quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Cacá Carvalho o Mapinguari do Festcineamazonia


O ator paraense Cacá Carvalho foi a grande atração da abertura da 12ª edição do Festcineamazônia na noite da última terça feira 04, no Teatro Banzeiros em Porto Velho.
Cacá surpreendeu inclusive os organizadores do evento ao abrir a cerimônia soltando o “Grito do Mapinguari”, num gesto que “acordou” a platéia que lotou o teatro. No meio do discurso de abertura do festival, o ator que atualmente participada de um Projeto Cultural na Itália chegou a se emocionar, ao lembrar que no seu estado natal o Pará, não existe um festival de cinema “Como esse de vocês”. A cada parágrafo do texto muito bem escrito pelo jornalista Ismael Machado Cacá abria os pulmões, soltando mais um grito do “Mapinguari” e o ambiente estrondava com os aplausos. “Que País é Este?” pergunta o autor em cada inicio de parágrafo. Vejam o texto na íntegra:



Texto de abertura do 12° Festcineamazonia

por Ismael Machado.

Na metade dos anos 80, um jovem compositor, morto ainda jovem, questionava, perplexo: que país é este? O grito, a pergunta, o espanto, ecoaram como um chamado à razão a uma nação que se equilibrava em uma democracia criança.
A pergunta ainda se faz necessária. Que país é este?
Nas ruas, jovens pedem a volta de uma ditadura que desapareceu com centenas de pessoas ao longo de duas décadas.
A imprensa estimula um golpe, enquanto nordestinos são considerados sub-raças por pessoas que deles sempre dependeram. Negros e homossexuais continuam a ser perseguidos em um nível de intolerância que chega à barbárie. Solidariedade se torna artigo de luxo, algo cada vez mais esquecido na retórica do salve-se quem puder.
Que país é este que estamos vivendo?
Caminhamos a passos surdos a um fundamentalismo religioso que busca dominar corpos e mentes e, em ações que lembram a Alemanha nazista, convocam a segregações.
Outro compositor, também morto ainda jovem clamava: Brasil, mostra tua cara! Profeticamente esse jovem poeta desmascarava o que teimávamos em esconder sob o véu de uma suposta cordialidade racial e de classes. Benditos os artistas e criadores que conseguem superar o véu de obscurantismo de uma sociedade e como xamãs percebem o que se esconde por trás de cada olhar.
O Brasil que tem mostrado a cara é um país que não respeita o legado que pretende deixar às novas gerações. É um país que mais uma vez tenta sugar da Amazônia tudo o que ela pode oferecer. Mas é uma generosidade de mão única. Nosso egoísmo consumista tem nos deixado cegos. E secos. Tão vazios como os reservatórios de água que nos alertam mais uma vez: cuidado com o que estamos construindo!
Enquanto homossexuais continuam a ser assassinados, mulheres têm os corpos privados da opção de escolha, torcidas uniformizadas transformam estádios de futebol em campos de batalha, brasileiros são discriminados por conta de suas origens geográficas, pessoas vendem consciências em troca de cargos e posições, nós, do Festcineamazônia, brasileiros panamazônicos, com pensamento globalizado na solidariedade e nos direitos humanos, ecoamos a pergunta: que país é este?

Hoje tem cinema na Taba do Cacique


Na programação da 12ª edição, o festival traz para o público “As Batidas do Samba”, de Bebeto Arantes, que será exibido nesta quinta feira dia 6, às 20h, na Taba do Cacique - Rua Pinheiro Machado esq. com Marechal Deodoro. A programação promete! E quem não gostar, é ruim da cabeça ou doente do pé!
O filme mostra a evolução e as grandes revoluções rítmicas do ritmo na cidade do Rio de Janeiro, tomando como base os instrumentos de percussão. Essencialmente musical, o filme é conduzido pelo percussionista e sambista, que participa de rodas de samba com grandes nomes do samba carioca, como Monarco, Wilson das Neves, Moacyr Luz, Paulão Sete Cordas e a turma do Fundo de Quintal
A noite promete mais. Além da sessão pipoca, haverá participação especial do grupo Fina Flor do Samba. Comandada pelo compositor e cantor Ernesto Melo, o grupo reúne os mais expressivos nomes do samba de Porto Velho.

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