sábado, 23 de setembro de 2017

ENTREVISTA - WALTER SANTOS BARBOSA

          O ícone do esporte de Rondônia


Aos 77 anos de idade, Walter Santos Barbosa pode até não ter mais a vitalidade daquele adolescente, que por iniciativa de seus irmão Elizeu e Chico Santos (dois craques da bola), começou jogando futebol nos campos de várzea de Manaus e foi levado pelo técnico Lupércio para o Nacional, mais continua com o mesmo vigor, a defender os desportos em Rondônia. Walter pode ser chamado de atleta quase completo, pois atuou, além de jogador de futebol como jogador de basquete e vôlei. “Aliás, fui presidente da Federação de Vôlei”.
Na posição de quarto zagueiro é considerado o craque dos craques, participou como titular da excursão do Bahia por Rondônia, Acre e Amazonas, foi destaque na equipe do Moto Clube que jogou no Maracanã contra a seleção da Petrobrás. Foi selecionado pelo Comitê da Copa do Mundo de 2014 para ser homenageado em Porto Velho quando da passagem da Taça da FIFA. Se formos falar dos feitos de Walter Santos, não vai sobrar espaço para a entrevista que segue. Walter Santos o ícone dos ícones dos desportos em Rondônia.

ENTREVISTA


Zk – Sua identificação, por favor?
Walter Santos – Sou Walter Santos Barbosa nascido na cidade de Manaus no dia 14 de abril de 1940. Em Manaus com muita força de dois irmãos, Elizeu e Chico Santos culpados da minha iniciação no esporte, principalmente no futebol, porque a mamãe era daquelas mães que olhavam o esporte como uma coisa negativa. Como apareci bem jogando bola pelas várzeas de Manaus, consegui, inclusive olhado pelo Lupércio que era técnico do Nacional e me levou. E por uma força determinada dos dois irmãos, comecei brincar no juvenil do Nacional. Aos 16 anos minha mãe morre. O Chico Santos estava em Roraima e me chamou pra lá.
Zk – Em Roraima foi jogar em qual time?
Walter Santos – Fui jogar no Baré Esporte Clube onde fui tetra campeão na minha faixa etária.
Zk – E Porto Velho?
Walter Santos – De Roraima viemos para Porto Velho, já que o Chico Santos veio pra cá e ele era como se fosse meu pai, meu irmão mais velho. Legal foi a recepção que aprontaram pra mim na chegada.
Zk – Como foi?
Walter Santos – Acontece que vim com um pouquinho de fama como jogador de futebol, já tinha o talento. Quando o navio atracou no porto do Rio Madeira me disseram que duas pessoas estavam me esperando, uma pela parte do Vasco o Fera e a outra pela parte do Botafogo o Abelardo Castro. O Vasco que tinha como presidente o seu Anísio Feitosa que era também superintendente do Serviço de Navegação da Amazônia e Administração dos Portos do Para – SNAAPP.
Zk – Qual foi à proposta de cada um?
Walter Santos – O Abelardo disse que eu tinha que ficar no Botafogo porque eles iriam patrocinar meus estudos e além de que, o Botafogo era formado por uma moçada mais jovem que tinha a tudo a ver comigo e tal... Enquanto isso o Vasco da Gama me ofereceu emprego. Foram à noite na casa do Chico Santos que ficava no bairro Caiari e disseram, “Se você aceitar nossa proposta, amanhã já pode ir trabalhar na SNAAPP que naquele tempo já era ENASA. Aconselhado pelo Chico Santos aceitei a proposta do Vasco da Gama isso foi no ano de 1959.
Zk - Depois do Vasco?
Walter Santos – Joguei o campeonato daquele ano pelo Vasco e ficamos em quarto lugar. Antes de terminar o ano o Capitão Nascimento me chamou para o Ferroviário, daí pra frente foi só abraço.
Zk – Você na realidade foi um desportista quase completo, pois atuou como jogador e dirigente em várias modalidades. Fala sobre essa sede esportiva?
