Das loucuras da Vida a
Ilusão do Carnaval
Há quem diga que o carnaval
das agremiações de Porto Velho, aquele que traz enredos que são elaborados e
estudados, que mobiliza comunidades para seus ensaios, que conta histórias
através de seus sambas, já era. O que existe agora é o carnaval dos trios, das
vendas de abadas, das músicas sem sentido que enlouquece a multidão que, em sua
maioria, os seguem na ânsia de extravasar seus sentimentos e atitudes muitas
das vezes ocultos. Nada contra esta nova modalidade de carnaval, mas sou
nostálgico e gosto mesmo é do bom samba, dos barracões, dos ensaios da bateria,
dos brincantes coreografando as alas. Enfim, apesar de não ter muita habilidade
com as palavras, tentarei colocar o que eu achei do carnaval que passou (2013).
Sempre acompanhei, com muito
interesse e entusiasmo, as notícias referentes ao carnaval. Não irei, neste
artigo, me ater ao carnaval de trios, mas apenas ao carnaval das agremiações de
Blocos Carnavalescos e das Escolas de Samba, das quais tive a honra de
participar, apenas, de 1969 a 2009. Acredito que em 40 anos pude contribuir de
uma maneira ou de outra, para que a essa tradição fosse mantida. Bem, pelo que
eu pude acompanhar vendo e lendo, houve uma omissão total de todos os
dirigentes, tanto os que coordenam, quanto aos que se dizem Presidentes de
Agremiações. Hoje, o que vemos, são as agremiações serem dirigidas por grupos
familiares que não largam a posse da agremiação de maneira nenhuma. Quando
muito, colocam alguém estranho à família, na Diretoria, na figura de
“Presidente de Honra”. Tem Agremiação que uma só pessoa é tudo, desde
Presidente a carnavalesco. O pior é que são dirigentes impostos, com o
pensamento de mil novecentos e trá-lá-lá.
O que mais me deixa triste é que o que andam fazendo com a administração
do orçamento de algumas Escolas de samba em Porto Velho. Sempre com a mesma
conversa de que “Precisamos de dinheiro para fazer um espetáculo”, mas na
verdade, o que se vê é um tal de cola um papelzinho aqui, amarra um arame ali,
bate um preguinho acolá, e o que sobra, vai para o deleite de alguns após o
carnaval. São com esses pensamentos e atitudes que o nosso carnaval vem
convivendo há algum tempo.
Ainda mais decepcionante é
com relação aos Dirigentes que são nomeados pelo Poder Público pra dirigir a
cultura. Ultimamente essas pessoas que ocupam esses cargos, nos dão a impressão
que estão ali só para defender o salário, pois não tem compromisso com nada, a
não ser com o Chefe Político dono daquele latifúndio. Cada um que chega quer
deixar a sua marca de alguma forma. Até hoje não sei por que mudaram o nome da
Fundação Iaripuna, para o sugestivo FUNCULTURAL. Coisa de quem quer “mostrar
serviço” (Chicão que o diga). A verdade é que o segmento cultural só é chamado
quando se dá a campanha política, que os coordenadores aplicam aquele famoso
“171” que eles costumam chamar de Plano de Governo para a cultura. No Amapá,
Pará, Amazonas, Tocantins, Roraima, por exemplo, o Governo prestigia a cultura,
com investimento, com seminários, com intercâmbios, ou seja, há um interesse de
conservação da cultura. Aqui só se
escuta a mesma cantilena: “deixe aqui o seu projeto que vamos analisar”, ou
então “ o seu projeto está interessante mas infelizmente não temos orçamento”,
é a resposta que dão. Gozado que quando estão fora do poder, criticam os que
agem desse modo. Mas quando chegam lá, agem da mesma forma ou pior dos que lá
estavam. Gente, chega de estar exercitando nosso sentimento de vira-lata, com
inveja da casa do vizinho. Vamos fazer mais pela nossa herança cultural.
Para finalizar, gostaria de
fazer um agradecimento ao Sr. “Zé Katraca” que, apesar de muitos não gostarem
da maneira como ele aborda determinados assuntos, é a única voz que nós temos
para divulgar o pouco que produzimos no campo cultural. Quero ainda dizer pros
meninos do Asfaltão: “Muito obrigado pela deferência. Valeu!”.
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