Por Altair Santos (tatá)
Salve a sua majestade o
samba nosso de todo o sempre e vivas a Waldemir Pinheiro da Silva, um dos seus
bambas, porta-voz e defensor inarredável. Vivinho “da Silva” até no sobrenome e
ancorado na artística tratativa de Bainha, este admirado, querido e
indefectível senhor, entre nós desfila tão honroso e amado em cidadão Waldemir
quão serelepe e festivo em consanguíneo folião da pátria de Zé Pereira. É o
menestrel do samba, alado como a águia da sua Portela, um nativo pintado de
jenipapo e urucum, partideiro de moral sobre os trilhos da adormecida Madeira
Mamoré, professor e homem plural do samba e da cultura popular, livre e de
peito aberto, ao vento, quase sempre sem camisa, leve e solto em solo karipuna.
Parabéns para o homem que
comeu cera, segundo vaticina a amiga Luciana Oliveira quando diz da intangível
juventude do Bainha. Cá pra nós o moço parece ter consigo, impregnado na cútis,
o DNA da tabatinga terapêutica e miraculosa das barrancas, ele parece emergiu
todo besuntado do pré-sal de um raro colágeno in natura.
Então que rufem os tambores
de Santa Bárbara em pontos de bons auspícios a esse fervoroso jovem de 7.9. Que
se espiche sempre possível à mão de tão obediente devoto, ainda que em
suficientes fiapos, o concorrido e sagrado sisal do Círio da Virgem de Nazaré
de Belém do Pará, diante de quem o Bainha se curva em reza forte e depois
extravasa fogueteiro, feito um menino, a estourar rojões nas ruas da zona sul
de Porto Velho.
Hoje o memorial da nossa
tradição cultural amazônica e brasileira ecoa hinários boêmios, sambistas e
religiosos, sagrados mantras de deferência ao enluarado filho da tacacazeira
Marieta, parido ao testemunho da natureza farta e provedora do Forte Príncipe da
Beira que, cedo, a mira do seu vento soprou o Bainha, ave e avião, para pousar
já rimando e ritmado aqui, na cidade-porto, a sua sempre passarela.
Eia Bainha, que hoje
tremulem festeiros e irmanados os estandartes do Asfaltão, Diplomatas do Samba,
Pobres do Caiari, Unidos da Castanheira, Mocidade do Km 1, Armário Grande, do
Império do Samba, São João Batista, Rádio Farol, Acadêmicos da Zona Leste, Boto
Verde Rosa, Triângulo Não Morreu e Unidos do Mato Grosso, enfim, das escolas
todas deste solo onde o Bainha sagradamente foi, e é, ilustre visitante,
paramentado pela ciência e indumentária de mestre compositor, ritmista, cantor
e passista.
Nesse 12 de agosto, com cara
de fevereiro, “a gosto de Deus,” e assim seja, que o Galo da Meia Noite, a
Banda do Vai Quem Quer, o Até que a Noite Vire Dia, o Pirarucu do Madeira, o
Calixto & Cia, o Mistura Fina e os demais cordões de Porto Velho,
alegrem-se ao redor do Bainha esse aquinhoado e, graças a Deus, irrequieto
letrista que, “mesmo quando não está compondo, está sempre fazendo outra
música,” um samba de preferência.
Unem-se familiares, amigos e
admiradores do Bainha, em torno do samba e em homenagem, traduzindo o que
sempre carinhosamente pensamos e, sobre ele, grafamos:
Bainha, uma pessoa do samba,
o samba em pessoa!
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