Eu tenho acompanhado alguns números do Ministério da Cultura, algo que acabou me interessando bastante, com relação à região norte e obviamente ao que diz respeito a Porto Velho na questão do audiovisual e lamento muito que é o número de projetos inscritos, diminuiu muito. Diminuiu porque fazer produção no cinema é um desafio sem precedente. Comentei com o Jurandir, isso me causa um certo desconforto, porque quando a gente vai ver os números de incentivo a cultura na região norte eles são assustadores. Noventa por cento dos incentivos estão no Rio de Janeiro e São Paulo. Tá na hora de em Rondônia assumirem cultura como política de estado e não como política de gestão.


Zk – A que você atribui essa falta de projetos da região norte?
Fernanda Kopanakis – Primeiro, a falta das gestões tanto do município quanto do estado e aí toco numa questão, que é a questão do gerenciamento de projetos. Gerenciar um projeto como o Festcineamazônia não é algo que a gente faz brincando, o festival acontece a partir da terça feira, mas, a gente está trabalhando o ano inteirinho pra que ele aconteça. Quando ele encerrar no sábado a noite, na segunda feira a gente continua trabalhando porque tem uma gestão administrativa, tem uma gestão financeira pra ser feita, tem a questão de dar retorno ao Ministério da Cultura, para o patrocinador que não é fácil ser feita. Até a forma de construir o próprio projeto, não é algo fácil. Um dos papéis do município e do estado é ter a condição pra que os produtores e os artistas em geral, tenham esta sustentação de projeto. Que tenha dentro da secretaria um setor que dê esse suporte a essas pessoas.

Zk – Quanto à captação de recursos?
Fernanda Kopanakis – Ano passado nós concorremos ao Edital da Oi Futuro. Dos mais de mil projetos do Brasil inteiro foram selecionados 93, sendo que dois era da região amazônica e um deles era o nosso, o outro era um projeto do Acre e aí não conseguimos viabilizar a contratação que era a itinerância, por um motivo muito simples:

Zk – Qual foi esse motivo?
Fernanda Kopanakis – Não temos Lei de Incentivo a Cultura nem no município e nem no estado.

Zk – Para encerrar. Tem mais alguma coisa que você queira divulgar?
Fernanda Kopanakis – Um dos nossos homenageados além do Ziraldo, é o Aurélio Michiles um grande cineasta do Brasil que na verdade é manauara. Vamos exibir onze trabalhos dele. Devo salientar que abrimos mais uma sala que é uma parceira com a UNIR, vamos exibir alguns filmes do Michiles no Centro de Vivencia Paulo Freire. Chamo a atenção para o filme “Árvore da Vida” que fala inclusive sobre a Madeira Mamoré.

Zk – Para encerrar?
Fernanda Kopanakis – Gostaria de lembrar a quem interessar possa: Cultura não é Oba, Oba!
   

Nenhum comentário: