Luiz Carlos Coelho de Menezes
Pioneiros de Rondônia – A história de todos nós. Este é o tema do
programa que está sendo iniciado esta semana, e cujo objetivo é registrar em
áudio e vídeo depoimentos daquelas pessoas que contribuíram com o
desenvolvimento do estado de Rondônia, desde o tempo do Território Federal do
Guaporé e, principalmente, no período da ocupação e colonização do que ficou
conhecido nacionalmente como o “novo Eldorado” do Brasil.
O projeto, idealizado pelo diretor do Departamento de Comunicação
do Governo do Estado de Rondônia, Osmar Silva, tem como entrevistador o
jornalista Silvio Macedo dos Santos. São várias as pessoas que podem ser
consideradas pioneiras e, na medida do possível, o Decom-RO ouvirá as suas
histórias de vida e a contribuição prestada ao desenvolvimento do nosso estado.
O primeiro programa traz a história do engenheiro agrônomo Luiz
Carlos Coelho de Menezes. Ele recorda que só não nasceu em Rondônia por um
acidente de percurso. “Quando minha mãe sentiu que estava prestes a dar à luz,
meu pai, nordestino radical, queria que seu filho nascesse no Ceará, sua terra
natal, e embarcou minha mãe no rumo de Fortaleza, só que quando ela chegou em
Manaus não aguentou mais e me pariu. Não sei por que me registraram como
amazonense, já que com menos de uma semana vim para Porto Velho. Sou um quase
portovelhense e, em consequência, rondoniense”. Luiz Carlos contribuiu muito
para o desenvolvimento do Estado. Após se formar engenheiro agrônomo em
Fortaleza, no final do ano de 1969, embarcou para Porto Velho, aonde chegou a 3
de janeiro de 1970. Foi um dos responsáveis pela implantação da Acar/RO, que
ficou com essa denominação até 2013, quando o governador Confúcio Moura aprovou
na Assembléia Legislativa a mensagem de criação de fato e de direito da Emater. “Até então, Emater era nome fantasia”,
lembra. Deputado estadual de 1995 a 1999, Luiz Carlos pauta sua vida no
trabalho do desenvolvimento da extensão rural em Rondônia. Tanto que, hoje,
apesar de aposentado, permanece como assessor técnico da Comissão de
Agropecuária e Política Rural na Assembleia Legislativa.
O que você vai conhecer na entrevista de hoje é a história de um
grande pioneiro do nosso Estado...
ENTREVISTA
Redação – Fale sobre sua origem. Onde nasceu e se criou?
Luiz Carlos Menezes –
Estamos em Rondônia exatamente há 43 anos, já que chegamos aqui em 1969. Nossa
origem é da região amazônica, meus pais moravam em Porto Velho em 1946. Meu pai
era cearense e queria que o filho nascesse em Fortaleza, porém, no trajeto da
viagem não houve mais possibilidade e então nasci em Manaus e logo depois
retornei a Porto Velho onde fiquei mais algum tempo, um ou dois anos mais ou
menos.
Redação
– Qual o motivo do seu pai ter vindo morar em Rondônia?
Luiz Carlos Menezes – Meu
pai veio para o Acre em 1943 como “Soldado da Borracha”. Como era técnico
agrícola foi trabalhar na Fazenda Sobral, uma fazenda experimental que existia
naquela região. Depois que deixou o governo, casou-se com minha mãe, ela é
acreana, e veio para Porto Velho trabalhar como comerciante foi também
seringalista.
Redação – O senhor disse que depois que veio de Manaus
recém-nascido, ficou aqui por uns dois anos! Foi pra onde?
Luiz Carlos Menezes – Fui
para o Ceará, onde fui criado por meus avós, no interior, em Itapagé, onde
ainda hoje moram meus irmãos e familiares. Estudei em Fortaleza e optei pela
profissão de engenheiro agrônomo até pela questão da própria família, que era
proprietária de terras no Ceará e eu tinha uma dedicação muito voltada pra
extensão rural. Meu pai era um líder do setor primário e sempre as ações da
extensão eram feitas no sítio dele e isso me levou a optar pela agronomia.
