sábado, 28 de abril de 2018

ENTREVISTA


 De boia fria no Paraná, a governador de Rondônia - A história de Daniel Pereira – II-III



SEGUNDO CAPÍTULO

Zk – Qual o critério que o senhor está usando para nomear sua equipe?
Daniel Pereira – A primeira coisa é que em alguns segmentos do governo nós não mexemos. Exemplo: Secretaria de Fazenda só trocamos porque o secretário Wagner vai participar do processo eleitoral, pegamos o Franco Meagaki Ono que era adjunto e o nomeamos secretário, pegamos outro técnico da Sefaz que foi secretário de Fazenda do município de Porto Velho e o nomeamos adjunto. Na secretaria de Planejamento ficaram o George e o Pimentel; a Superintendência de Licitações que é a parte nevrálgica do governo, não mexemos, na Controladoria do Estado não mexemos; a parte jurídica do governo também não mexemos; a saúde que demorou algum tempo para o governador Confúcio Moura acertar, o Pimentel saiu pra ser candidato e o Maiorkim que era o adjunto passou a ser o titular e a Socorro que era Diretora passou a Secretária;

Zk – E o caso da Seduc com o Valdo?
Daniel Pereira – O Valdo fez um excelente trabalho nesse último ano, tanto que em 2017, o estado de Rondônia funcionou como um relógio em termo de orçamento fechou sem nenhum tipo de sobressalto. Geralmente como a educação tem investimento mínimo obrigatório, o que acontece, quando chega dezembro, o cidadão começa fazer conta e descobre que não vai fechar e aí começa a fazer despesa desnecessária, principalmente cursos, o cara não aprende nada e só fica o vai e vem pra justificar despesa, ano passado isso não aconteceu e o estado de Rondônia gastou 26,02 em educação. O Valdo por motivo de saúde pediu exoneração.

Zk – Já tem o substituto?
Daniel Pereira – Temos, é a professora Angélica que era a diretora de ensino da Seduc há mais dez anos. É uma pessoa eminentemente técnica, não tem nenhum tipo de política partidária comigo e nem com partido nenhum, é uma indicação minha. Para adjunta trouxemos a professora Chaguinha minha amiga, tem uma ligação partidária comigo e a experiência de ter sido a Secretária Municipal de Educação e a Diretora de Ensino pra substituir a Angélica estamos trazendo a professora Elizabeth Matias de Siqueira. A Betinha nossa amiga de muito tempo, foi diretora do Colégio Jerônimo Santana em Cerejeiras, foi diretora do maior colégio de Vilhena que é o Alves de Azevedo e lá ganhou o prêmio como melhor diretora do estado de Rondônia e esse prêmio, foi uma viagem aos Estados Unidos.

Zk – Segurança?
Daniel Pereira – Mergulhei de forma profunda na questão de segurança pública. Desde 2015 que algo me dizia que a segurança pública seria o tema das eleições de 2018 e eu estava certo, veja bem, intervenção do Exército imposta pelo governo federal no Rio de Janeiro; o governo federal criou o Ministério da Segurança Pública. Em que pese o trabalho que o governador Confúcio Moura fez e aqui não vai nenhuma crítica, porque os estados do Norte e o Brasil todo, passam por problemas na segurança. Dessas experiências nossas, devo ter visitado pelo menos uns 15 estados. Já fui fazer palestras em São Paulo em três oportunidades, não é um paulista doutor em segurança pública que vem fazer palestra em Rondônia e sim, um rondoniense que vai falar em São Paulo. Quando se fala da PM de São Paulo, é a maior estrutura depois do exército brasileiro, é uma instituição com 90 mil pessoas, tive o prazer de levar uma soldada nosso, pra falar de um trabalho que implantamos aqui em Rondônia que é o Termo Circunstanciado de Ocorrência que é uma forma diferente de fazer segurança pública, a Polícia Militar nos chamados crimes de maior potencial ofensivo, em vez de levar pra delegacia, já leva direto pro juizado especial. Participei de vários eventos que me permitiu ver um pouquinho de segurança pública a nível internacional. Tenho uma ideia muito boa de como funciona a segurança pública em Portugal, Espanha, França, Colômbia, Chile. Isso de vários eventos que participamos e fomos colhendo algumas experiências e algumas ideias. Segurança pública se faz, investindo em segurança pública, mas, acima de tudo, se faz investindo na população. Nesse momento o estado de Rondônia é um dos primeiros, se não o único estado que adere a um programa da ONU que é o Selo UNICEF.

