sábado, 26 de outubro de 2019

Raymundo Ironildo - A história do gerente dos gerentes de Banco em Porto Velho



Quando realmente Rondônia e em especial sua capital Porto Velho começou a se desenvolver financeiramente, isso na década de 1970, desembarca em Porto Velho vindo de Macapá (AP) o Contador Raymundo Ironildo Pontes Távora para assumir a carteira financeira do Banco Real o antigo Banco da Lavoura. Por se destacar no Banco Real logo foi assediado e contratado para assumir o Bamerindus e depois o Banco Bandeirante. “O interessante foi que o Bamerindus comprou o meu passe do Banco Real”. Considerado pela sociedade portovelhense. Ironildo foi do Lions Clube e era o primeiro a ser convidado para os grandes bailes e acontecimentos sociais e comerciais da cidade. “Naquele tempo gerente de Banco era autoridade”. Como nem tudo são flores, Ironildo foi vítima do Plano Cruzado e passou por momentos críticos, o que o levou a se transformar em empresário na área da gastronomia, montando o Tarumã Restaurante especializado em Galinha Caipira. Na entrevista, você fica sabendo de histórias interessante sobre o pioneiro de Porto Velho Ironildo Távora.

ENTREVISTA


Zk – Qual seu nome completo?
Ironildo – Meu nome é Raymundo Ironildo Pontes Távora. Cheguei em Porto Velho em 1974, quando a cidade acabava no Mercado do KM – 1. Logo depois do Mercado existia uma máquina de arroz do Abel Marques que foi muito meu amigo, assim como seus filhos. Vim pra cá para passar dois anos e estou aqui até hoje. Vim do Amapá para ser contador do Banco Real depois fui pro Bamerindus e depois pro Bandeirantes. Tenho orgulho em dizer que a agencia do Banco Bandeirante foi a primeira agencia do país que deu mais lucro, em consequência disso ganhei um carro 0 km. Foi o 1º carro Santana da Wolksvagem a entrar em Porto Velho, quem entregou esse carro pra mim o Ismael Camurça que era dono da concessionária Rondasa.

Zk – Vamos fazer uma breve história da sua vida em Porto Velho?
Ironildo – Cheguei aqui como contador, despois fui subgerente do Banco Real. Graças ao desempenho no Banco Real o Bamerindus comprou meu passe e cresci junto com minha equipe no Bamerindus e com o sucesso, o Banco Bandeirante me contratou para implantar sua agencia. A sede do Bandeirante era na rua Natanael de Albuquerque esquina com a José de Alencar pertinho do restaurante Almanara.
Zk – Na época, qual era a maior fonte de renda do Território de Rondônia?
Ironildo – Era a Borracha que tinha entre outros, o empresário Francisco Paiva que foi muito meu amigo e a turma o chamava de “Capitão Maravalha”. Tenho uma história vivida com ele. A gente fez uma viagem para um de seus seringais e na volta  roubamos um porco do dono de um boteco, onde a gente costumava tomar uma dose de pinga. A gente estava numa Brasília que eu havia comprado na Rondasa do Ismael Camurça e então, naquela afobação de quem está praticando um ato não comum, jogamos o porco no bagageiro da Brasília. Acontece que no Porta a gente havia colocado fruta de tudo quanto era sabor. Para encurtar a conversa, quando chegamos na cidade Porto Velho e abrimos o porta malas era uma fedentina de merda de porco misturada com as frutas só no bagaço.
Zk – Outras histórias?

