Lenha
na Fogueira
O fazer
cultura, ou simplesmente fazer cultura, não é tarefa fácil, principalmente
quando nos deparamos com pessoas que teimam em acreditar que o fazer cultura é
gerar despesas.
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Segunda
feira passada dia 5, bem que poderíamos ter o prazer em divulgar, vasta
programação cultural, já que oficialmente o 5 de novembro é o Dia Nacional da
Cultura Brasileira.
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Passamos
em branco, como passamos em branco o centenário da criação ou fundação da
Cidade de Porto Velho que aconteceu no dia 4 de julho de 2007.
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É bom
lembrar, que Rondônia é um estado cuja principal marca cultural é a mistura,
principalmente quando nos reportamos a sua capital Porto Velho, que desde sua
criação abriga gente de diferentes povos e culturas.
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Os americanos
que vieram dirigir a construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré trouxeram a
cultura da arrogância, mas, também nos ensinaram a persistir naquilo que
queremos.
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Ao
chegarem aqui encontram os indígenas e a cultura da pesca e da caça e a mais
importante de todas, que é a cultura de só tirar da natureza o que tinha
serventia para o sustento do povo da tribo. Essa ninguém assimilou até hoje!
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Os
negros antilhanos e caribenhos que vieram para Rondônia à época da construção
da EFMM trouxeram a cultura do fazer bem feito e a cultura religiosa, inclusive
o que hoje chamamos de religião de matrizes africanas que em sua maioria são
praticadas nos terreiros.
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Foram
as chamadas barbadianas que ensinaram as caboclas beradeiras e bolivianas a
fazer quitutes, pois enquanto seus maridos estavam no trecho ajudando a
construir a linha férrea elas (as barbadianas), estavam juntamente com seus
filhos vendendo doces e bolos de casa em casa pelas ruas de Porto Velho.
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Depois foi a vez dos nordestinos
chegarem trazendo seus costumes, sua culinária e sua dança que ficou mais
conhecida como forró. Trouxeram então a música nordestina e o caboclo da beira
do Madeira-Mamoré passou a dançar arrastando a chinela no chão pra ver a poeira
levantar. Veio o charque com feijão, prato que os beradeiros agregaram o jerimum
e se tornou mais delicioso.
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E lá vieram os indianos,
mostrando que é bom se vestir com roupas coloridas, os “turcos” em seus
regatões embelezaram nossas caboclas com seus brincos, batons e espelhos. É a
cultura da vaidade no meio beradeiro e porque não dizer indígena.
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Os paraenses trouxeram a culinária, com pratos como
pato no tucupi, tacaca e maniçoba,
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O amazonense o Jaraqui frito com baião de dois e a
caldeirada que em Porto Velho recebeu o reforço do tambaqui, do dourado e da
piraíba.
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Os cariocas trouxeram o samba e as escolas de samba,
a feijoada e a malandragem. Já percebeu como o portovelhense nato é “malandro”
(no bom sentido).
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Os gaúchos trouxeram suas prendas, o chimarrão e o
churrasco.
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O paulista a vontade de produzir e ser o melhor
entre os melhores. Rondônia é um dos estado mais produtivos da região norte.
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E assim fomos montando nossa cultura. Os bolivianos
no ensinaram a gostar de salteña, galinha picante e de dançar La Cumbia.
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O maranhense viu seu bumba-meu-boi ser transformado
em boi bumbá e os nordestinos viram que a dança da quadrilha em Porto Velho é
diferente da dançada por lá. Tudo, fruto da miscigenação na formação do povo de
Porto Velho
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Os mineiros nos fizeram gostar de queijo e do tutu
e do porco a pururuca. Já os goianos o frango com pequi e a galinhada.
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Os índios que sempre viveram por aqui nos mostraram
que tartaruga e tracajá é um prato delicioso. Infelizmente a pesca desses
quelônios está proibida.
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Infelizmente essa miscigenação também nos trouxe os
políticos corruptos e os mais temidos bandidos do Brasil.
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Essa diversidade cultural nos trouxe as usinas do
Madeira e o desmoronamento das barrancas do Madeira.
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A cultura
rondoniense é uma das mais diversas do Brasil que muitos mal informados
ainda insistem em dizer que Rondônia não tem identidade cultural. “Avali” se
tivesse!
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Por falar em diversidade, hoje a programação do
Festcineamazônia está das melhores.
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No teatro Banzeiros, no terreiro, no bairro e nas
escolas. É cinema pra tudo quanto é lado. É a cultura do audiovisual que também
faz parte da cultura de Rondônia.
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Por falar em cultura. A prefeitura através da
Iaripuna vai lançar mais um livro sobre o centenário da Madeira Mamoré. É
cultura da facilidade!
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