Zk – Fale sobre esse selo?
Daniel Pereira – É um projeto que atua na área de educação, saúde e assistência social; são onze indicadores e nós estamos criando mais quatro aqui do estado de Rondônia. Se você me perguntar: Qual o maior legado que eu quero deixar pro estado, não é o trabalho que fiz em segurança pública. Fiz como vice-governador e pretendo continuar fazendo como governador, que é cuidar das crianças. As crianças que estão agora em idade escolar, se eu garantir que elas não evadam da escola, que elas tenham um bom rendimento escolar e chegue ao segundo grau, eu já reduzi noventa por cento da possibilidade dela entrar no crime. Vamos fechar presídio o dia que abrirmos e qualificar nossas escolas. Vamos ter que encontrar o ponto de equilíbrio pra fazer essas duas coisas. Isso implica em trabalhar coletivamente com os municípios. O estado de Rondônia nesse quesito do selo UNICEF já teve um avanço muito grande, foi o melhor estado estatisticamente na última edição. Participaram 35 municípios e certificaram 18. Agora estamos participando com todos os municípios e vamos trabalhar para certificar todos. O estado não vai simplesmente ficar de longe olhando, nós vamos fazer juntos. Essa tarefa é muito importante para que a gente possa melhorar a qualidade de vida.

Zk – Exemplo?
Daniel Pereira – Temos que garantir que toda criança tenha direito a um registro civil; toda criança tem que estar na escola. Temos que cuidar da saúde dessas crianças com relação à obesidade, desnutrição, gravidez na adolescência que é um problema muito sério, um problema pra menina que engravida precocemente, é um problema pra família dela, grande parte dos problemas sociais que a gente tem, advêm dessa situação. Mortalidade materna ainda temos índices inaceitáveis. A mortalidade de crianças e adolescentes por causas externas como conflitos de rua ou coisa do gênero. Precisamos buscar a participação desses adolescentes na vida da sua comunidade. Estou com uma ideia bem simples: Nossa cidade sofre de um problema que é como se fosse uma depressão coletiva, temos um complexo de inferioridade que não se justifica, aí a gente tem que enfrentar. Pretendo formar uma equipe de dirigentes dessa cidade. Como é que vamos fazer isso? Pegar os dez melhores alunos de cada uma das escolas estaduais o que vai dar mais ou menos MIL alunos e vamos fazer um trabalho de motivação e formação pra essa molecada. Se nós começarmos agora, daqui dez anos teremos mil meninos e meninas preparados pra intervirem e ajudarem na vida da cidade. Não dá pra gente começar nada mágico, começar agora e daqui a seis meses mudar totalmente a cabeça da cidade. Se eu investir num grupo de meninos e conseguir ter outra visão de mundo, de que a pessoa pode passar por uma transição de dificuldade. O meu exemplo, do menino que era bóia fria e teve que deixar de estudar pra ir capinar roça e hoje chega a governador, qualquer outro menino de Porto Velho pode fazer isso e as condições deles aqui são mais vantajosas que a minha, porque a cada 500 metros da casa deles tem uma escola. Se eu que fui bóia fria cheguei a governador, qualquer menino de Porto Velho tem condições de chagar a presidente da república. Vamos trabalhar para levar PROERD pra cem por cento das nossas escolas, que é pro combate ao uso de drogas e entorpecente. Educação de Trânsito o DETRAN tem um projeto pronto, financiado com material pronto, queremos preparar 180 MIL meninos e meninas pra questão do Trânsito. Esse projeto é bem simples, ele empondera as crianças como se fosse o Guarda de Trânsito ela passa a fiscalizar inclusive o pai, a mãe, o tio e o amigo no que diz respeito ao trânsito. A questão da educação ambiental: Não adianta que a gente vai ter polícia pra ficar punindo as pessoas. A educação ambiental tem que ser algo que está na cabeça da gente. Como é que você explica uma cidade que toda chuva que cai, a água invade tudo. Por que invade? Porque nós que moramos nessa cidade e essa é uma obra coletiva ruim, entupimos tudo quanto é dreno que a natureza possa ter. Meu pai me ensinou o seguinte: “Deus perdoa sempre, o homem às vezes perdoa a natureza não perdoa nunca”.

Zk – E mais?

Daniel Pereira - Por fim, um trabalho com relação ao IDEB que é o Índice de Desenvolvimento de Educação Básica. Em 2015 Rondônia obteve o 7º melhor IDEB do Brasil. Só que estamos a 0.7 do primeiro. Com dois ciclos de avaliação se a gente fizer o dever de casa, toma o 1º lugar. Nas séries finais do ensino fundamental somos o 11º mais estamos também a 0.7 do primeiro. A melhor avaliação de IDEB no Brasil para o ensino médio é 3.9 em São Paulo e Pernambuco. Pernambuco é o que nos motiva, por ter feito isso rapidamente. Temos hoje quatro mil alunos estudando em Rondônia no ensino médio no modelo de Pernambuco. Esse foi um dos motivos deu ter chamado a professora Angélica para assumir a SEDUC. A nota nossa do IDEB em 2015 é 3.3 a melhor do Brasil é 3.9, estamos a 0,6. Acredito e muito, que se a gente continuar no ritmo que estamos e fizermos algumas correções, à gente pula pra primeiro lugar rapidinho. Um país pra sonhar em ser alguma coisa séria em educação tem que ter um padrão de IDEB de 8 (oito) pra frente. Temos hoje cinco mil professores a mais do que precisamos em sala de aula. Acredito que tem delegado de polícia a mais temos; PMs a mais, só que eles não estão lotados no lugar certo e foi por isso, que já pegamos os que estavam aqui dentro do palácio, um efetivo significativo e devolvendo para a PM.

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