Redação – É verdade que logo que se formou veio embora para
Rondônia?
Luiz Carlos Menezes – Colei
grau no dia 7 de dezembro de 1969 e vim pra Rondônia no dia 3 de janeiro de
1970. Tinha dois tios que moravam aqui, o Joaçaba e o Raimundo Mesquita Teles,
foram eles que patrocinaram a minha vinda, juntamente com outro tio, o Ormidas
Mesquita Teles, e acabei ficando, porque eles me deram a passagem de vinda e se
esqueceram da passagem de volta.
Redação – E como foi seu ingresso no governo do Território de
Rondônia?
Luiz Carlos Menezes –
Quando cheguei aqui, meu tio Raimundo era muito ligado a garimpo, ele era
conhecido como “Raimundo dos Burros”, exatamente porque meu tio Ormidas trazia
burros do Nordeste e vendia pros seringalistas do Acre, Amazonas e Rondônia.
Raimundo participava dessa operação com mais dedicação e acabou recebendo o
apelido. Naquela ocasião, por trabalhar com garimpo, meu tio Raimundo tinha
muito contato com o pessoal do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM)
e o chefe era o governador Coronel Marques Henrique. Numa conversa com o
coronel, Raimundo falou: “Olha, governador, chegou aí um engenheiro agrônomo
recém-formado, uma pessoa ligada à gente e tal...” Então, fui contratado,
cheguei aqui no dia 3 de janeiro e minha Portaria é do dia 20 de janeiro de
1970. Como não havia recursos naquela época pela DPTC, que era a Divisão de
Produção, Terras e Colonização, cujo diretor era o Dr. Benedito Silva, então o
governador me contratou diretamente pelo Gabinete da Governadoria. Isso causou
de certa forma uma ciumeira, a cidade era pequena, teve assim uma fofoca,
alguém foi falar pro Benedito que eu vinha para substituí-lo, quando não era
nada disso. Na realidade, era um jovem de 23 anos que queria começar a
trabalhar, nunca pensei em exercer cargos, queria apenas exercer minha
profissão.
Redação – Quando o senhor chegou aqui, naquele 3 de janeiro de
1970, como estava o setor agrícola do antigo Território?
Luiz Carlos Menezes – O
Território naquela época tinha diversas Colônias Agrícolas. Aqui no entorno de
Porto Velho existiam o Areia Branca, 13 de Setembro, Periquitos... Nessas
colônias, o governo prestava assistência, disponibilizando caminhões para
ajudar no transporte da produção. O Posto Agrícola 13 de Julho era ali nos
Tanques (Expovel e Parque Circuito), onde fui trabalhar.
Redação – Em Guajará Mirim e outras cidades existia alguma
Colônia Agrícola?
Luiz Carlos Menezes – Em
Guajará havia o Núcleo do Iata, que foi colonizado por cearenses, e em Vila
Rondônia (hoje Ji-Paraná), alguma coisa ainda muito insipiente. Produzia-se
nessas colônias um pouco de tudo: mandioca, arroz, banana, carvão, banana
comprida. Aliás, naquela época se consumia muito carvão. Gado era muito pouco.
Redação – Qual era a população de Rondônia naquela época?
Luiz Carlos Menezes – A
população era estimada em torno de 100 mil habitantes. Na realidade o que
estava predominando no Território era a exploração do Garimpo de Cassiterita.
Era o chamado garimpo manual, que em 1971 foi proibido e as grandes empresas
então passaram a dominar a extração do minério. Vi muitos garimpeiros sendo
transportados em cima de caçambas para o aeroporto de Porto Velho. O governo
federal colocou aviões à disposição para aqueles que optassem em retornar para
suas cidades de origem.
Redação – Voltemos à sua história. O senhor dizia que queria
exercer a profissão de agrônomo...
Luiz Carlos Menezes – Na
época havia poucos agrônomos aqui, eram uns quatro ou cinco profissionais,
entre eles o Dr. Benedito, também o Dr. Calmon, que foi o primeiro e já atuava
na área desde 1948. Também o Dr. Edgar Cordeiro, que era cunhado do Aluízio
Ferreira e depois veio a ser secretário de Agricultura no governo do coronel
Humberto Guedes.
