Família
de Leonilson Dias doa
Catálogo
Raisonne para biblioteca
Leonilson
é um dos principais nomes da arte contemporânea brasileira,
conhecido por sua obra singular e autobiográfica.
Filho
de Teodorino Torquato Dias e dona Carmen proprietários da empresa TT
Dias e Cia que tinha a Casa Saudade, Mundo Elegante e outras lojas em
Porto Velho.
Nascido
em Fortaleza, em 1957, Leonilson mudou-se com a família para São
Paulo ainda pequeno, e logo cedo começou a demonstrar o seu
interesse pela arte.
Fez
cursos livres na Escola Panamericana de Arte e depois ingressou no
curso de Artes Plásticas da Fundação Armando Álvares Penteado,
deixando-o incompleto, para iniciar sua trajetória artística.
Na
década de 1980, fez parte do grupo de artistas que retomou a
prática da pintura, conhecido como ‘Geração 80’. Participou
de importantes mostras no Brasil e no exterior, como Bienais,
Panoramas da Arte Brasileira, e a emblemática Como vai você,
Geração 80?.
Interessado
em moda, trabalhou com o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone,
com a criação dividida de cenários e figurinos do espetáculo “A
Farra da Terra”. A convite de Gloria Kalil apresentou sua
interpretação sobre moda em evento de lançamento de coleção da
grife Fiorucci.
Leonilson
era um viajante apaixonado. Morou temporariamente em Madri, Milão e
Munique, e viajava freqüentemente pelo Brasil e exterior, buscando e
vivenciando novas experiências. Essa paixão foi fundamental para
fazer dele um artista atualizado, sempre em contato com as últimas
tendências, por dentro dos movimentos que agitavam o cenário
cultural-artístico da época.
O
artista faleceu jovem, em decorrência do vírus HIV, na cidade de
São Paulo, em 1993, aos 36 anos de idade.
Deixou
cerca de 4.000 obras, além de múltiplo acervo documental.
Sua
produção é considerada por críticos brasileiros e internacionais
de grande valor conceitual para a arte no Brasil, sendo o retrato
autêntico e incansável de uma geração e, que por abordar questões
cruciais inerentes à subjetividade humana, se faz capaz de gerar
identificação e diálogo universal.
Em
visita a familiares em Porto Velho, as irmãs do Leonilson Ana Lenice
– Nicinha e Ana Lenilda – Tilda, doaram à Biblioteca Francisco
Meirelles,
graças a intervenção da Ana Castro, o catálogo Raisonné
com 3.400 obras do Leonilson, o cearense quase rondoniense.
ENTREVISTA
Zk
– Vamos às identificações?
Nicinha
– Meu nome na verdade é Ana Lenice Dias
Fonseca da Silva porém,
todo mundo me chama de Nicinha. Essa é minha irmã Ana Lenilda
conhecida por Tilda. Somos irmãs do Leonilson que é o motivo dessa
entrevista. Somos filhas do Teodorino Torquato Dias o TT Dias, dono
da Casa Saudade e outras lojas aqui em Porto Velho. Moramos aqui uma
época, depois fomos para Fortaleza (CE); a Tilda e meu irmão mais
velho Leilson nasceram aqui, enquanto eu e o Leonilson nascemos em
Fortaleza, depois fomos pra São Paulo e lá nasceu a Ana Celina,
somos cinco irmãos.
Zk
– Vamos falar mais sobre o Leonilson?
Nicinha
– Ele era um artista que produzia
em todos os segmentos das artes plásticas, desenhava, esculpia,
pintava telas e bordava. Ele faleceu ha 26 anos e deixou parte do
acervo dele para a mamãe. A gente estava querendo fazer alguma coisa
com esse acervo. Eu Brinco sempre, que, quando ele morreu, a gente
não era muito do ramo das artes, então ficamos
com muito medo do que fazer com aquilo que ele tinha deixado. Isso
porque em geral, quando o artista morre, a família dilapida tudo que
tem, começa a vender e coisa e tal. Então resolvemos nos juntar e
criar o Projeto Leonilson.
