
Origem do Bloco do Purgatório
No inicio da década de 1970, os integrantes da “Curriola 40”, um grupo de jovens que se reunia no muro da “vergonha” ao lado do Bar do Canto pela Julio de Castilho, no Bar do Pureza e no Meio Kilo Bar e ainda no restaurante Tri Campeão da dona Marita que ficava just

Acontece que o marido da dona Marita Tenente Sarmento que era dentista na 3º Cia de Fronteira hoje 17ª Brigada de Infantaria e Selva, sugeriu que o bloco fosse como se fosse um enterro. Bom! Decidido o estilo do bloco, a turma se reuniu e providenciou o desfile.
O primeiro desfile saiu da rua Carlos Gomes em frente ao Bar do Canto, eram duas filas (uma em cada lado da rua), com cada um dos brincantes levando uma vela acesa e no maior silêncio possível. No meio, uma Kombi com o caixão com o defunto dentro em cima carroceria (geralmente ou era o Narciso Freire ou o Antonio Edson - Neném por serem pequenos). Na época, o palanque oficial era armado na Avenida Sete de Setembro no trecho entre a Avenida Osório e a Campos Sales, o cortejo do “Purgatório” fazia o seguinte percurso: Carlos Gomes, Presidente Dutra, Sete de Setembro, Campos Sales, Pinheiro Machado até o Bar da dona Marita (Tri Campeão).
À frente do caixão ia a “Viúva” “barriguda” mais um filho ainda de fralda (Leôncio Rodrigues), a Prostituta num vestido vermelho super decotado, o Padre que era o Sarmento, o Cão (satanás) que era o Torrado e o Anjo que era o Jurandir Sena (Zé Bonitinho). Estes iam encenando uma disputa pelo morto: o Anjo o queria para o Céu e o Diabo para o Inferno, a viúva lamentava a morte do marido e discutia com a amante “prostituta”, enquanto o Padre não sabia a quem atender.
Entre tantos participantes lembramos o Manelão, Uirandê (do hotel Aquarius); Vladimir Carvalho; Silvio Santos; João Dalmo, João Ramiro, Dr. Jofeli, Chiquito Paiva; Isaias, Narciso Freire, Emilzinho; Cabo Petrônio; Leôncio Rodrigues, Carlos Binho, Inácio Castro, Chico Macedo, Veloso, Nenem, Gilson e Hilton Macedo; Juvenal Secundo; Cabo Chico; Coronel Siebra e tantos outros. Eram mais de quarenta.
Na carroceria do carro aonde ia o caixão, também se colocava um Sino de uma das locomotivas da Madeira Mamoré gentilmente cedido pelo seu Vivaldo Mendes que era tocado espaçosamente durante o cortejo.
Uma equipe de três foliões se encarregava de distribuir a bebida (cerveja, uísque e até arrebite) aos que estavam participando do “enterro”. O interessante, era que apesar da irreverência ao participar de um desfile de carnaval sem tocar nenhuma música, não se fazia nenhum protesto, era realmente um bloco diferente o “Purgatório”.
A segunda parte da letra do Hino da Banda do Vai Quem Quer faz referencia ao bloco quando diz: “... Já tentei brincar organizado, isso nunca deu pé...” a frase ou o verso foi escrito em função da aparente organização existente no desfile do bloco do Purgatório e o “Isso nuca deu pé”.
Acontece que em determinado desfile, o motorista do carro onde estava o “defunto”, irresponsavelmente, começou a fazer “cavalo de pau” em plena Avenida Sete de Setembro quase em frente ao palanque oficial. Felizmente ninguém saiu ferido.
Uns acham que o bloco do Purgatório é na realidade, o verdadeiro precursor da Banda do Vai Quem Quer.
O bloco desfilou até meados da década de 1970 e parou justamente por causa do episódio do “Cavalo de Pau”.
A batina do Padre Lambretinha

Cadê a Batina perguntou o Juvenal Secundo, enquanto Veloso balançando um sininho (daqueles usados pelos coroinhas) informava que o Manelão juntamente com o Sarmento estava se dirigindo ao Colégio Dom Bosco com o intuito de pedir ao Padre Lambretinha uma batina emprestada. Não demorou cinco minutos e os dois regressaram da missão com o Sarmento já vestido de Batina e ainda com Estola Roxa e tudo.
Agora sim o bloco poderia começar seu desfile e passar pela frente do palanque das autoridades todo garboso o que aconteceu por vários anos.
Acontece que em um desses desfiles, quando a turma já estava posicionada para dar inicio ao “cortejo”, como sempre na Carlos Gomes em frente ao Bar do Canto, chega nada-mais, nada-menos que o Bispo Dom João Batista Costa acompanhado do Padre Lambretinha. Recebidos com todo respeito pelo presidente da “Curriola 40”, Cabo Petrônio Dom João Batista Costa chamou o tenente Sarmento e o Manelão e passou-lhes um “CARÂO” lição de moral que se fosse a seres humanos normais, eles teriam abandonado o bloco e ainda correr para dentro da Catedral que ficava a poucos passos do local, para pedir perdão.
Disse o Bispo que eles não poderiam ter “roubado” a batina do Padre Lambretinha, Nessas alturas o clima ficou “tenso” alguns até pensaram em desistir do bloco, foi quando o Leôncio Rodrigues fantasiado de “Bebê” com fralda e tudo e uma chupeta gigante na boca, pulou na frente do Bispo e disse: “Dom Prelado, será que dava para o senhor emprestar essa Batina do Padre Lambretinha que o Sarmento está usando neste momento para que ele abençoe o pobre daquele defunto que já está fedendo a cachaça naquele maldito caixão?” Dom João achando graça ficou sem graça, passou a mão na cabeça do Leôncio e liberou o bloco recomendando. “Vão, mas, cuidado não beba demais”.
Na próxima edição continuamos a contar “causos” pitorescos do Bloco do PURGATÓRIO!
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