Por
Silvio M. Santos
O golpe militar de 31 de
março de 1964, que muitos insistem em chamar revolução, só chegou a Porto Velho
pra valer, no dia 24 de abril daquele ano, quando aqui desembarcou na calada da
noite, o Capitão Anacreonte, com ordens para dar cabo (prender), os comunistas
ou aqueles que apenas discordavam do regime comandado pelos militares.
Vale salientar que o
rondoniense era acostumado a ser governado por militares, pois desde a criação
do Território Federal do Guaporé em 13 de Setembro de 1943, os governadores com
pouquíssimas exceções, eram militares, por isso a “revolução”, não foi tão
sentida por estas bandas, a não ser por aqueles que se diziam comunistas ou antimilitares
desde o tempo do Guaporé.
A vida do rondoniense e no
nosso caso, dos portovelhenses continuava normal, inclusive, a única emissora
de rádio existente a época Rádio Caiari, local onde eu trabalhava como operador
de áudio e apresentador (locutor) de programas musicais, não sofreu nenhuma
censura em sua programação por conta da “Revolução”, a única exigência era que
a direção da emissora, tinha que gravar a programação diária em fita (rolo) e
entregar no Comando do Exército ou da Revolução local. Isso até o dia 24 de abril
de 1964, quando o capitão Anacreonte tomou conta do palácio Presidente Vargas
prendendo o governador interino Eudes Camponizzi. Essa história você fica
sabendo nos escritos do historiador Francisco Matias.
O que eu quero contar pra
vocês é a história da nossa turma de jovens.
O
dia que a revolução chegou a Rondônia
Era uma quinta feira dia 23
de abril de 1964, a juventude estava reunida no Clube Ferroviário cuja sede,
era ao lado da praça Rondon, e ainda não existia a rua Norte Sul (Rogério
Weber). O conjunto musical The Clevers estava de passagem por Porto Velho e
como não tinha voo previsto para São Paulo nos próximos dias, se apresentava
como se fosse uma banda local, todas as quinta feiras no Ferroviário. A festinha
como a gente chamava as “baladas” da época, começavam às 21h00 e terminavam o
mais tardar Uma Hora da madrugada. O Yê, Yê rolando solto e a turma dançando na
maior, quando as luzes do salão são acesas.
Para surpresa de todos,
vários soldados do exército, de baioneta escala, se posicionaram a beira do salão
de dança, enquanto o comandante daquela tropa, subiu ao palco e ordenou: “Os
senhores têm Um Hora para deixar esse ambiente e se recolherem as suas
residências, quem for encontrado pela rua a partir dessa Uma Hora, será
recolhido ao xadrez do exército”.
A nossa turma da “feira”,
apesar de no inicio tremer mais que vara verde se tranquilizou, pois, nossa
casa ficava ali na avenida Farquar entre a Sete e a hoje Renato Medeiros ou
seja, a menos de 500 metros da sede do Ferroviário.
Nossa festa acabou ali, mas,
os quartéis festejaram a chegada como presos político do regime militar: Floriano
Rodrigues Riva, Rafael Vaz e Silva, Távora Buarque, Harry Covas, Rafael Jaime
Castiel, e outros.
Há
cinquenta anos!
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