Por
Basinho
O
PIRARUCU não é um bloco qualquer, é um Estado de Espírito em são
Devaneio! Nas suas 27 primaveras de muita folia sem pé nem cabeça,
o Pirarucu é uma Aquarela Brasileira, exalando os cinquenta tons do
arco-íris, com cheiro de Terra e de Povo frevando ao som dos
batuques e clarins como uma horda de doces bárbaros bailarinos
saltitando ao sabor da alegria, vendendo sonhos e paixões e levando
para as ruas e becos o translúcido espírito de Macunaíma!
A
Pajelança tribal deste ano vai enaltecer os Guaporés, Karipunas,
Tupiniquins, Tupis, Guaranis, Cinta-Largas, Tupinabás e Karitianas e
tantas outras nações de Povos da Floresta que habitam a mãe-terra
desde bem antes da chegada do branco europeu à caça de ouro e
pedras preciosas! A tese de que fomos descobertos é uma Arapuca! Os
índios estão aqui nesta Biboca desde sempre! A Catapora quando não
mata, deixa o cabra Jururu! O Curumim precisa comer Maniçoba, que dá
sustança! Domingo tem Fla-Flu no Maracanã! Na Cuia é que a Abacaba
fica boa, maninha! O falar indígena entrou em nossa boca e atingiu
as veias mais profundas do coração brasileiro, despertando a fome
de olho maior que a barriga pelos quitutes da aldeia! Daí nossa tara
gastronômica pelo Beiju, Tapioca, Pipoca, Moqueca de Peixe, Canjica,
Tacacá e Mujangué! A Maloca do Chicão é o Tapiri do Imaginário!
Enterrado
em alguma curva do rio, o coração do saudoso Waldemar Cachorro
ressuscita dos mortos e esquecidos para abençoar os tribalistas em
piruetas, trejeitos, sacudidas e palhaçadas pelas ruas da cidade
atônita! É que a pândega holística do Pirarucu está assentada na
lógica inusitada de que é deixando a vida nos levar que levamos a
vida, bebendo na fonte da alegria, amando nossos valores culturais
mais caros, compartilhando em desbundes utópicos nossa faceta mais
autêntica e vital: a humanidade mais sofrida, profunda e despojada
que habita o coração de cada brincante em razão de sentido algum e
para todos os sentidos possíveis no horizonte de que, se estamos
juntos na folia e na celebração, também poderemos estar juntos no
ato da ação e da transformação da realidade, na empreitada da
construção de um mundo melhor para todos! Em pura e democrática
diversidade!
A
Comenda Mérito Cultural Bloco Rei da Selva, do Waldemar Cachorro, na
categoria Selo Prata, será entregue pela Associação Cultural Rio
Madeira, em parceria com o Programa Viva Rondônia, do Anisinho
Gorayeb, ao casal de beradeiros botocudos Ernande Segismundo e
Luciana Oliveira, que receberão a homenagem em nome de todo o bloco!
Waldemar
de Holanda Pinto, compadre dos índios, não esquecemos de você!!!
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