terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Lenha na Fogueira - 21.01.15


Dona Marise resolveu não colocar a escola de samba Pobres do Caiari na avenida, no carnaval de 1973, para segundo ela, promover uma mudança radical no modo de se produzir desfile de escola de samba em Porto Velho.

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No final do mês de fevereiro daquele ano, embarcou rumo ao Rio de Janeiro com o objetivo de falar com o Presidente de Honra da escola de samba Portela o famoso Natal! O carnaval daquele ano aconteceu o mês de março.

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Marise apreciava o desfile da Portela imprensada na grade que separava o povo, da passarela do samba, montada na Candelária e quando o Presidente Natal em sua cadeira de roda chegou perto, ela pulou pra dentro da avenida e não teve segurança que a detivesse, e junto do Natal se identificou como carnavalesca da escola de samba Pobres do Caiari de Porto Velho Rondônia e que gostaria muito que a Portela fosse a Madrinha de sua agremiação.

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Natal olhou praquela senhora baixinha, porém decidida e corajosa, que havia enfrentado os seguranças da avenida e marcou uma reunião que aconteceu na sede da sua escola Portela.

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Já na recém inaugurada (1972) sede da escola “Portelão”, da rua Clara Nunes 81, Natalino (Natal) recebeu a carnavalescas rondoniense e depois de ouvir seus argumentos, concordou que a Portela fosse a Madrinha da Escola de Samba Pobres do Caiari.

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Para confirmar o batismo, Natal presenteou dona Marise com a Cartola, Batuta e a Bandeira na época os brasões da escola, além de uma miniatura da famosa Águia.

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Com a oficialização da Portela como Madrinha da Pobres do Caiari, o que lhe dava o direito de adotar oficialmente as cores azul e branca, dona Marise deixou o Rio de Janeiro para cumprir a outra parte da pauta da sua viagem.

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Foi direto pra Salvador (BA), onde passou a pesquisar os costumes, lendas e o sincretismo baiano. Foram semanas e semanas dentro das bibliotecas e livrarias adquirindo tudo quanto era livro que falasse sobre o folclore baiano.

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Ao retornar a Porto Velho, trouxe também modelos de indumentárias com a intenção de transformá-las em fantasias, que seriam usadas pelas alas da Caiari no carnaval de 1974.

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Livros e cantos sobre o maculelê, capoeira, cacetinho, candomblé e outras danças, inclusive com descrição pormenorizada das coreografias.

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Já em Porto Velho a professora carnavalesca, reuniu a diretoria da escola e comunicou que a “Escolinha” tinha como madrinha a partir daquele dia, a grande escola do Rio de Janeiro Portela e apresentou os símbolos que lhes foram passados pelo Mestre Natal.

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Poucos foram os presentes que não esboçaram lágrimas de emoção. Apesar da escola já vir usando o azul e branco desde o carnaval de 1970, só a partir do batismo da Portela foi que essas cores passaram a ser oficial da escola.
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Daí pra frente, a moçada do bairro Caiari só se referia à escola de samba como: “A representante oficial da Portela na Amazônia”.

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Depois de passada a euforia, lá pelo mês de julho, mais uma vez dona Marise reuniu a diretoria para anunciar o enredo para o carnaval de 1974.

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“Vamos nos reportar no próximo carnaval sobre o folclore, as crenças e as danças da Bahia”.

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O nome do Tema será “Odoiá Bahia” que quer dizer, Salve a Bahia!

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Pegou os livros que havia trazido e me entregou dizendo, leia, pesquise e faça o samba sobre o que você entender da leitura desses livros.

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Por isso, só vou contar a história de como nasceu o samba “Odoiá Bahia”  minha primeira parceria com o Bainha na edição de amanhã!

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