Ironildo – Eu saia do banco pra comer no Almanara que era pertinho, mas, quando a gente tinha que almoçar no restaurante Oriente que ficava a rua Gonsalves Dias sub esquina com a Sete de Setembro era um tormento, porque tinha que passar uma ponte que ficava no meio da Sete de Setembro onde tinha a oficina do H Pulling e do outro lado era As Lojas Pernambucanas. A Sete de Setembro depois da Praças Jonathas Pedrosa era intrafegável para veículos, o acesso de carro era pela Barão do Rio Branco para quem quisesse ir para o lado do quilometro um. Descendo da Barão rumo ao centro, você podia dobrar na praça Jonathas Pedrosa que era dividida ao meio pela a José Bonifácio rumo a Prudente de Moraes.
Zk – Você viveu numa época que em Porto Velho existia uma elite, ou seja, não era qualquer um que tinha conta em Banco?
Ironildo – Realmente, naquela época  pra você ser do Lions não era fácil, tive o privilégio de ser um de seus membros e quem me levou foi o Ciro Pinheiro. Gerente de Banco naquela época era tido como autoridade, era convidado para as melhores festas exemplo: As festas que aconteciam no Clube dos Oficiais do 5º BEC o gerente de Banco era dos primeiros a ser convidado, na época do Café Santos Porto Velho estava fervilhando de progresso e os encontros eram marcados no Café Santos. As festas no Ypiranga, Bancrévea eram espetaculares decoração era a coisa mais linda.
Zk – Você disse que veio passar apenas dois anos em Porto Velho. Por qual motivo você resolveu ficar aqui?
Ironildo – Hoje me considero de Porto Velho, embora tenha o Amapá no coração. A necessidade de profissional! Como o Banco não achava gente pra vir pra Rondônia eu fui ficando, fui ficando, ficando criando raiz e to até hoje aqui, graças a Deus com um restaurante ali no final da rua Rio Madeira em frente ao Parque Ecológico, chama-se Tarumã Restaurante.
Zk – É verdade que você tem um Haras?
Ironildo – Temos sim o Haras e a Escola de Equitação, oferecemos passeio a cavalo em pista, trilha etc... Zé eu me considero pioneiro de Porto Velho,  é por isso que acho que sou uma das pessoas que ajudou esse estado crescer. Ajudei e ajudo até hoje a gerar emprego e renda que é uma das coisas que faz com que o estado cresça.
Zk – Voltando no tempo. Depois da Borracha veio o que?
Ironildo – A Borracha foi a grande fonte de riqueza de Rondônia até meados dos anos de 1970 e logo em seguida, veio o ciclo do ouro do Madeira que enricou muita gente. Eu tinha clientes no Banco que chegava com a sacola cheia de ouro, jogava em cima da minha mesa e a gente tinha que custodiar aquele ouro pra depois o cliente ir buscar.
Zk – Você chegou a pegar a era da extração manual da Cassiterita?
Ironildo – Acontece que a cassiterita não foi muito pra Porto Velho, foi mais pra região de Ariquemes. Do meu ponto de vista a cassiterita não teve muita influencia na economia de Porto Velho, para Ariquemes sim!  Até porque quando aqui cheguei já estava proibido o garimpo manual, esse sim, ouvia dizer, que movimentou Porto Velho porque os escritórios dos donos dos garimpos ficavam aqui e  os garimpeiros vinha vender suas produções e o dinheiro corria solto, Pena que não peguei essa fase. Depois veio a Usina de Samuel que ajudou muito no desenvolvimento de Porto Velho e agora temos essas duas no Rio Madeira.
Zk – Fala sobre a política e os políticos?
Ironildo – Sobre os políticos, muitos deixaram a desejar, mas, muitos outros ajudaram Rondônia crescer. Infelizmente, ouso dizer sempre, o brasileiro tem a corrupção no sangue. Eu sou contra a corrupção, sempre fui e sempre vou ser. É por isso que muitas vezes tenho passado certos percalços, porque nunca admiti na minha vida a corrupção. Tem histórias que um dia a gente vai ter tempo e eu vou te contar.
Zk – Vou fazer uma pergunta sobre uma pessoa que sei foi muito seu amigo. Fala sobre Leão José Athias?
Ironildo – Rapaz de que tu lembrou! Esse cara era nosso amigo. Ele era meu cliente e tem um detalhe, ele tinha uma confiança em mim tão grande. Naquela época ele era considerado grande empresário e chegava com o dinheiro que apurava no comercio, que era de venda de munição para armas de fogo e fogos de artifícios, pois ele largava a sacola cheia de dinheiro em cima da minha mesa e ia embora e depois eu levava o recibo de depósito, aliás, naquela época a gente ia buscar o dinheiro no comercio do cliente, não tinha seguro, não tinha carro forte nada disso.
Zk – É verdade que seu Athias quando você trocava de agencia, ele transferia todo o dinheiro para a nova agencia que você assumia?
Ironildo – Não só ele, o Miguel Arcanjo, Fernando Matos o irmão do Fernando e muitos outros me seguiram para o Banco Bamerindus. Acho que isso acontecia porque sempre respeitei todos, sem restrição.
Zk – Por falar nisso, quem é que tinha realmente dinheiro em Rondônia naquela época?
Ironildo – Era o Miguel Arcanjo. Vou te contar uma história do Fernando Matos: O primeiro Miura que entrou em Porto Velho foi o Fernando Matos que trouxe de São Paulo em cima de uma caminhão. La em São Paulo acabou o dinheiro que ele havia levado e ele me ligou dizendo, que queria comprar um carro mais estava sem recurso e eu respondi: Pode dar o cheque que eu garanto. Naquela época o gerente do banco podia fazer isso, hoje não faz mais. Só quando ele retornou, é que foi assinar o “Papagaio”. Mais o ban ban ban mesmo, era o Miguel Arcanjo.
Zk – Outro grande amigo seu, foi o Manelão da Banda?
Ironildo – Manelão me fez entrar no canil dele com dois cachorros enormes lá dentro, acho que eram Pastor Alemão. Outra vez foi na casa do Décio Bueno. O Décio tinha umas araras e eu muito ’bacana’, encostei minha língua na língua da arara. Tenho muita saudade desse tempo. O meu padrinho no Bloco da Cobra foi o Manelão. Um dia ele chegou no Banco e disse: Vou ser teu padrinho no Bloco da Cobra e me levou lá pra Usina do Abel Marques. Nunca pensei que iria passar pelo que passei, caminhar por cima da cobra do começo ao fim, depois de beber toda aquela mistura de bebida que eles chamavam de batismo da cobra.