Redação – O senhor falou que ao ser contratado foi prestar
serviço na Colônia Agrícola 13 de Julho. Ficou até quando nessa colônia?
Luiz Carlos Menezes –
Acontece que Guajará-Mirim e em especial o Núcleo do Iata estava sem
profissional e então o Dr. Benedito disse: “Você vai trabalhar no Iata”.
Enquanto o transporte pra me levar não era liberado, comecei a trabalhar nas
colônias do entorno de Porto Velho, orientando a questão da mecanização,
plantio, essas coisas. Benedito viu que na realidade não vim para tirá-lo do
cargo ou qualquer coisa dessa natureza, contratou outro rapaz que veio de Belém
(PA) e mandou pro Iata e eu acabei ficando aqui em Porto Velho.
Redação – A Colônia do Iata por muito tempo foi a principal
abastecedora de produtos agrícolas do Território de Rondônia...
Luiz Carlos Menezes –
Verdade. Tive a oportunidade de ver a Madeira-Mamoré funcionando e os seus
vagões vinham carregados com os produtos do Iata.
Redação – Como foi a criação da Associação de Crédito e
Assistência Rural - ACAR?
Luiz Carlos Menezes – Era um organismo que existia praticamente
em todo o Brasil. No Nordeste, a sigla era ANCAR, em Minas era ACAR/MG. Enfim,
cada estado tinha sua denominação. Tivemos o advento da migração, que teve
início com as colonizadoras particulares, como foi o caso da Calama em Vila
Rondônia, cujo dono ficou conhecido como João da Calama. Aquelas pessoas que
vieram primeiro, acabaram informando seus parentes que as condições do solo e
clima em Rondônia eram favoráveis. Havia muita terra boa naquela região. Isso
muito antes do Teixeirão, mais de dez anos antes. Já havia um processo de
mecanização da lavoura no centro-sul e no sul do país e a incorporação de
pequenas áreas por grandes fazendeiros, e essa mecanização foi expulsando o
agricultor.
Redação – Como podemos classificar a ocupação de Rondônia
naquela época?
Luiz Carlos Menezes – A
colonização de Rondônia foi espontânea, o pessoal veio, ninguém chamou.
Diferente da colonização que houve na Transamazônica, quando milhares de
produtores foram transportados de avião. Em Rondônia foi ao contrário. Mas, de
certa forma, eram produtores expulsos pelo processo de mecanização que estava
ocorrendo na região centro-sul.
Redação – E o resultado?
Luiz Carlos Menezes – Esses
produtores chegaram e começaram a acontecer brigas entre seringalistas,
seringueiros e os colonos, que eram considerados invasores. O coronel Marques
Henriques, que era o governador, pediu que o INCRA viesse ordenar o processo de
ocupação.
Redação – Já existia o INCRA?
Luiz Carlos Menezes –
Primeiro foi o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (IBRA) e o Instituto
Nacional de Desenvolvimento Agrário (INDA) que, fundidos, resultaram no
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA). Quando cheguei
aqui, já era INCRA. Inclusive, certa vez encontrei o Dr. Assis Canuto e o
capitão Silvio de Farias no banho do Cezar Zoghbi, que era ali onde hoje é o
Tênis Clube, isso foi em janeiro de 1970. O Canuto tinha feito uns cursos em
Israel, agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura e Agronomia Luiz
de Queiroz de Piracicaba (SP). Ele veio escolher a área, verificar onde seria
instalado o Projeto Integrado de Colonização - PIC Ouro Preto, que foi criado
em julho de 1970, com o objetivo de assentar 500 famílias.
Redação – E a Extensão Rural?
Luiz Carlos Menezes –
Naquela ocasião, em função da necessidade do produtor receber assistência
técnica, em 1971, no inicio do ano, veio uma equipe da Associação Brasileira de
Crédito e Assistência Rural – ABCAR, que coordenava o sistema a nível nacional,
fazer o estudo para a implantação do serviço que hoje a gente chama de Extensão
Rural. A ABCAR mandou dois técnicos para desenvolver os projetos e o Dr.
