A
expectativa do que está por vir com o aumento nos casos positivos do novo
coronavírus no Brasil tornou comum encontrarmos pessoas utilizando máscaras
cirúrgicas ao andar na rua (os que se arriscam, já que a recomendação é ficar
em casa e sair apenas quando realmente necessário) —um costume que antes era
observado com mais frequência apenas nos países asiáticos, onde muito usavam o
acessório para se proteger da poluição. Mas a prática não é recomendada nem
pela OMS (Organização Mundial da Saúde) nem pelo Ministério da Saúde se você
está saudável.
Quem
deve usar máscara? E por quê?
"O
uso da máscara só é justificado se você estiver com algum sintoma respiratório,
pois aí evita que as gotículas que venham de tosse ou do espirro sejam
espalhadas no ambiente", explica o infectologista Ivan Marinho, do
Hospital Leforte, em São Paulo. Fora esse caso, ele diz, o uso não deve ser
feito simplesmente porque não vai servir para nada — pode até facilitar a
contaminação, já que muitas pessoas colocam mais a mão no rosto na tentativa de
ajustar o acessório. "A máscara não vai proteger contra a contaminação e a
pessoa ainda vai reduzir o volume do produto no mercado para quem realmente
precisa, como os agentes de saúde", avalia o profissional.
Que
tipo de máscara é mais recomendado para casos de coronavírus?
Desde
que a pandemia chegou ao país, duas máscaras estão sendo bastante procuradas: a
cirúrgica descartável, feita de um material chamado não-tecido e que é mais
popularmente encontrada nas farmácias e deve ser usada por quem apresenta
sintomas como febre e tosse, ou por quem está cuidando de pessoas doentes. E o
modelo N-95, elaborada para profissionais de saúde, pois impede a passagem de
partículas pequenas contaminantes, como os aerossóis (expelidos geralmente
durante o processo de intubar ou aspirar o paciente.
Máscaras
feitas de sacola plástica ou garrafa pet são permitidas?
Assim
como aconteceu na China no auge da epidemia, o brasileiro resolveu improvisar
criando máscaras com sacola plástica e até garrafa pet. No entanto, o uso de
outros materiais para a confecção de máscaras não tem comprovação científica.
Pior: sacolas plásticas, por exemplo, podem provocar sufocamento no usuário e,
por isso, não são recomendadas. "O risco também existe em quem usa essas máscaras
improvisadas", afirma o infectologista João Prats, da BP - A Beneficência
Portuguesa de São Paulo. "Não sabemos como fica a qualidade do ar e o
nível de umidade próximo ao rosto durante o uso, o que pode facilitar o aparecimento
de outras doenças.
Máscara
de tecido comum é segura?
Nas
redes sociais, há diversos vídeos ensinando a fazer máscaras de tecido comum
(como tricoline) — uma ação supostamente apoiada após uma fala do ministro da
Saúde, Luiz Mandetta, em que ele diz para usar a versão caseira ao sair de casa
e poupar o estoque para os profissionais de saúde. Mas esse modelo não é
seguro. O mesmo vale para colocar um lenço ou echarpe no rosto. Além de não
estarem dentro dos padrões vigentes da Anvisa, o tecido não tem a trama fechada
o suficiente para impedir a transmissão do vírus para o ambiente. "Além
disso, a modelagem feita sem medidas específicas contribui para que o ajuste no
rosto seja ruim, deixando a pessoa deixando a pessoa em risco de qualquer
maneira", avalia o infectologista Leonardo Weissmann, conselheiro da SBI
(Sociedade Brasileira de Infectologia).
Pode
lavar a máscara e usá-la de novo?
Não. A
matéria-prima utilizada nas máscaras acaba se modificando quando é lavada,
fazendo com que ela perca suas funções de proteção. A recomendação dos órgãos
oficiais é utilizar o acessório por até duas horas, no máximo.
No
caso dos profissionais da saúde, no entanto, a situação é mais delicada.
Recentemente, temendo a escassez do produto, a Sociedade Brasileira de Pneumologia
e Tisiologia recomendou aos profissionais que, se necessário, reutilizassem as
máscaras N-95 utilizando uma máscara cirúrgica comum por cima.
Em
nota técnica posterior, a Anvisa não recomenda a prática, "pois além de
não garantir proteção de filtração ou de contaminação, também pode levar ao
desperdício de mais um EPI [equipamento de proteção individual], o que pode ser
muito prejudicial em um cenário de escassez", diz o documento. No entanto,
o próprio órgão afirma que, excepcionalmente, "em situações de carência de
insumos e para atender a demanda da epidemia da covid-19, a máscara N-95 ou equivalente
poderá ser reutilizada pelo mesmo profissional", desde que ela tenha sido
retirada de forma a minimizar a contaminação.
Como
deve ser feito o descarte da máscara?
Idealmente,
como é um material com potencial de contaminação, a máscara se encaixa na
categoria de lixo hospitalar e deveria ser destinada ao descarte específico.
"Mas isso não é realista", afirma o pneumologista Elie Fiss, do
Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Segundo ele, o correto é retirar a
máscara evitando contato com a parte da frente e colocá-la em um saco plástico.
Jogue em uma lixeira fechada e lave as mãos com água e sabão imediatamente após
o descarte, evitando tocar em qualquer superfície.
Eu não
tenho máscara. E agora?
Se
você está saudável, o acessório não é necessário para manter você protegido. O
mais importante é seguir as recomendações do Ministério da Saúde, como lavar as
mãos com água e sabão, utilizar álcool em gel quando não for possível e
permanecer em casa, saindo apenas quando realmente necessário. Mas se você
estiver com sintomas de doença respiratória, o indicado é permanecer em casa em
isolamento, sempre com pelo menos um metro de distância de outras pessoas. Se
for tossir ou espirrar, usar a dobra do braço no rosto e nunca as mãos. (Fonte:
UOL).
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