segunda-feira, 25 de abril de 2011

ENTREVISTA- Alkbal assume Ordem dos Músicos

A Ordem dos Músicos do Brasil Seccional de Rondônia, desde quando o maestro Alberto Ribeiro faleceu, praticamente ficou parada ou sem atuar condignamente no estado. Várias foram as investidas do Conselho Nacional da Ordem em ativar a Seccional de Rondônia e todas esbarraram em administrações desastrosas, cujos membros chegaram a receber a taxa de anuidade dos músicos (e foram muitos músicos) e não entregaram o documento regularizado, ou seja, a carteira de músico. Isso vem acontecendo há mais de cinco anos. As polêmicas foram muitas, existem denuncias até na Policia Federal inclusive, tem gente respondendo ou sendo investigado sobre o desvios de recursos da OMB/RO. Recentemente o músico Augusto Cezar foi nomeado presidente da Comissão Eleitoral e de repente, recebeu um comunicado do Rio de Janeiro de que outra pessoa deveria ser nomeada. Beto estranhou a decisão e foi atrás dos motivos e ao descobrir resolveU entregar o cargo, porém tudo dentro da Lei. Foi autorizado pela direção nacional da Ordem a escolher um músico de sua confiança para assumir o cargo. A escolha recaiu no nome do músico José Alkbal Sodré. Alkbal com certeza, é unanimidade entre a categoria, inclusive, há muito tempo vinha lutando para que a Ordem funcionasse a contento em Rondônia. Agora na presidência provisória, tem a missão de até em 120 dias, realizar a eleição para a diretoria definitiva “Pretendo realizar a eleição até o final de maior”.
Sábado passado dia 23, numa solenidade que contou com a presença inúmeros músicos, Alkbal foi empossado pelo Beto Cezar como Presidente da Ordem dos Músicos do Brasil Seccional de Rondônia. A posse aconteceu em plena Praça Getúlio Vargas no intervalo da apresentação do Projeto Música na Praça. Após a posse os presentes participaram de um café da manhã oferecido pela nova diretoria.


ENTREVISTA






Zk – Da para você fazer um relato da trajetória da sua vida?
Alkbal Sodré – Meu nome é José Alkbal Sodré, nasci em Porto Velho/RO. Entrei para a Ordem dos Músicos em outubro de 1978 quando tirei minha carteira de músico prático e em 1984 me tornei músico profissional.
Zk – Além de músico você tem outra profissão?
Alkbal Sodré – Nesse meio tempo fui funcionário público federal, trabalhei vários anos no Hospital de Base como técnico em radiologia médica, mas em 1990 com aqueles planos do governo federal me senti prejudicado e decidi optar pela música.

Zk – Você passou algum tempo morando em outros estados. Por que a mudança para outras terras?
Alkbal Sodré – Saí daqui primeiro transferido como funcionário público para Brasília e lá justamente me achei prejudicado pelos planos impostos pelo governo federal, pedi as contas e fui pro Rio de Janeiro onde passei a trabalhar no famoso Estúdio Havaí do meu amigo Bira Havaí que até hoje é um dos melhores estúdios de gravação de discos do Brasil. Com a convivência no Estúdio Havaí conheci muitos artistas e então passei a trabalhar como musico de grupos de pagode e foi quando fundei meu primeiro Estúdio de Gravação.

Zk – Quer dizer que você foi dono de Estúdio de Gravação no Rio de Janeiro. Gravou quem?
Alkbal Sodré – Pois é, meu primeiro Estúdio ficava na Francisco Serrador na Cinelândia. De lá minha esposa foi transferida para Porto Velho e eu a acompanhei afinal de contas estava de volta a minha terra natal e aqui chegando fui trabalhar na Banda Os Cobras do Forró tocando carnaval no clube Botafogo.

Zk – E o Estúdio Verde em Porto Velho começou quando?
Alkbal Sodré – Justamente nessa época dos Cobras. Foram eles que me deram a oportunidade de montar um Estúdio de Gravação d Disco aqui, inclusive compraram material pra mim e juntei com o material que havia trazido do Ri de Janeiro e então montei o Estúdio Verde.

Zk – Lá no Rio de Janeiro você chegou a gravar artistas conhecidos?
Alkbal Sodré – Gravei com Milton Manhãs grande produtor, Almirguineto, Jovelina Pérola Negra, Reinaldo chamado de O Príncipe do Pagode, Só Preto Pra Contrariar, Genival Lacerda, Sandro Beck e tantos outros que não me recordo agora.
Zk – Como músico você se especializou em qual instrumento?
Alkbal Sodré – Comecei com instrumentos de corda, cavaquinho, banjo, violão, viola, violoncelo e contra baixo. Porém, o pessoal gosta que eu toque teclado.