Benedito, que era o Diretor de Produção, me encarregou de acompanhar esses
técnicos. Um deles, o Dr. Severino de Melo Araújo, chegou a ser Secretário da
ACAR, Secretário de Agricultura e Secretário de Planejamento do Estado de
Rondônia.
Redação – O senhor lembra a data da criação desse serviço?
Luiz Carlos Menezes – No
dia 31 de agosto de 1971, foi criado o Serviço de Extensão Rural, então eles me
disseram: “Luiz você devia ingressar no quadro da ACAR”. Naquela época, nós
éramos contratados, mas não tínhamos garantia, éramos prestadores de serviços,
não tínhamos carteira assinada e a ACAR nos dava essa condição.
Redação – Quer dizer que o senhor passou para o quadro da ACAR.
Em qual função?
Luiz Carlos Menezes –
Aconteceu um problema muito sério, inclusive o pessoal chegou comigo e disse:
“Vai ter problema! A gente sente que o Bendito não vai querer aceitar!” Mas,
afinal de contas ele acabou aceitando. Fui fazer um treinamento de três meses
no Nordeste, casualmente em Fortaleza, e quando retornei fui pra Guajará-Mirim,
onde implantei o Serviço e fiquei lá até 1974, quando retornei a Porto Velho,
já como secretário-adjunto da ACAR. O secretário era o médico veterinário
Antônio Silva, que havia trabalhado comigo lá em Guajará.
Redação – E o que aconteceu a partir de então?
Luiz Carlos Menezes – Houve
a extinção da ABCAR e no governo do General Ernesto Geisel assumiu o ainda hoje
considerado grande ministro da Agricultura, Alisson Paulinelli, que criou as
empresas estatais, como a EMBRAPA e a Empresa Brasileira de Assistência Técnica
e Extensão Rural – EMBRATER. Com a extinção da ABCAR, o serviço de extensão
ficou meio perdido, não se sabia mais a quem recorrer a nível federal, e essa
coordenação passou para a EMBRATER.
Redação – Qual foi o lado positivo da coordenação pela Embrater?
Luiz Carlos Menezes – Foram
criadas as empresas estaduais. Como Rondônia ainda era território federal, não
foi possível criar a empresa federal, que ficou sendo a Associação de
Assistência Técnica e Extensão Rural – ASTER, uma unidade civil sem fins
lucrativos de direito privado, que permaneceu até “ontem”, vamos dizer assim,
porque no ano passado (2013), o governador Confúcio Moura enviou mensagem à
Assembleia Legislativa, até por força do Ministério Público e porque 99% dos
recursos da Emater são oriundos do setor público. Então, no ano passado, foi
criada de fato e de direito a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural -
EMATER.
Redação – Até então atuava como Aster e o nome fantasia Emater?
Luiz Carlos Menezes – Para
adaptar ao sistema, ela passou em 1976, de Acar para Aster, cuja sede era na
Carlos Gomes com a Campos Sales, com a vinda do coronel Jorge Teixeira e
naquela iminência de se passar a estado, mudou-se o nome de fantasia de Aster
para Emater.
Redação – Como vocês atuaram com a chegada de dezenas de
agricultores que atenderam ao chamado do Teixeirão para o “novo Eldorado”?
Luiz Carlos Menezes – Na
realidade, houve trabalhos anteriores, no sentido de se criar uma estrutura na
época do coronel Humberto da Silva Guedes. Vamos dar nome aos bois: o
planejamento do estado coube à administração do coronel Humberto Guedes. Foi no
governo dele que se criaram as secretarias. A Extensão Rural, além de
engenheiros agrônomos, tinha médico veterinário, técnico agrícola,
profissionais que ocuparam a linha de frente. Hoje, já diversificou muito, já
tem engenheiro de pesca etc. Mas, no começo tinha apenas um engenheiro
florestal. O Janci, que chegou a ser secretário. Mas não existia ainda um órgão
de pesquisa.
Redação – Esse órgão de pesquisa foi criado quando?
