sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Na manhã de ontem, meu amigo compositor Erivaldo Melo conhecido no mundo artístico musical como BADO, ligou querendo saber sobre a história do samba em Porto Velho.
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Acontece que ele vai fazer uma série de palestras nos colégios municipais e estaduais sobre “A Música em Porto Velho”. Leia-se música autoral em seus vários segmentos.
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Pra quem não sabe, Bado é um estudioso da música inclusive é bacharel. A dúvida do professor era sobre o primeiro samba composto em Porto Velho.
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Expliquei que o primeiro samba composto por músico de Porto Velho é o famoso “Triângulo” que foi feito pelo músico João Henrique conhecido como Manga Rosa, lá no início da década de 1950.
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Vale lembrar que a primeira escola de samba a desfilar no carnaval de Porto Velho foi criada pelo Eliezer dos Santos o Bola 7, no ano de 1946. A história do carnaval de rua de Porto Velho tem registros inclusive com fotografias antes de 1920. Eram os chamados “Corsos”, quando os foliões desfilavam apenas em carros.
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A escola de Samba “Deixa Falar” fundada pelo Bola 7 e outros sambistas como Antônio Coxó, Severino Porteiro, Pelado e tantos outros, era composta apenas por foliões do sexo masculino. Todos seus integrantes faziam pate da “Batucada”, Bola 7 ia a frente como se fosse o Baliza portando uma Maromba (espécie de pedaço de pau no formato de um bastão de beisebol). Não cantavam e nem usavam instrumentos de sobro. Desfilava apenas batucando.
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A Escola de Samba “O Triângulo Não Morreu” surge também no início da década de 1950 o que levou muita gente a pensar que o samba “Triângulo” composto pelo Manga Rosa era o hino da escola.


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Manga Rosa antes de morrer, me disse que seu samba não tinha nada a ver com a escola de samba. “Triângulo” foi feito para homenagear os boêmios que frequentavam a casa da dona Abgail esposa do sertanista Francisco Meirelles que ficava no pé do Morro do Triângulo. O nome dos boêmios consta da letra do samba. Black, Angail, Chico Moreira, Manga Rosa, Nego Mário, Aldenor e Waldemar.
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Na minha conversa com o Bado até comparei dona Abgail com a Tia Ciata negra que veio da Bahia para o Rio de Janeiro e em cuja casa, se reuniam os boêmios da época. Foi na casa da Tia Ciata que foi composto o primeiro samba gravado no Brasil “Pelo Telefone” em 1916.
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Depois do samba “Triângulo” de autoria do Manga Rosa, pelo que me consta, o segundo samba de autoria de um sambista de Porto Velho tem minha assinatura “Rondônia Futuro do Brasil” composto em parceria como o José Carlos Lobo em 1966 para o carnaval de 1967. Depois compus o samba enredo “Sinha Moça e a Abolição” para o desfile da escola de samba Pobres do Caiari no carnaval de 1970.
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Meu amigo e parceiro Bainha diz que muito antes da Caiari apresentar samba enredo, ele já compunha samba enredo para a Diplomatas. Só que minhas pesquisas dizem, que o primeiro samba enredo da escola de samba Os Diplomatas foi realmente composto pelo Bainha só que para o carnaval de 1971.
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Quem quiser saber realmente sobre essa história, tem que pesquisar no Jornal O Alto Madeira que para o ano completa 100 anos. Ali se você procurar nos anos antes de 1970, vai ver que não consta nenhum registro (noticia) de que uma escola de samba de Porto Velho desfilou cantando samba enredo da lavra de seus compositores. A gente desfilava cantando samba das escolas do Rio de Janeiro.
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A escola de samba “O Triângulo Não Morreu” que surgiu antes da Diplomatas, desfilava cantando o samba do Jackson do Pandeiro “Vou Gargalhar”: “Quem disse que a escola não sai, não tem cabeça pra pensar. A escola vai sair, e o povo da vila (eles diziam Morro) vai samba, vou gargalhar quá quá quá quá...”

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