Zk – Você estudou música aonde?
Alkbal Sodré – Estudei música em Brasília por dois anos. Depois fiz o curso técnico aqui em Porto Velho na Escola de Música Jorge Andrade por três anos em percepção musical. O interessante que sou graduado em Administração.

Zk – E o curso de Regente que você começou em Brasília?
Alkbal Sodré – Exatamente comecei a fazer o curso na escola de Brasília, mas, não tive como continuar porque é um curso superior muito longo e não tinha como conciliar o sustento da minha família com o curso em Brasília.

Zk – Como funciona o curso de maestro?
Alkbal Sodré – Você faz a primeira parte que dura quatro anos. Depois mais quatro anos de especialização e finalmente 4 anos de regência. Quer dizer são 12 anos estudando. Consegui ficar lá por dois anos apenas.
Zk – Por falar em regência, você não acha que Porto Velho precisa de um Orquestra Filarmônica?
Alkbal Sodré – È claro! Porto Velho precisa de uma Orquestra de Câmera, uma Filarmônica. Só que nossos diretores municipais estaduais ainda não olharam para essa carência.

Zk – Qual a diferença de uma Orquestra de Câmera para a Filarmônica?
Alkbal Sodré – A de Câmera comporta entre quatro até 20 músicos. Já a Filarmônica passa de 50 músicos e é sustentada pelo governo municipal, estadual ou federal. Já a Orquestra de Câmera geralmente é patrocinada pela iniciativa privada.

Zk – Depois que você retornou a Porto Velho vindo do Rio de Janeiro, trabalhou em quais bandas?
Alkbal Sodré – Trabalhei praticamente com todas as bandas que surgiram em Porto Velho a partir da década de 1990. Cobras do Forró, Banda Skala, Status, MPB Show, Fla Som e muitas outras.

Zk – E agora?
Alkbal Sodré – Agora trabalho mais na área de produção . A banda que mais trabalhei, inclusive toca até hoje é a Banda Os Cobras do Forró. Acontece que gosto de trabalhar com a música nordestina e mesmo “Os Cobras” é como se fosse a nossa família.
Zk – Os Cobras do Forró é conhecida inclusive fora do estado de Rondônia. Vocês já tocaram em quais cidades?
Alkbal Sodré – Tocamos em Tabatinga e em várias outras cidades do estado do amazonas, inclusive Manaus, a gente vai constantemente a Humaitá, Tocamos em várias cidades do estado do Acre. E em Rondônia tocamos praticamente em todos os municípios.

Zk – E Banda de Rock?
Alkbal Sodré – Toquei na Banda Ossos do Oficio que hoje é a Banda Nitro. Era eu, Gustavo, Rodrigo, a Cristina Filha do Miguel Arcanjo. Já toquei em Banda Reggae de samba de carnaval. Aliás a banda que puxa a Banda do Vai Quem Quer somos nós que dirigimos.

Zk – No Rio de Janeiro você chegou a tocar em alguma banda ou orquestra?
Alkbal Sodré – Trabalhei na Banda do Raul de Barros fazendo jazz contemporâneo. A gente tocava na Ilha do Governador toda quinta feira, na Banda do Raul de Barros eu tocava contra baixo.

Zk – Agora vamos falar sobre o motivo dessa entrevista. Há algum tempo você vem lutando pela reativação da Ordem dos Músicos em Rondônia e agora você foi empossado como Presidente da Ordem fala sobre essa conquista?
Alkbal Sodré – Como disse no meu discurso de posse, qualquer profissional quer ter um documento que o identifique como profissional de sua especialidade: Sou motorista, sou médico e assim deve ser com o músico. Nós músicos precisamos de um documento que comprove que somos músicos a nossa carteirinha de músico para onde chegar poder pleitear um trabalho dentro da legalidade.
Zk – E o que estava acontecendo com a OMB/RO que não funcionava?
Alkbal Sodré – Há algum tempo e lá se vão alguns anos, a Ordem dos Músicos Seccional de Rondônia praticamente ficou sem funcionar em virtude de algumas pendengas que faziam com que sempre as diretorias que era provisórias fossem trocadas e com isso nada funcionava a contento. A gente está assumindo com a vontade de eleger uma Diretoria Definitiva cujo mandato é de 5 anos.

Zk – Isso quer dizer que o seu mandato também é provisório?
Alkbal Sodré – Exatamente, fomos empossados como Presidente da Comissão que vai Coordenar as eleições definitiva, porém com autonomia para regularizarmos os músicos que estão com pendência para com a Ordem.

