Sob
a curadoria de Margot Paiva, o artista multimídia Flávio Dutka,
abre a exposição “Piracema” na Galeria de Artes Afonso Ligório
– GAL da Casa da Cultura Ivan Marrocos, na próxima sexta feira dia
7.
Segundo
Margot Paiva, as atividades em artes plásticas na Ivan Marrocos no
ano de 2018, serão encerradas com a exposição do Flávio na Afonso
Ligório, e a dos artistas Gilson Castro e Franciney Vasconcelos na
sala Forte Príncipe (1º piso).
A
exposição Piracema de Flávio Dutka será aberta as 20 horas e
segue até o dia 19 de janeiro de 2019. “Para conversar
pessoalmente com o artista é só comparecer à Casa da Cultura Ivan
Morros a partir do dia 7” convida Margot.
A
respeito do trabalho do Flávio Dutka o professor Nilson Santos
escreve:
Flávio
Dutka é sem dúvida um dos dois artistas plásticos de Rondônia
mais versáteis, provocativos. Sua arte distingue e muito dos
pintores de quadro que povoam o meio.
Esta
é a segunda mostra dele retratando a natureza, e as surpresas que
nos aguardam são tão impactantes quanto a primeira, surpreendendo
na técnica, acaba também por surpreender no olhar, e nos conjuntos
que apresenta.
Num
total de 47 trabalhos expostos, de um total muito maior de telas
criadas sobre o tema, boa parte em tom monocromático de preto ou
sépia, como sempre faz nos conjuntos que cria, um dos desenhos
destoa dos demais, neste caso há uma grata surpresa, que vale a pena
identificar.
As
obras que compõe esta mostra deveriam ser vista por qualquer
rondoniense que se admira com a exuberância da natureza que temos, o
gigantismo do rio, a imponência do céu, a representação singular
das nuvens, e até mesmo as múltiplas composições dos barrancos
dos nossos rios e igarapés são representados nas telas com a
dignidade, grandeza e sentimento bucólico que estas imagens nos
revelam.
Estas
obras deveriam ser vistas impreterivelmente pelos nossos artistas
plásticos, e não são poucos, que ainda insistem em pintar
riozinho, barquinho, arvorezinha, cipozinho, oncinha, ararinha,
indiozinho com técnica singela demais para quem vive no século XXI.
Nesta
mostra as telas de Flávio Dutka retratam em grande parte as cenas
cotidianas das comunidades do baixo madeira, delas dois detalhes nos
chamam a atenção: a primeira é a ausência de pessoas e de
animais, são lugares sem rosto que nutre a sensação de abandono,
outra delas é a dualidade das imagens: de um lado vemos as cenas das
comunidades do baixo madeira, quase sempre com grandes árvores
mortas, e de outro, cenas do rio, das matas, do céu com muita
personalidade e vida.
Há
uma grata exceção: um quadro com tons degrade em laranja, sugerindo
um fim de tarde, ou um fim de queimada com esqueletos de troncos
negros como testemunha, a imagem é tão completa, que não demanda
comentários.
Flávio,
difere da quase totalidade dos pintores de quadros que temos, pela
capacidade de pintar um tema bastante regional dialogando com a
grande tradição que temos das artes plásticas, dialoga francamente
com o impressionismo de Turner, com o naturalismo bucólico de Hoper,
com as técnicas de pontilhismo, e com predileção ao sépia de Da
Vinci, diga-se de passagem um dos pintores que ele mais persegue,
principalmente nos temas proibidos.
No
conjunto, Flávio faz parte do Coletivo Madeirista, que conta com
músicos, atores, fotógrafos, e produtores que produzem arte com
densidade, com qualidade e principalmente com capacidade de
interlocução com outros centros de fomento a arte.
Antes
da chegada dos tempos vergonhosos e sombrios que nos aguardam, é
muito importante ver a mostra. (Nilson Santos - professor)
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