quinta-feira, 17 de março de 2011

CALDO DE MANDI COM MURUPI – E O CORTE DO BISTURI

Por: Altair Santos - Tatá (*)

Amigo Sílvio passado o carnaval aproveito uns dias pra checar a saúde com os médicos que há anos me acompanham no Rio e em São Paulo. Ainda zonzo com a perda do amigo Manelão, recebi um dia pós a minha chegada aqui no Rio de janeiro, a notícia trágica da morte dos nossos companheiros Eduardo Valverde e Ely Bezerra. Foi tudo muito rápido, não pude desfazer as coisas e voltar. Chorei os amigos aqui mesmo, longe de vocês, nossos companheiros e companheiras de luta. Em visita à sua coluna, vi a injúria com que te reportaste ao texto do Dr. Marcos Wendell. Confesso que fiquei pra lá das duzentas (duzentas milhas) com a forma preconceituosa com que o cara se referiu à nossa cultura, ao nosso povo e nossa cidade. Se assim ele quis, então lá vai: o anjo torpe se assina Marcos Wendell. Não o conheço e nem quero. Segundo dizem é médico e atua no Hospital João Paulo II. Pelo visto trata-se de um típico broxado de idéias, analfabeto de alegria, desprovido cultural, nu de princípios de educação, zerado de ânimo pelo bem viver, órfão de conhecimento mínimo em se tratando de povo e cultura. Não tendo o que fazer, o leso preferiu vomitar a sua arrogância, a sua ignorância e desqualificação, justo em cima da nossa cidade porto e, pra azar dele, mexendo naquilo que sempre trazemos como pano de frente ou estandarte, o amor pela nossa terra mãe. Se ele não gosta daqui e do carnaval que fazemos isso é problema dele. Se quisesse se manifestar em crítica, que o fizesse, porém dentro dos padrões do respeito e da humanidade, ou então, que morra ensurdecido pelos ecos de mamãe eu quero, ou empunhe o seu bisturi e corte o próprio pescoço porque aqui, meu irmão, sempre teve, tem e sempre terá carnaval para a alegria de milhares e para o infortúnio de babacas do seu quilate. De certo, pensava o tal Dr. Wendell que as fuleragens que ele escreveu, não encontraria aqui entrincheirados, destemidos pioneiros e linguarudos defensores da terrinha. Se deu mal porque Zé katraca, Paulinho Rodrigues (o amo de tracoá), Basinho e outros mais, seguram com galhardia as touceiras de cipó de fogo e juntos sapecamos lambadas literárias, pra nego saber que aqui não se dá bom dia a cavalo. Saiba, pois, o tendencioso médico, que amamos Porto Velho com suas coisas boas e ruins. Claro que brigamos e trabalhamos pelo seu bem e pelo bem do seu povo sem, contudo, descermos a ladeira do baixo nível. Neste particular o ruim da hora é o escroto desse Wendell. Esse cara deve ter vindo dum paraíso de afrescalhados, fora do planeta. Lá as sambistas não tem gordurinhas, lá não chove durante carnaval (a passarela deve ter teto), as pessoas brincam em blocos saboreando suco de morango. Mais: pras ruas não ficarem cheias e interditadas os foliões dançam voando por sobre os tetos. Deu pra ver que o maldoso do bisturi exprime notável ódio pelo carnaval. O comentário dele é prá lá de nazista. Fala com nojo e desprezo pelas pessoas. Ofendeu as mulheres quando disse o infeliz, serem fétidas as nossas humildes e alegres brincantes e por tal são hospedeiras de mosquitos. Ainda pejorativamente as chamou de feias e teceu negativamente sobre os seus contornos e sinuosidades como se fosse critério elementar para a vida, todas serem dotadas e agraciadas com formas e biótipos angelicais ou sabe-se lá o que, segundo o critério de beleza e aprouver do desavisado Wendell. Tipo os que dizimaram humanos ao longo da história da humanidade, ele sugere uma espécie de fogueira da inquisição ao carnaval, sem saber o coitado que ele perdeu uma boa oportunidade de calar-se ou então conter o povo a não ir às ruas. Veja como era fácil ele se fazer ouvir: bastava o tonto do Wendell ir na abertura do desfile da Banda do Vai Quem Quer ou do Galo da Meia Noite, do Jatuarana Sul ou do Carnanaleste, pedir o microfone e, lá de cima, do trio elétrico, em público, expor seu pensamento e desejo, bradando de acordo com a sua flatulente idéia. Depois era só descer e, tranquilamente, cair nos braços do então convencido povo. Missão cumprida era só caminhar pra casa, ou ir cortar bifes no “açougue”, ou melhor, no Hospital João Paulo II, citação sua em relação ao nosocômio onde trabalha. Sobre isso, achamos que os esforços iniciais do Governo do Estado em dotar de melhor estrutura e condições, o Hospital João Paulo II (açougue para o médico Marcos Wendell), divergem em atos e pensamentos das pregações desse ridículo indivíduo. Aqui tem muito cara bom, mas não conhecemos ainda, nessas paragens do poente, os donos da verdade ou da razão, muito menos a quintessência do analítico cultural e político. Então, não nos venha o Dr. Marcos Wendell querer cunhar em nossos murais as suas lambanças verborrágicas, se achando o tal. Resultado, não se atinou que aqui tem Viriato Moura, Victor Sadeck, Anibal Cavalcante, Otino de Freitas e tantos mais, que além de médicos e referências profissionais são fontes onde o moço deveria antes, ter ido beber. Porque aqui nego veio, fulerou o negócio é peia. Ei Paulinho (Amo do Tracoá), Ei Zé katraca, Basinho, Bado, Bainha, Misteira e Mávilo, preparem o caldo de mandi com pimenta murupi. Essa rima é boa!
(*) O autor é músico e cidadão portovelhense, folião, amante da cultura popular e admirador das caboclas dessas barrancas.
tatadeportovelho@gmail.com

Um comentário:

Hermínio Coelho disse...

Zé, parabens para vc e para o Tatá pela iniciativa de defender nosso carnaval (cultura). Acho que deveriam fazer um levantamento sobre quantos já morreram na mão desse senhor, que pela forma que fala é infalivel e inatacável.