terça-feira, 29 de outubro de 2019

Lenha na Fogueira - 30.10.19



Já não se respeita mais o dia de finados como antigamente! E como era antigamente? Todo mundo marcava encontro no Cemitério dos Inocentes para acender velas e participar dos atos litúrgicos que aconteciam de hora em hora.
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Era um dia de muito respeito mesmo, nada de música comercial ou profana. A rádio Caiari passava o dia tocando músicas fúnebres, era uma tristeza, os “puteiros” só abriam após a meia noite, realmente o povo respeitava o Dia de Finados.
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Mesmo assim, meu amigo Bainha sempre aprontava das suas no Dia de Finados. Geralmente chegava ao Cemitério dos Inocentes por volta das 11 horas da manhã e se dirigia até o CRUZEIRO que até hoje fica em frente à Capela.
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Ali, municiado de muitos pacotes de vela e bebidas, conservadas no gelo que era adquirido na Fábrica de Gelo da Madeira Mamoré, juntamente com alguns parceiros boêmios e sambistas, começa a cantar, em homenagem aos artistas que já havia morrido.
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Ia lembrando-se de artista como Chico Alves, Noel Rosa, Dunga e tantos outros sambistas que já haviam partido e mandava ver, acompanhado pelo plangente violão do Jorge Andrade, o Trombone do Manga Rosa e o Pandeiro do Pedro Silva seu irmão.
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Aquela seresta em pleno dia, só terminava no final da tarde, porque o administrador do Cemitério os expulsava para fechar o ‘Campo Santo’. Assisti muito essas serestas ao ar livre.
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Ninguém via falta de respeito nenhum na atitude do Bainha muito pelo contrário, o elogiavam por homenagear nossos grandes artistas cantores e compositores.
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O tampo passou e as coisas mudaram. Hoje, o Dia de Finados é um dia como outro qualquer, apesar do povo ainda comparecer em massa aos cemitérios para prestar homenagem aos seus entes queridos.
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Hoje os cemitérios se transformaram em verdadeiras feiras onde se comercializa de tudo. Desde velas até almoço. Tudo bem, não tenho nada contra esse comércio, inclusive, prefiro comprar velas na porta do cemitério, é mais barato.
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Hoje não existe essa do boteco fechar. Os supermercados, shopping e o comercio da periferia funciona normalmente.
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Ainda vemos famílias que passam o dia no jazigo de parentes como antigamente, aliás, muita gente faz isso.
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O que quero mesmo dizer, é que aquela seresta que o Bainha por muitos anos, protagonizou em frente ao Cruzeiro do Cemitério dos Inocentes, será lembrada este ano.
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É isso mesmo! Como o dia 2 de novembro vai cair no sábado, a direção da escola de samba Asfaltão resolveu realizar a 48ª edição do Projeto Samba Autoral com o título: Samba para os que se foram.
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Então vamos lá cantar sambas gravados por sambistas que partiram para outro plano. Com certeza, será um repertório de primeiríssima qualidade.
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Presta atenção! O Samba Autoral de Novembro vai acontecer no Bar do Calixto no dia 2 (dia de finados), a partir das 15 horas.
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Agenda aí sambista saudosista!

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