terça-feira, 4 de dezembro de 2018

Exposição Piracema, sexta na GAL da Ivan Marrocos


Sob a curadoria de Margot Paiva, o artista multimídia Flávio Dutka, abre a exposição “Piracema” na Galeria de Artes Afonso Ligório – GAL da Casa da Cultura Ivan Marrocos, na próxima sexta feira dia 7.
Segundo Margot Paiva, as atividades em artes plásticas na Ivan Marrocos no ano de 2018, serão encerradas com a exposição do Flávio na Afonso Ligório, e a dos artistas Gilson Castro e Franciney Vasconcelos na sala Forte Príncipe (1º piso).
A exposição Piracema de Flávio Dutka será aberta as 20 horas e segue até o dia 19 de janeiro de 2019. “Para conversar pessoalmente com o artista é só comparecer à Casa da Cultura Ivan Morros a partir do dia 7” convida Margot.
A respeito do trabalho do Flávio Dutka o professor Nilson Santos escreve:
Flávio Dutka é sem dúvida um dos dois artistas plásticos de Rondônia mais versáteis, provocativos. Sua arte distingue e muito dos pintores de quadro que povoam o meio.
Esta é a segunda mostra dele retratando a natureza, e as surpresas que nos aguardam são tão impactantes quanto a primeira, surpreendendo na técnica, acaba também por surpreender no olhar, e nos conjuntos que apresenta.
Num total de 47 trabalhos expostos, de um total muito maior de telas criadas sobre o tema, boa parte em tom monocromático de preto ou sépia, como sempre faz nos conjuntos que cria, um dos desenhos destoa dos demais, neste caso há uma grata surpresa, que vale a pena identificar.

As obras que compõe esta mostra deveriam ser vista por qualquer rondoniense que se admira com a exuberância da natureza que temos, o gigantismo do rio, a imponência do céu, a representação singular das nuvens, e até mesmo as múltiplas composições dos barrancos dos nossos rios e igarapés são representados nas telas com a dignidade, grandeza e sentimento bucólico que estas imagens nos revelam.
Estas obras deveriam ser vistas impreterivelmente pelos nossos artistas plásticos, e não são poucos, que ainda insistem em pintar riozinho, barquinho, arvorezinha, cipozinho, oncinha, ararinha, indiozinho com técnica singela demais para quem vive no século XXI.
Nesta mostra as telas de Flávio Dutka retratam em grande parte as cenas cotidianas das comunidades do baixo madeira, delas dois detalhes nos chamam a atenção: a primeira é a ausência de pessoas e de animais, são lugares sem rosto que nutre a sensação de abandono, outra delas é a dualidade das imagens: de um lado vemos as cenas das comunidades do baixo madeira, quase sempre com grandes árvores mortas, e de outro, cenas do rio, das matas, do céu com muita personalidade e vida.
Há uma grata exceção: um quadro com tons degrade em laranja, sugerindo um fim de tarde, ou um fim de queimada com esqueletos de troncos negros como testemunha, a imagem é tão completa, que não demanda comentários.
Flávio, difere da quase totalidade dos pintores de quadros que temos, pela capacidade de pintar um tema bastante regional dialogando com a grande tradição que temos das artes plásticas, dialoga francamente com o impressionismo de Turner, com o naturalismo bucólico de Hoper, com as técnicas de pontilhismo, e com predileção ao sépia de Da Vinci, diga-se de passagem um dos pintores que ele mais persegue, principalmente nos temas proibidos.

No conjunto, Flávio faz parte do Coletivo Madeirista, que conta com músicos, atores, fotógrafos, e produtores que produzem arte com densidade, com qualidade e principalmente com capacidade de interlocução com outros centros de fomento a arte.
Antes da chegada dos tempos vergonhosos e sombrios que nos aguardam, é muito importante ver a mostra. (Nilson Santos - professor)

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