Luiz Carlos Menezes – Em
1975, foi criada a Unidade de Pesquisa – UEPAE. Naquela época eu estava ainda
como secretário-adjunto da Emater e veio a diretoria da EMBRAPA em busca de
apoio, não só de apoio logístico, mas, também de recursos humanos. Naquela
ocasião, o William Cury era gerente de pecuária na Aster. O Cury sempre foi
muito dinâmico e tinha um trabalho sobre a pecuarização em Rondônia desde 1974.
Então, nós cedemos o Cury para implantar a Unidade de Pesquisa – UEPAE, da qual
ele foi chefe e chegou até a ganhar um prêmio outorgado pela Embrapa.
Redação – As terras de Rondônia são realmente boas?
Luiz Carlos Menezes – Sim.
Nós temos um trabalho feito pela Embrapa que durou quase cinco anos, que
constata que existem em Rondônia terras de boa e média fertilidade. Existe um
quadrilátero de Ariquemes até Cacoal bem consolidado de boa e média
fertilidade, aí vem a região de Colorado D’Oeste, descendo por Cabixi. Rondônia
tem um potencial muito grande de terras boas.
Redação – O que produzimos?
Luiz Carlos Menezes – Além
da pecuária, temos o café, cacau, soja, arroz, cará na região de São Francisco.
Somos o segundo produtor brasileiro de café conilon. Estamos partindo para uma
agricultura mais moderna, com muitos profissionais, agricultura de precisão,
plantio direto. Também temos a fruticultura, as hortaliças, estamos vendendo
tomate até para Goiás, que é tido como grande produtor.
Redação – O destaque é da pecuária com mais de 12 milhões de
cabeças?
Luiz Carlos Menezes – Nesse
segmento temos a pecuária de leite e a de corte. Rondônia é o principal
produtor de leite da região norte, exportamos carne para a Rússia e outros
países do mundo. Para chegar a isso, houve muito trabalho, alguns colegas
realmente deram a vida por isso. Pra você ter uma idéia, no final dos anos 70,
nós tínhamos 30 mil famílias esperando para serem assentadas, famílias que
estavam agregadas a outras famílias, que estavam nos arredores de cidades como
Ji-Paraná. Foi um trabalho imenso na época. Agora, tudo já está mais bem encaminhado.
E vamos estar numa situação muito melhor daqui a alguns anos.
Redação – É verdade que Rondônia é referência no quesito Reforma
Agrária?
Luiz Carlos Menezes – Isso a gente pode bater no peito e dizer,
Rondônia foi onde a reforma agrária realmente existiu. Eram terras antigas que
tinham os títulos de Mato Grosso que foram respeitados, dentro de um estudo de
cadeia dominial dos seringalistas. Claro que não ficaram com a pretensão que
eles queriam, mas ficaram com áreas bem representativas.
Redação – Agora vamos falar de outra fase da sua vida, que é a
política. O senhor chegou a ser eleito deputado estadual. Fale sobre essa
experiência...
Luiz Carlos Menezes – Foi o
seguinte: Na realidade, além da extensão rural, na época do governador Jorge
Teixeira, assumi como secretário-adjunto da agricultura. O Cury era o
secretário e quando ele saiu para assumir a Codaron, eu passei a secretário
titular e fui até o final do governo do Jorge Teixeira. Então sempre tive muito
conhecimento com os profissionais técnicos da área. A gente trouxe muitos
profissionais, naquela época a gente tinha que ir buscar mesmo. Com a saída do
governador Jorge Teixeira, fui fazer Mestrado em Administração Rural em Lavras
- Minas Gerais. Quando retornei, fui colocado à disposição da Embrapa, onde fui
pesquisador da área de seringueiras e chefe da área de difusão de tecnologia.
No governo Oswaldo Piana, o Canuto era o vice-governador, o Nilson era
secretário de Agricultura. Assumi o cargo de secretário-executivo da Emater
pela segunda vez e, nesse período, a gente fez um trabalho muito bom. Foi na
época que se resgatou o Planaforo.
Redação – Planaforo?
Luiz Carlos Menezes – Sim.
O senador José de Abreu Bianco conseguiu que o Planaforo fosse aprovado e
abrimos vários outros escritórios, centro de treinamentos, veio muito recurso
para a Extensão Rural e o nome da gente foi sempre bem aceito. Na realidade eu
nunca pretendi ser político de carreira, participar da política a gente
participava mas, no apagar das luzes...