Zk – O que a Ordem dos Músicos pode fazer pelos associados?
Alkbal Sodré – Se você deixar o empresário explora bastante o músico. Pela Lei o músico tem que trabalhar apenas 4 horas e muitas vezes eles são obrigados a ficar tocando por seis/sete hora sem que seja remunerado nesse horário extra. Hoje são raros os empresários que pagam décimo terceiro salário e férias. É preciso conscientizar que somos trabalhadores como qualquer outra pessoa, temos direito a vale transporte, auxilio alimentação. Isso tudo é direito, tá na Lei.

Zk – Você está assumindo a Ordem no estado de Rondônia. Sua diretoria vai ser rígida na cobrança do cumprimento da Lei pelos empresários?
Alkbal Sodré – Por enquanto, não tem como se exigir, a Ordem dos Músicos em Rondônia está com uns quatro/cinco anos praticamente parada, vamos dizer, estava inativa. Nossa meta é conscientizar tanto os músicos como os empresários de que é preciso se cumprir o que está escrito na Lei. Primeiramente temos que habilitar os delegados das regiões estaduais.

Zk – Esses delegados vão atuar em quais regiões?
Alkbal Sodré – Em Guajará Mirim, já tem um em Cacoal e um em Vilhena, vamos nomear o de Ariquemes e o de Ji Paraná.
Zk – Quanto à fiscalização?
Alkbal Sodré – O artigo 55 da Ordem dos Músicos atrapalhou a Lei 3257 que é a Lei da Fiscalização. Essa Lei diz que só quem pode fazer fiscalização é o Ministério do Trabalho e o Artigo 55 da OMB dava esse poder aos seus fiscais e isso vinha causando muita polêmica, pois alguns fiscais da Ordem se dizendo dono da verdade, fecharam casas e até seqüestraram instrumentos dos músicos. Como é que uma entidade que foi criada para defender os Músicos, atuava contra seus associados, isso era totalmente fora da lógica.

Zk – Acontece que o Artigo 55 não foi modificado e com isso os Delegados podem atuar como fiscais?
Alkbal Sodré – Graças a Deus que alguém no Congresso Nacional já apresentou emenda retirando esse artigo da Lei que criou a Ordem dos Músicos do Brasil. Acho que colocaram esse artigo 55 porque a Ordem foi criada no auge da Ditadura Militar. Isso atrapalha muito e muita gente se aproveita disso.

Zk – Enquanto isso?
Alkbal Sodré - Muita gente quer tirar o músico de cima do palco, isso é uma aberração; Nosso objetivo é trabalhar conscientizando que a Ordem é para defender o músico e não oprimi-lo.

Zk – E a fiscalização?
Alkbal Sodré – A fiscalização é com o Ministério do Trabalho em nossa caso com a SRT.

Zk – O que provocou tanta demora na reativação da Ordem em Rondônia?
Alkbal Sodré – Não estou bem a par da situação, porém sei que houve problemas com prestações d contas junto ao TCU, aconteceram desvios de recursos e com isso sempre as diretorias estavam sendo mudadas o que atrapalhou o bom andamento da Ordem em Rondônia. Muitos músicos pagaram suas anuidades e não receberam suas carteiras isso fez com que a entidade ficasse desacreditada. Nossa missão é transformar a OMB/RO em uma entidade forte e respeitada em todos os seguimentos da sociedade.

Zk – Como está composta sua diretoria?
Alkbal Sodré – Sou o presidente da diretoria provisória, o secretário é o Edglay e o tesoureiro o Clovis Avanço.

Zk – Vocês tem quanto dias para realizar a eleição definitiva?
Alkbal Sodré - Temos 120 dias para realizar as eleições. Esperamos fazer isso muito antes. Estamos trabalhando para realizar a eleição até o final do mês de maio.

Zk – Nesse caso você pode concorrer à presidência definitiva?
Alkbal Sodré – Alguém tem que apresentar uma chapa na qual eu seja apresentado como candidato à presidência. Estou conclamando os colegas músicos a apoiarem nossa candidatura à presidência definitiva da Ordem dos Músico do Brasil Seccional de Rondônia.

Zk – Para encerrar! Quem está autorizado a falar em nome da Ordem dos Músicos no estado de Rondônia?
Alkbal Sodré – Apena os membros da nossa diretoria e mais ninguém. Enquanto eu tiver na diretoria jamais alguém vai tirar músico do palco e nem tão pouco prender seus instrumentos. É preciso respeitar o Músico.




























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