sábado, 7 de abril de 2018

Zona Leste apresenta enredo para 2019


A diretoria da escola de samba Acadêmicos da Zona Leste, campeã do Grupo de Acesso no carnaval passado e que em conseqüência dessa vitória, irá desfilar pelo Grupo Especial no próximo ano, em reunião acontecida no sábado 31 de março, aprovou a sugestão dos diretores Antônio Neto e professor Uilian Nogueira sobre “O Povoamento Negro em Rondônia”.
Aprovado a sugestão a direção da escola na pessoa da presidente Anny Mamedes em comum acordo com Neto e Uilian convidaram o doutor Marcos Teixeira para desenvolver a sinopse com o seguinte título:

Os quatro eixos do povoamento negro em Rondônia (Marco Antônio Domingues Teixeira)

O Estado de Rondônia tem uma distante colonização indígena. Em tempos muito antigos, ainda durante o final  da última  Idade do Gelo povos paleoíndios se estabeleceram em Rondônia e fundaram grandes cacicados às margens dos rios de Rondônia, notadamente no eixo Madeira, Mamoré e Guaporé.
Nos séculos XV a XVIII os portugueses e espanhóis chegaram e dominaram todo o continente. As populações ameríndias foram dizimadas e as sobreviventes fugiram para as florestas de terra firme, longe dos invasores e, novos grupos humanos dominaram as várzeas e vale dos grandes rios. As drogas do sertão, a mineração do ouro, a agropecuária coloniais e a construção de Vila Bela e do Forte Príncipe da Beira  trouxeram para o Guaporé sacerdotes jesuítas, monges carmelitas, militares coloniais, engenheiros, fazendeiros, comerciantes e muitos, muitos escravos de origem africana para trabalhar em todos os tipos de serviços necessários.

TEREZA DE BENGUELA

Numa coisa negros e índios do Guaporé se aproximavam: o desejo de liberdade. Entre 1734 a 1795 floresceu nas matas do rio Galera, perto do Igarapé do Piolho o Quilombo do Quariterê, governado pela lendária rainha Tereza de Benguela, mulher de doze maridos. Seu quilombo abrangia uma grande extensão de povoados, vilarejos e casas isoladas. Entre elas existiam matas, florestas, ravinas, minerações, casa de ferreiro, criações de pasto, campos de cultivo, pântanos e rios. A vida do quilombo era próspera e os negros negociavam com colonos de origem espanhola, indígena e portuguesa. Por mais de meio século o quilombo viveu em paz e prosperou. Até que nos governos de Luís Pinto Souza Coutinho e João de Albuquerque de Mello Pereira e Cáceres, o quilombo foi repetidamente atacado, a rainha Tereza de Benguela foi presa capturada e suicidou-se e os remanescentes, após severos castigos físicos foram enviados para fundar um novo núcleo colonial, denominado Aldeia da Carlota.

QUILOMBOS DO GUAPORÉ

Os quilombolas do Guaporé mantiveram sua cultura específica, misturando tradições africanas com  outras de origem católica e portuguesas. Assimilaram também valores das culturas indígenas e asseguraram o povoamento brasileiro das distantes fronteiras do sudoeste amazônico.  Como maior legado, este primeiro grupo de colonizadores negros da Amazônia Rondoniense, deixou um grande festejo que até hoje se celebra no vale do Guaporé.

FESTA DO DIVINO

O festejo do Divino é a mais antiga tradição colonial, católica e negra de Rondônia. Inicia-se após a Páscoa e perdura até o festejo de pentecostes. É uma festa binacional, celebrada por todas as comunidades ribeirinhas dos rios Guaporé e Mamoré.

BARBADIANOS

O segundo segmento de moradores negros do estado de Rondônia é composto pelos descendentes de afro-caribenhos, vindos desde finais do século XIX e nas primeiras décadas do século XX para a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré/EFMM. Ficaram conhecidos localmente, em toda a Amazônia como Barbadianos e criaram outros núcleos importantes de povoamento na região, ainda no início do século XX.

SANTA BARBARA

Os tambores do Santa Bárbara ecoaram por décadas nas noites de Porto Velho. Seus sons retumbantes anunciavam o longo festejo da santa, que durava de 04 de dezembro a 20 de janeiro; chamavam à terra os Voduns, Orixás, Caboclos, Pombas Giras, Exus e Encantados. Anunciavam as horas de cura e tratamento aos mais pobres e as noites de alegria, dança e festa a toda a sociedade.
Dentre as mulheres negras notáveis desse período citamos três grandes mães de santo, todas tidas como feiticeiras e bruxas. A primeira foi a própria mãe Esperança Rita. A segunda foi  Zefa Cebola, acusada de bruxaria e processada pela justiça  de Porto Velho por volta  de 1916. Ela foi inocentada, mas sua vida foi marcada pela discriminação como bruxa e feiticeira. Ainda como grande feiticeira destacou-se outra negra, Mãe Chica Macaxeira, que fundou o terreiro de Samburucu, que  por fim foi destruído por ordem de um prefeito da capital nos anos 1970.
Samba de enredo

A direção da escola comunica aos compositores que um grande festa será realizada, inclusive com a presença de um sambista do Rio de Janeiro, quando fará oficialmente o lançamento do tema e a distribuição da sinopse aos compositores interessados.

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