A Estrada
de Ferro Madeira Mamoré foi inaugurada oficialmente no dia 1º de agosto de
1912.
Tenho
quase certeza, de que no Brasil, não existe nenhum patrimônio histórico, cuja
preservação, tenha passado por tantos percalços, como a nossa Estrada de Ferro
Madeira Mamoré.
A história da nossa ferrovia começa no século XIX, exatamente no ano de 1846, quando o engenheiro boliviano José Augustin Palácios recomenda a construção de uma ferrovia às margens do Rio Madeira. Já em 1861 o general boliviano Quentin Quevedo defende a canalização das cachoeiras do Rio Madeira ou a construção de uma ferrovia, fato também recomendado (no mesmo ano), pelo engenheiro brasileiro João Martins da Silva. Foi então que a construção da ferrovia, passou a fazer parte da pauta das discussões sobre a saída da produção boliviana pelo oceano Atlântico.
O tempo passou até que no ano de 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis o Brasil se comprometeu a construir a ferrovia cujo objetivo, era vencer o trecho encachoeirado do Rio Madeira, para justamente facilitar o escoa
mento da borracha boliviana e brasileira pelo Oceano Atlântico.
Ainda no século XIX as empresas que se
comprometeram com sua construção se deram mal. O historiador Dante Fonseca
registra as duas primeiras tentativas que fracassaram. A primeira, em 1872, a
Public Works que não conhecia o território, nem a fauna e flora, por isso
perdeu para a natureza.
O placar ficou 2 a 0 quando a empresa P.&T.
Collins, contratada pelo coronel Church, foi encarregada da segunda tentativa
de construção da ferrovia. Dessa vez, principalmente, as revoltas dos
trabalhadores provocadas pela falta de pagamento levaram o empreendimento ao
fracasso.
Na verdade, a construção começou mesmo, no ano de
1907 e desde então, até sua conclusão em 1912, muita água passou por debaixo
das pontes existentes de Porto Velho até Guajará Mirim.
A
DESATIVAÇÃO
Em 25 de maio de 1966, depois de 54 anos de
atividades, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré teve sua desativação determinada
pelo então Presidente da República Humberto de Alencar Castelo Branco. No dia 10
de julho de 1972 as máquinas apitaram pela última vez.
Em 1979, o acervo começou a ser vendido como sucata para uma siderúrgica de Mogi das Cruzes, em São Paulo.
Em 1981 no governo do Coronel Jorge Teixeira de
Oliveira voltou a funcionar num trecho de 7 quilômetros (Até Santo Antônio), em
1982 chegou a Vila do Teotônio. Depois de um tempo parada, a locomotiva voltou
a apitar em 1995 e em 2000 depois que o bueiro do Igarapé Bate Estaca desmoronou,
parou de vez.
REVITALIZAÇÃO
Nesse interim, o Complexo da Estrada de Ferro
Madeira Mamoré em Porto Velho passou por algumas reformas, com destaque a
realizada pelo governo de Oswaldo Piana que inclusive construiu o anfiteatro
que até hoje existe. Na gestão do prefeito Roberto Sobrinho mais uma revitalização
foi realizada, porém, o trem não voltou a trafegar.
O NOVO
COMPLEXO TURISTICO
A prefeitura de Porto Velho assumiu o Complexo
Madeira Mamoré em 2018, com o propósito de realizar sua revitalização. As obras
tiveram início em 2019, com recursos oriundos da compensação ambiental da Santo
Antônio Energia no valor aproximado de R$ 23 Milhões. “Esse dinheiro estava a disposição
desde o governo do Roberto Sobrinho” lembra o presidente da Funcultural
Ocampo Fernandes.
A atual revitalização abrange a restauração dos galpões,
construção de uma passarela que vai até o porto do Cai N’água, centro de convivências,
auditório, estacionamento, pista de caminhada, posto policial, bares,
restaurantes, lanchonete, mirante e espaços para venda de produtos regionais. ”A
obra sobre responsabilidade da Santo Antônio Energia deve ser entregue, até o
mês de outubro, já a inauguração total do Complexo Turístico, o prefeito Hildon
Chaves quer fazer até o mês de dezembro”, disse Ocampo complementando: “A
Madeira Mamoré é nossa vida”.
Texto - Silvio M. Santos (Zekatraca)
Fotos – Ana Célia Santos
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