Walter Santos – Acho que essa história é aquela: Tu nasce com um pouquinho de talento esportivo e se tu tem esse talento tem que mostrar, como aqui em Porto Velho naquele tempo não tínhamos muita coisa pra fazer a não ser jogar bola, como era meu caso, tinha que praticar tudo, Basquete, Vôlei, Futsal e Futebol e graças da Deus fui campeão em todas as modalidades. Podemos dizer que naquela época nós também carregamos os esportes na costa, a gente já era radialista do Departamento de Esportes da Rádio Caiari, os professores de educação física aqui não davam muita bola pra isso, mais eu dei, juntamente com o Ribamar e João Dalmo correndo atrás de realizar os campeonatos. Eu carregava a bola de basquete, de futebol, handebol e voleibol era assim meu amigo.
Zk – Como surgiu o rádio na tua vida?
Walter Santos – Essa história é muito interessante. Desde criança, eu entrava no banheiro de casa e ficava narrando um jogo principalmente do Flamengo a moçada e principalmente minha família me chamava de doido. Aqui tinha a Rádio Difusora do Guaporé com Milton Alves e Osíris Lobo transmitindo os jogos e eu fui chegando e acabei engrenando puxando fio pra eles, na proporção que puxava os fios, começa a falar ao microfone e ai foi encaixando as coisas até que passei pra Rádio Caiari e aí sim como narrador e comentarista, o certo é que rodei todas as rádios de Porto Velho. Foram 30 anos de Caiari.
Zk – Como era ser radialista esportivo naquele tempo?
Walter Santos – A gente tinha que carregar aquelas maletinhas nas costas para fazer as transmissões, pra onde a gente ia, levava a maletinha. Pra onde o Voleibol ia, já que cheguei a ser presidente da Federação de Vôlei eu levava o equipamento. Assim transmitimos jogos de Florianópolis, São Luiz (MA), Interior de São Paulo a gente chegava e ligava o equipamento e mandava via Embratel pra cá, assim acontecia com as demais modalidades, principalmente o futebol.
Zk – Como foi a história de jogar no Bahia?
Walter Santos – O Bahia veio jogar aqui em 1965 e eu tive o prazer de anular o que eles tinham de mais importante, que era o ataque, como quarto zagueiro e os caras ficaram impressionados, o quarto zagueiro deles chamado Ivan Carioca se machucou e eles tinham que fazer cinco partidas no Acre, foram a minha casa e eu perdi permissão a minha mulher. Resultado foi que embarquei com eles. No Acre fui muito aplaudido porque a moçada já minha conhecia daqui, jogamos mais cinco partidas aqui em Porto Velho e fui até Manaus, mas, a família pesou mais e eu retornei. O Baba um dos craques do Bahia dizia; “Vamos com a gente Porto Velho, tu tem futuro. Se não der certo tu volta” Optei por volta pra cá.
Zk – Daquela época você tem alguma seleção?
Walter Santos – Tenho uma seleção cravada: Sergio (goleiro), Faz tudo (lateral), Fio, Walter Santos e Bezerra, meio de campo Alcimar e Meireles no ataque Soares, Bacu, Edu e Bacurau. Esses sabiam jogar futebol, segundo comentários, olha só, a boçalidade aqui, dizem que só tinham dois craques: Walter Santos e Bacu. 
Zk – Como foi que o Moto Clube conseguiu jogar no Maracanã?
Walter Santos – A família Melo da Rocha em especial o Rochilmer comprou meu passe. Naquele tempo apesar de sermos considerados amadores, a gente ganhava muito mais que os profissionais de hoje, pois os dirigentes conseguiam bons empregos, além de um salariozinho como jogador ainda tinha os bichos por vitória. A família Rocha tinha uma amizade muito grande com o Dr. Silvio Coelho que foi o empresário que construiu o primeiro prédio com mais de três andares em Porto Velho o edifício Rio Madeira ali no centro e o Dr. Silvio era participante da diretoria não lembro, se do Flamengo ou Botafogo do Rio de Janeiro e se comprometeu a tentar uma partida do Moto Clube no Maracanã e deu certo.
Zk – Quando foi isso?
Walter Santos – 1969 embarcamos na VASP que passava quase 24 horas pra chegar ao Rio. No dia 21 de agosto daquele ano, estávamos la dentro do Maracanã onde ficamos por quatro dias, para enfrentar a equipe da seleção da Petrobrás, um jogão de bola, na preliminar de Brasil e Colômbia 6 X 2. Legal foi que ficamos no mesmo vestiário da Seleção Brasileira e tivemos a oportunidade de bater papo com Pelé, Gerson, Rivelino, Tostão, Clodoaldo, já pensou, a gente tremia de emoção. Fomos pro jogo, 144 mil pessoas no Maracanã e a Petrobras empatou com a gente 3 x 3.
