Faz frio em Vilhena,
Faz calor em Porto Velho.
Do ponto mais elevado do
estado, o Pico do Tracoá, imagino o mundo mágico em volta com muitos acidentes
geográficos e biomas que se perdem na vastidão do pensamento.
Rondônia múltipla, preciosidade
que o Brasil ainda não conhece.
Da chicha, do chimarrão e do
tacacá. Que reúnem o povo como o vinho em Porto.
Dos ritos tão antigos nas
aldeias, da Ayahuasca, das cantigas centenárias da Irmandade do Divino, do
folclore rico e raro no Baixo Madeira.
Dos velhos mercados e da
Calçada da Fama da capital, em que a tímida igrejinha de Santo Antônio convive
ao lado da usina colossal que gera energia para milhões de brasileiros.
Do Vai Quem Quer, do Duelo da
Fronteira, da Festa do Divino, da Flor do Maracujá, do Festejo de Nazaré... A
festa nunca acaba nestas paragens do poente.
Das fronteiras imensas e
verdejantes de um Brasil que não está na tela da TV, há cor e vibração
positivas de causos e contos de velhos seringais.
Muita riqueza e fartura também
nas lavouras sem-fim, no extrativismo, na pesca, na nascente indústria, na
cultura e no turismo.
Rondônia de quilombolas, de
beiradeiros, de seringueiros, de índios e de nações perdidas: Inca, indígenas,
pomerana.
De emigrantes de todo o mundo,
dominadores e dominados. Dos latifúndios, dos lavradores, dos sem-terra e dos
com-poesia.
“Azul, nosso céu é sempre
azul”, entoa o Hino mais belo da Nação. Azul cobrindo rios repletos de iaras,
cobras-grandes, botos traquinas, peixes os mais sortidos do planeta.
Encontros das água: dos rios
Mamoré e Pacaás; do Beni e o Mamoré (formando o Madeirão, o maior de todos por
aqui, onde vivem 800 espécies de peixes, mais rica ictiofauna da Terra). Rios
tantos, quase 100: Madeira, Guaporé, Roosevelt, Machado, Jamari, Pimenta, 14 de
Abril, Iquê, Candeias...
Rondônia das águas, também do
serrado, da savana, do pantanal e da Amazônia, biodiversidades que encanta a
todos...
De cidades-perdidas no tempo
como Santo Antônio que um dia foi o maior município do mundo, e de outras que
nascem e crescem no estalar dos dedos com comércios fortes, casas bonitas,
bairros inteiros que brotam no chão sagrado pelas mãos e sonhos de homens e
mulheres que fizeram daqui a Canaã; urbes antenadas à tecnologia presente até
na agricultura e ricas às custas do trabalho de tantos...
Rondônia de lugares misteriosos
e cheios de histórias: Forte Príncipe da Beira, Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, Urumacuã, postos telegráficos abandonados pelos caminhos de
Rondon...
De todas as línguas, Torre de
Babel que deu certo. Há ecos até de línguas desconhecidas ou pouco conhecidas e
já extintas: nambiquara eu me lembro, porque está eternizada em Tristes
trópicos!
Rondônia dos carris que foram
as veias desse lugar, conduziram vidas e histórias na Estrada de Ferro
atravessando vilarejos do faroestes caboclo, seringais, terras boas, de
riquezas minerais, por onde andaram tantos povos, o modernista Mário de Andrade
e a cientista feminista Emilie Snethlage...
Enfim, somos a terra de gentes
de todos os tipos que movimentam a nova civilização chamada Rondônia, único
estado que personifica e ostenta com orgulho um herói nacional em seu próprio
nome.
Rondônia, terra de Rondon no
dizer de Roquette-Pinto; portal de entrada da sagrada Amazônia, no coração da
América do Sul.
Júlio
Olivar
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