Zk – Lembro que você foi membro da diretoria da Associação dos Criadores de Rondônia – ACER. O fazendeiro Ironildo desistiu de criar gado?
Ironildo – Fui financeiro da ACER. Zé fui uma vítima do Plano Cruzado. Na época, tirei Três Milhões de Cruzados Novos e paguei Cento e Sessenta Milhões de Cruzados Novos. Tudo que eu tinha se acabou. Essa é outra história que quero te contar. Daí surgiu o empresário e criei o Tarumã Restaurante.
Zk – O que funciona no Tarumã?
Ironildo – Além do Restaurante existe o Haras que o pessoal vai passear a cavalo na pista, na trilha etc. O Tarumã Restaurante funciona de quinta feira a domingo e o Haras de segunda feira a domingo. Nosso restaurante é totalmente regional e a especialidade é galinha caipira, mais você pode encomendar um prato especial como Pato ao Molho ou Buchada de Carneiro. Para degustar a Galinha Caipira é só chegar que preparamos na hora, para encomendar pratos especiais é só ligar para (69) 3212-0110
Zk – E o carneiro no buraco?
Ironildo – Vou lançar o Carneiro no Buraco na primeira quinzena de novembro. É um prato típico dos índios. A grande ‘meca” do Carneiro no Buraco é Campo Mourão no Paraná. Antes a Maçonaria fazia aqui, eles pararam e agora vou lançar lá no Tarumã. Esse primeiro Carneiro no Buraco será para 100 pessoas no máximo 120.
Zk – Endereço do Tarumã?
Ironildo – Final da avenida Rio Madeira em frente ao Parque Ecológico. Contato (69) 99232-1128 ou 3212-0110.

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