Redação – Aceitou ser candidato?
Luiz Carlos Menezes – O
Silvernani Santos, que era deputado estadual, resolveu sair a deputado federal,
abrindo a lacuna para estadual e a turma falou: “Luiz, agora é a sua vez”, e me
convenceram. Eu não era registrado em partido nenhum, então me filiaram no PNN
e então sai por aí fazendo campanha.
Redação – Foi bem
votado?
Luiz Carlos Menezes – Na
época, fui o terceiro mais bem votado para a Assembleia Legislativa de
Rondônia. Se me perguntarem se fui um deputado atuante, digo que fui. Conseguimos
aprovar diversos projetos, mas, considero uma fase muito difícil. Nosso
candidato a governador era o Chiquilito, que perdeu pro Raupp e nós mantivemos
a posição de oposição ao governo, mas, uma oposição responsável que, se visse
que o projeto era bom para o estado aprovava. Tive muita dificuldade, na época
não existiam as emendas parlamentares.
Redação – O senhor ficou como deputado até 1999. E depois?
Luiz Carlos Menezes – Na
realidade, tentei a reeleição mas não logrei êxito, porque não estava em
condições, o governo era outro e não fui reeleito. Fui secretário municipal na
época do prefeito Carlinhos Camurça e depois recebi um convite do então senador
Rubens Moreira Mendes, porque estava sendo criada a Conab, e eu fui o primeiro
superintendente da Conab em Rondônia. Passei três anos e meio nessa função e
retornei para a Embrapa, onde fiquei até me aposentar.
Redação – E a família?
Luiz Carlos Menezes – Tenho
três filhos, sou divorciado da primeira mulher e hoje sou casado com a dona
Isabel Cristina Machado Cardoso.
Redação – Presta serviço aonde?
Luiz Carlos Menezes – Hoje
sou assessor técnico da Comissão de Agropecuária e Política Rural na Assembleia
Legislativa, cujo presidente da Comissão é o deputado Luiz Cláudio.
Redação – E hoje, como o senhor vê o desenvolvimento do estado,
na sua especialidade?
Luiz Carlos Menezes – Era
para estar melhor, alguns programas foram desativados, programas voltados principalmente
para a agricultura familiar. Acontece que o papel do governo pro médio e grande
produtor é o apoio logístico, é você buscar alternativas pra que eles tenham
condições de trazer tecnologias novas. Tem o trabalho da extensão rural que
continua, mas, alguns programas que foram desativados, até mesmo por falta de
definições nos dois anos do atual governo, trouxe algumas consequências que
vieram reduzir nossa produção de lavouras temporárias, como é o caso do arroz,
do milho, feijão e café. É uma questão de ajustes de programas. No governo
anterior se tinha o programa de distribuição de sementes o Semear. Em termos de
pecuária continua-se avançando, pecuária de leite e de corte. Em termos de
definições de políticas agrícolas houve muitas mudanças. Temos agora o
secretário Padovani que tem buscado contornar toda essa situação, mas pegou a
secretaria com essa deficiência de distribuição de sementes e como agora, em
função de não poder mais se desmatar, a mecanização é muito importante para a
preparação do solo. O ano agrícola é diferente, por exemplo, estamos vivendo o
ano agrícola 2013/2014 esse modelo, faz com que um governador sempre entregue
para o outro o ano agrícola em andamento aí em termos de planejamento, o
governo que entra fica prejudicado.
Redação – Para finalizar: Qual o futuro agrícola de Rondônia na
sua visão?
Luiz Carlos Menezes –
Rondônia é formada por pequenos produtores, são mais de 80 mil pequenos
produtores com área de até 240 hectares. Na medida em que se tenha políticas de
crédito, assistência técnica, pesquisa, em Rondônia vai perdurar por muitos
anos ainda a pequena produção, contribuindo de forma muita efetiva, mas, hoje
existe um trabalho de recuperação de área degradável, já estão plantando muita
soja, tudo com tecnologia. Vejo Rondônia com potencial agrícola para todos
esses níveis de produtores
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