terça-feira, 6 de novembro de 2012

ASFALTÃO - O SAMBA EM MEIO A GUERRA FRIA (I-II)


Por: Altair Santos (Tatá)

Amigo leitor: pense num clima de acirrada disputa é esse que envolve a escolha do samba da Escola Asfaltão! Há dois meses o tempo fechou, embaçou de vez, após a diretoria haver divulgado a sinopse do enredo aos seus muitos compositores. Desde então o que se vê é uma frenética movimentação ornada por blá blá blá, ti ti ti e disse me disse. É parceria pra cá e pra lá, é um tal de falar baixinho e pisar macio, olhar de banda, ou seja, é uma crescente guerra de nervos onde impera a investigação, a abelhudice, a espionagem, a xeretagem, os xavecos, os desafios e blefes, de parte a parte. Uns a todo o custo, tentam desestabilizar os concorrentes e, pelas vias do psicológico, se creditar de vantagens iniciais, afinal é disputa e, como tal, faz parte do jogo. Ancorados na experiência do amigo Zekatraca traçamos uma estratégia investigativa e saímos em busca dos acalorados fatos que emolduram a já aquecida e nervosa disputa. Na missão andamos lá pela região do Bairro Santa Bárbara e arrabaldes. Partimos do Bar do Calixto garimpando poucas e boas sobre a dita contenda. Passamos pela Tenda do Tigre, Varanda do Takanã, Bar do Antonio Chulé e rondamos na frente de algumas residências nas ruas Bolívia e Jaci Paraná, sem obter êxito nas investidas afinal, por ali, exceto nas sextas e sábados tudo está em visível calmaria, um silêncio sepulcral neste pós feriado de 2 de novembro. De certo a turma resolveu esconder o jogo. Sabe-se que muitos levantaram acampamento, sumiram da área, indo trabalhar suas composições e ensaios bem longe dos olhos e ouvidos dos curiosos e tagarelas que, por seu turno, estão ávidos pra saber como a escola vai pra avenida. Confessamos não ter sido fácil romper a cortina do silêncio e persuadir tigres e tigresas pra que dissessem algo sobre suas composições. Após semanas de muita busca e, quase vencidos pelo cansaço, veio uma luz. No último domingo, fomos ao Bairro COHAB - na residência do amigo Zigo pra comemorar o seu aniversário. Lá, num golpe de mestre, após um suculento rega bofe com muita birita e samba, conseguimos que alguns segredos fossem cervejadamente revelados. Dentre os presentes, representantes de quatro sambas concorrentes estiveram lá. De cara um clima perfeito para sondagens e descobertas. Inicialmente apenas as pastoras marcavam presença. Após a vasta comilança e desenfreada bebericagem, já se via por lá o Trio de Ouro, leia-se Zé Baixinho, Oscar Knightz e Bainha, além do Danilo e seus parceiros do Grupo Fina Batucada e o Misteira, que neste ano fechou potencializada parceria com Mávilo Melo e Fernando Chapéu pra entrar na briga. Na festa, todos se comediam em gestos, economizavam palavras, se limitavam a pequenas e leves insinuações, em forma de doces e suaves alfinetadas pra ver se alguém escorregava e entregava o jogo cantando - ou falando que fosse - ao menos uma frase de seus sambas. Ocorre, porém, amigo leitor, que a certa altura, nos acréscimos do jogo, quando ninguém mais esperava veio a boa! Os ânimos se exaltaram, começaram os desafios em todas as direções. E aí foi o maior trololó. Pastoras desafiavam o Trio de Ouro e num ataque súbito, quase despem o mestre Oscar knigthz de suas vestes, numa revista pra lá de detalhada pelos bolsos da calça do negão, em busca da letra do samba.

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