quinta-feira, 31 de maio de 2012

JOÃO PORFÍRIO - POPÓ SOBRE O EDITAL DA VALE


João Porfírio – Popó sobre o edital da Vale

 
No intervalo para o almoço, batemos um papo a respeito do fórum e do edital da Vale, com o presidente da Fundação Cultural de Macapá, João Porfírio o Popó principalmente sobre sua opinião a respeito da concorrência entre os órgãos públicos e a sociedade civil organizada no Edital da Vale.

ENTREVISTA

Zk – Qual é o problema desse Edital da Vale
Popó – O grande problema desse edital é ele ser discutido com a sociedade civil organizada, não só com o poder público. A sociedade civil organizada precisa se aponderar desse instrumento que é dela. A Lei Rouanet a ser discutida não é para empoderar o poder público e sim para empoderar a sociedade civil organizada como a grande fazedora. Esse é o grande empecilho.

Zk – Por que você considera isso como empecilho?
Popó – Tem gestor que acha que esse dinheiro tem que cair na pasta dele, para que possam reforçar o orçamento deles, essa é minha linha de raciocínio. Eu penso diferente e olha que sou gestor.
Zk – Como gestor você atua em qual órgão?
Popó – Sou Presidente de uma Fundação Cultural de capital. Sou presidente de uma instituição que está entre as 28 mais importantes de todo o Brasil que é a Fundação Cultural de Macapá (AP). Sou signatário da Conferencia Nacional de Cultura. A Conferencia Nacional diz que o poder público não é fazedor de cultura, ele é fomentador. E o poder público, ao longo dos anos, com a mão pesada dele que é a mão covarde, sempre oprimiu a sociedade civil organizada. Quando ele oprime a sociedade civil organizada, oprime a produção. É por isso que a produção no Norte do Brasil é tímida, é por isso que nós não conseguimos nos encontrar.
Zk – Vamos exemplificar esse não conseguimos nos encontrar?
Popó – Vamos ver! Um artista de Rondônia não vai pro Amapá fazer apresentação, seja teatro, dança, música. Vai uma vez na vida outra na morte. Aí o Zé Miguel (artista amapaense) faz isso. Por que? Porque ele usa a diária do poder público, usa a passagem do poder público, usa hotel do poder público porque ele é gestor (Zé Miguel é secretário de Cultura do estado do Amapá), o que ele tinha que fazer, era trazer outros cantores com ele, outros produtores. Por isso temos que fazer uma política de circulação nesse país, em especial na região Norte do Brasil.
Zk – Quanto ao custo Amazônico tema que sempre está em discussão nos seminários e fóruns de cultura regionais?
Popó – Não tem definição de custo Amazônico hoje. Custo Amazônico pode ser distância e pode não ser. A Fundação Getulio Vargas não conseguiu ainda fechar esse conceito, são experiências, experiências e experiências, a certeza que nós temos, é que comprar um refletor em Rondônia é mais caro que comprar um refletor em São Paulo. Fazer uma circulação de produção aqui em Rondônia, é mais caro que fazer uma circulação em São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília que são cidades próximas e as estradas são asfaltadas. Enfim, o custo Amazônico passa por várias vertentes, nosso problema é territorial, as nossas cidades são distantes uma das outras, nossos estados são distantes, uns dos outros. Pra eu fazer uma produção do Amapá aqui Rondônia, Manaus, Roraima e Acre é mais cara do que ir pro exterior. As passagens são mais caras pra cá do que pra lá.

Zk – Na sua visão, o que pode ser decidido nesse fórum?
Popó – Primeiramente temos que pensar na produção brasileira, nas políticas públicas, temos que pensar o estado como executor dessa política pública. O estado se colocar no seu lugar. Quando falo estado estou me referindo a município, estado e união que têm que se colocar como fomentador e não como realizador.

Zk – Quais as conseqüências dessa maneira de agir do poder público?
Popó – Na hora que o estado começa a concorrer com a classe produtora aí vem a deslealdade. Meu amigo! Quem que está na ponta dos cargos hoje, das fundações, secretarias de estado e municipais de cultura. Tudo indicação política do prefeito do governador, do vereador ou do deputado. Esse povo vai defender os interesses de quem, da classe produtora ou do político que o indicou? Me responda! É claro que é de quem o indicou.

Zk – E o que se deve fazer para amenizar essa deslealdade?
Popó – Nós temos que estar aqui, pensando em política pública. Temos que ter o meio termo como gestor, nos comportando no nosso lugar. Vamos fazer política pública, vamos ouvir a sociedade civil organizada. Já tem parâmetros pra isso que foram as conferencias municipais, estaduais, os conselhos enfim, essa ferramenta do sistema tem que ser apoderável meu amigo. Agora eles não querem implementar isso e vêm pra mesa de debate, defender o que é de interesse da gestão deles e não da classe produtora.
Zk – Para encerrar. Qual tua área na cultura?
Popó – É o teatro! Sou diretor de teatro.


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