sexta-feira, 28 de março de 2014

Dia 31 de março ha 50 anos



Por Silvio M. Santos

O golpe militar de 31 de março de 1964, que muitos insistem em chamar revolução, só chegou a Porto Velho pra valer, no dia 24 de abril daquele ano, quando aqui desembarcou na calada da noite, o Capitão Anacreonte, com ordens para dar cabo (prender), os comunistas ou aqueles que apenas discordavam do regime comandado pelos militares.
Vale salientar que o rondoniense era acostumado a ser governado por militares, pois desde a criação do Território Federal do Guaporé em 13 de Setembro de 1943, os governadores com pouquíssimas exceções, eram militares, por isso a “revolução”, não foi tão sentida por estas bandas, a não ser por aqueles que se diziam comunistas ou antimilitares desde o tempo do Guaporé.
A vida do rondoniense e no nosso caso, dos portovelhenses continuava normal, inclusive, a única emissora de rádio existente a época Rádio Caiari, local onde eu trabalhava como operador de áudio e apresentador (locutor) de programas musicais, não sofreu nenhuma censura em sua programação por conta da “Revolução”, a única exigência era que a direção da emissora, tinha que gravar a programação diária em fita (rolo) e entregar no Comando do Exército ou da Revolução local. Isso até o dia 24 de abril de 1964, quando o capitão Anacreonte tomou conta do palácio Presidente Vargas prendendo o governador interino Eudes Camponizzi. Essa história você fica sabendo nos escritos do historiador Francisco Matias.
O que eu quero contar pra vocês é a história da nossa turma de jovens.

O dia que a revolução chegou a Rondônia

Era uma quinta feira dia 23 de abril de 1964, a juventude estava reunida no Clube Ferroviário cuja sede, era ao lado da praça Rondon, e ainda não existia a rua Norte Sul (Rogério Weber). O conjunto musical The Clevers estava de passagem por Porto Velho e como não tinha voo previsto para São Paulo nos próximos dias, se apresentava como se fosse uma banda local, todas as quinta feiras no Ferroviário. A festinha como a gente chamava as “baladas” da época, começavam às 21h00 e terminavam o mais tardar Uma Hora da madrugada. O Yê, Yê rolando solto e a turma dançando na maior, quando as luzes do salão são acesas.
Para surpresa de todos, vários soldados do exército, de baioneta escala, se posicionaram a beira do salão de dança, enquanto o comandante daquela tropa, subiu ao palco e ordenou: “Os senhores têm Um Hora para deixar esse ambiente e se recolherem as suas residências, quem for encontrado pela rua a partir dessa Uma Hora, será recolhido ao xadrez do exército”.
A nossa turma da “feira”, apesar de no inicio tremer mais que vara verde se tranquilizou, pois, nossa casa ficava ali na avenida Farquar entre a Sete e a hoje Renato Medeiros ou seja, a menos de 500 metros da sede do Ferroviário.
Nossa festa acabou ali, mas, os quartéis festejaram a chegada como presos político do regime militar: Floriano Rodrigues Riva, Rafael Vaz e Silva, Távora Buarque, Harry Covas, Rafael Jaime Castiel, e outros. 
Há cinquenta anos!


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