Zk
– Ele com tão pouco tempo de vida, conseguiu projeção
internacional. Como isso aconteceu?
Nicinha
– Ele morreu aos 36 anos de idade. Foi pra Madri em 1981 fazer uns
estudos e a primeira exposição dele ocorreu lá. Foi pra Milão na
Itália, passou um tempo expondo na Europa e só depois, veio para o
Brasil.
Zk
– E aqui?
Nicinha
– Quando voltou definitivamente para o Brasil em 1983, foi
convidado para expor em duas grandes galerias: Em São Paulo
a Luíza Strina e no Rio de Janeiro Thomas Crown. Em
1985 participou da bienal de São Paulo e da bienal de Paris. Logo
cedo conseguiu fazer a carreira, coisa bastante difícil para os
artistas jovens. Depois que ele morreu, criamos o Projeto Leonilson
cujo objetivo, é divulgar as obras dele, então começamos a fazer
exposições e além disso, fizemos livros, filmes e assim propagamos
o trabalho dele.
Zk
– É verdade que no Brasil apenas três artistas têm suas obras
publicadas no catálogo
Raisonné?
Nicinha
– É verdade! Apenas o Portinari, Tarsila do Amaral e agora o
Leonilson. Raisonné normalmente é um catálogo que engloba todas as
obras da pessoa, em geral após a morte.
Zk
– Como foi que vocês conseguiram a publicação do Catálogo?
Nicinha
– Quando a gente montou o Projeto, a primeira coisa que fizemos,
foi tentar localizar os colecionadores do Leonilson, quando
conseguimos, passamos a fazer visitas a esses colecionadores, para
fotografar as obras, saber como elas foram adquiridas, então, a
partir daí a gente fez um banco de dados onde temos tudo catalogado.
A idéia era um dia conseguir fazer o catálogo Raisonné um catálogo
que exige muita pesquisa para ser publicado e bom patrocínio.
Zk
– Vocês conseguiram patrocínio com quem?
Nicinha
– Há três anos, conseguimos o patrocínio do Dr. Airton dono da
Unifor, ele é muito interessado em todos os artistas cearenses e
como o Leonilson é um artista cearense ele se propôs a transferir a
verba pra gente fazer o catálogo. O catálogo reúne 3.400 obras
cada uma com seu histórico.
Zk
– Onde apreciar as obras do Leonilson?
Nicinha
– Quando o Leonilson morreu, umas das coisas que a gente fez, foi
doar algumas obras para alguns museus, aqui do Brasil: Museu de Belas
Artes do Rio de Janeiro; MAM de São Paulo; MAC de São Paulo, Dragão
do Mar de Fortaleza. Já os Museus de fora, visitavam o Projeto e
normalmente compravam algumas obras. Hoje as obras do Leonilson estão
em 28 museus do Brasil e do mundo.
Zk
– Em São Paulo a sede do Projeto Leonilson fica aonde?
Nicinha
– Hoje a sede fica na antiga casa da Mamãe na Vila Mariana, que os
irmãos resolveram se juntar e fazer a reforma e doar para o Projeto,
porque até então, funcionava num espaço alugado.
Zk
– Agora vocês doaram um exemplar do catálogo para a Biblioteca
Francisco Meirelles?
Nicinha
– Pois é, a Ana Castro era amiga particular do Leonilson e da
nossa família e é funcionária da Biblioteca Francisco Meirelles
aqui
em Porto Velho,
ao saber da publicação do catálogo, solicitou que doássemos um
exemplar para a Francisco Meirelles e aproveitando nossa visita aos
nossos familiares aqui em Porto Velho, trouxemos o exemplar do
catálogo e alguns livros publicados pelo Leonilson que a partir de
agora, passam a
fazer parte do acervo da Biblioteca Francisco Meirelles.
Zk
– Como podemos adquirir o catálogo e qual o valor?
Nicinha
– A venda é feita através da internet via site:
www.projetoleonilson.com.br
no valor de R$ 1.200,00.
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