O
humorista Tiririca que vai apresentar o espetáculo “Minha
História” no Teatro Palácio das Artes Rondônia em Porto
Velho, neste domingo dia 6, em entrevista ao Broadcast, explica o
porque, depois de sete anos atuando como deputado Federal, resolveu
voltar aos palcos.
No
sétimo ano consecutivo de mandato, o deputado Francisco Everardo
Oliveira Silva, o Tiririca (PR-SP), está desiludido com a política
e propenso a encerrar a carreira parlamentar em 2018. Em entrevista
ao Broadcast
Políticonesta
quinta-feira, 3, um dia após votar pela abertura de investigação
contra o presidente Michel Temer (PMDB) por corrupção passiva, ele
critica o Congresso Nacional e diz não ter o “jogo
de cintura”
exigido para ser político. "Não vai mudar. O sistema é esse.
É toma lá, dá cá", afirmou.
Tiririca
vê a maioria dos parlamentares trabalhando para atender interesses
próprios, em detrimento do povo. Ele avalia que há parlamentares
bem intencionados, mas que não conseguem trabalhar porque o
"sistema" não deixa. Certo dia, uma rapaz o procurou para
oferecer um "negócio" de aluguel de carro. "O cara
disse, 'bicho, vamos fazer assim, tal, o valor tal'. Eu disse: acho
que você está conversando com o cara errado. Não uso carro da
Câmara, o carro é meu. Ele disse: 'não, é porque a maioria faz
isso'", relatou o parlamentar, sem dar nomes e mais detalhes
sobre o fato. "Fiquei muito decepcionado com muita coisa que vi
lá", acrescentou.
Após
se eleger duas vezes deputado com mais de um milhão de votos em cada
uma das eleições, Tiririca acha que não tem como continuar na
política. “Do fundo do meu coração, estou em dúvida, e mais
para não disputar”, confessou.
Tiririca
confessa que disputou o primeiro mandato, em 2010, apenas para tentar
ganhar visibilidade como artista. Mudou de ideia quando foi eleito
com 1,3 milhão de votos, o que o tornou o deputado mais votado do
País. "Aí disse: opa, espera aí. Teve voto de protesto, teve.
Mas teve voto de pessoas que acreditam em mim. Não posso brincar com
isso", afirmou. À época, o deputado foi eleito ao usar o
slogan "Pior do que está não fica" durante sua campanha.
Em
2014, decidiu disputar reeleição “para provar que não estava de
brincadeira e que fiz a diferença na política”. E foi reeleito
com 1,016 milhão de votos.
No
segundo mandato, Tiririca votou tanto a favor do impeachment da
ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e pela abertura de investigação
contra Temer, mesmo com a pressão da direção partidária sobre
ele. "Tem um ditado que minha mãe fala sempre: errou, tem que
pagar", disse. Para ele, os indícios apresentados contra o
presidente "era coisa muito forte". "Acho que ele
tinha que entregar os pontos e pedir para sair. Foi muito feio, muito
agressivo para o País essas denúncias", afirmou.
Quando
perguntado se o Brasil tem jeito, lembra uma música "das
antigas" de Bezerra da Silva, cujo refrão diz “para
tirar meu Brasil dessa baderna, só quando morcego doar sangue e saci
cruzar as pernas”.
Com
toda a desilusão e os planos de deixar a política, Tiririca voltou
a fazer shows como palhaço há cinco meses. O espetáculo conta a
história de vida dele e é exibido de sexta a domingo, cada fim de
semana em um Estado. De segunda a quinta-feira fica em Brasília,
onde mora com a esposa e uma da filhas.
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