ZK – Há quem diga que a implantação do profissionalismo prejudicou o futebol em Porto Velho. Qual sua analise a esse respeito?
Walter Santos – É bobeira! Muita gente fala isso, por uma situação administrativa, agora dizer que o profissional atrapalhou o amador ou vice versa é demais. O profissional tinha que acontecer. O que atrapalhou foi que quando entrou a Federação de Futebol de Rondônia ela pensou só no futebol e esqueceu o restante, antes era Federação de Desportos de Rondônia que tinha o Kakulakis, Nei Leal, Nogueira que era o presidente e eu já estava lá como dirigente. No caso do futebol profissional o que não teve foi estrutura. Quem passou do amador para o profissional naquele ano de 1990? Só o Ferroviário que no primeiro ano perdeu o título na decisão e desistiu. Depois o Flamengo com o Helio Silva e seu irmão e deu um pouquinho de continuação, to falando dos times antigos. Depois entrou Gênus, Cruzeiros e esses times todos.
Zk – Vamos falar sobre a família. Você é casado, sua esposa é daqui?
Walter Santos – Esse é outro lance importante. Se me perguntarem eu digo que sou rondoniense, embora na minha identidade conste nascido no Amazonas. Vim pra cá com 16/17 anos estou com 57 anos em Porto Velho. Minha esposa Maria Alencar Barbosa uma portovelhense loira muito bonita é daqui, são 56 anos de casado que coisa linda, Filhos e netos todos daqui.
Zk – Quais o melhores na quarta zaga do seu tempo?
Walter Santos – Isso aqui foi um celeiro de quartos zagueiros, só tem craque, exemplo: Walter Santos, Nequinho, Dedé, Toinho, Mundoca. Essa turma jogava com elegância. (NR – Todo mundo queria imitar o Walter na posição de quarto zagueiro nos times de Porto Velho).
Zk – Para encerrar. Como surgiu a idéia de prestar homenagem aos desportistas de Rondônia numa seção solene da ALE?
Walter Santos – A idéia pertence ao Waldemir Aguiar que é assessor do deputado Lazinho da Fetagro (PT), numa conversa ele me falou da idéia e pediu minha colaboração e eu respondi; Rapaz eu abraço, agora, é preciso alguém para nos ajudar. E ele disse que já tinha falado com o deputado Lazinho. Quando ele falou da Fetagro fiquei cabreiro, o cara é da agricultura, não tem nada a ver com esporte, mesmo assim fui conversar com o deputado e falei que só daria certo, se a homenagem fosse para todas as categorias e não apenas para o futebol, ele aceitou de imediato minha sugestão. Essa já é a segundo leva de homenageados. Na primeira fui homenageado como Radialista e Jogador de Futebol.
Zk – Como narrador, quais os jogos que marcaram sua carreira de radialista?
Walter Santos – Da seleção brasileira narramos uma partida em Uberlândia e outra em São Paulo eu e o Ribamar cada um pegando um tempo. Aqui dos nossos clubes, a Copa Brasil transmitimos todos, pois naquela época, aconteciam os jogos de ida e de volta independente do placar. Fomos ao Nordeste, Sul, Sudeste transmitindo os jogos dos nossos clubes. Transmitimos também a sub-vinte direto de São Paulo principalmente quando o time é de Porto Velho.
Zk – Copão da Amazônia?
Walter Santos – Já peguei o finalzinho do Copão, estava mais pro rádio. Ainda fui campeão do Copão como técnico do Ferroviário em 1980 jogando lá em Macapá.
Zk – Você jogou em quais times de futebol em Porto Velho?
Walter Santos – Joguei cinco meses no Vasco da Gama do Fera, Ferroviário durante 8 anos e Moto Clube durante dez anos.
Zk – Hoje?
Walter Santos – Tenho um Departamento de Esporte na minha mão na rádio Transamazônica 105.9 FM e para manter esse programa por tantos anos, é preciso ter credibilidade e essa credibilidade graças a Deus é dada por pessoas de alta capacidade na vida empresarial de Porto Velho. É como se você estivesse à beira do gramado, veja o jogo daí, curtindo essa entrevista feita pelo Zekatraca. É shooooooow!

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