terça-feira, 15 de dezembro de 2020

Rondonienses na última edição do Festival Arte como Respiro com 28 apresentações


 

Nesse recorte final, serão exibidas 28 apresentações contempladas em Arte como respiro: múltiplos editais de emergência, representando as cinco regiões do país em oito estados: do Norte, participam projetos do Amazonas, Rondônia e Tocantins; do Nordeste, eles vêm do Ceará e de Pernambuco; do Sudeste, Rio de Janeiro e São Paulo, e do Sul, Santa Catarina, além do Distrito Federal pelo Centro-Oeste. Com linguagens e temáticas variadas, as apresentações entram no ar sempre às 20h e ficam disponíveis por 24 horas para serem assistidos virtualmente (segue anexado todo o serviço da programação). 

Na quarta-feira, dia 16, o festival tem início com a continuação de QUAREN.TINA: o isolamento perfeito de Tina, projeto das atrizes Isabela Mariotto e Júlia Burnier, de São Paulo, no formato de uma série, que reunirá nesta edição quatro vídeos curtos de humor retratando o cotidiano da personagem durante a quarentena. No episódio Brincando com Palavras, Tina conclama seus seguidores a escreverem poemas, contos ou romances durante o isolamento.  

O período atual também inspira Quarentena Poética, da paulistana Tarcila Tanhã, com 10 curtas-poéticos que têm como ponto de partida o isolamento social e os sentimentos causados por essa condição, como medo, solidão e fé. Outro é Solitude: Poesia em Movimento, da bailarina Bárbara Campos, do Distrito Federal, que traz, em três vídeos, os sentimentos aflorados durante o momento de reclusão, e a necessidade de se redescobrir-se. Exibido em série ao longo da programação, neste dia o tema é Inquietação

A região Norte está representada neste primeiro dia do festival com dois projetos. Do Amazonas, o quadro de dança Pato, da bailarina e pesquisadora Gabriela Lima Morhyia, mergulha no universo da pessoa com autismo, que durante a pandemia foi tirada de sua rotina, tendo que viver de perto as crises que vêm e vão. A performance O Quarto, do artista rondoniense Rafael Barros, por sua vez, aborda as sensações, histórias e silêncios resultantes de pesquisa cênica feita na Colônia Juliano Moreira e no Museu Bispo do Rosário, no Rio de Janeiro. 

A noite fecha com o registro do espetáculo carioca Euforia, do ator e diretor Michel Blois. Dividida em um solo com um idoso e outro com uma cadeirante, a peça aborda o desejo desses personagens, que são socialmente olhados como invisíveis aos olhos do prazer comum.

Isolamento

Dança e teatro alternam-se na programação que o festival apresenta na quinta-feira, dia 17. Quem Dança seus Males Espanta é o episódio do dia da série QUAREN.TINA: o isolamento perfeito de Tina, no qual a protagonista, enquanto profissional das artes da cena, lança o desafio da "Lagarta Autônoma" aos seus seguidores. Já a série Solitude: Poesia em Movimento, usa a música Rêverie, de Claude Debussy, para abordar a ausência como mais um dos sentimentos que vieram à tona durante esse período de reclusão. 

Também refletindo sobre o isolamento em decorrência da pandemia, é exibido o projeto Quarenteno, do Tocantins. Conduzido pelo pedagogo e pesquisador de danças urbanas, dança contemporânea e performance Fernando Faleiro, ele fala sobre o estado de quarentena, sobre a casa, o tempo e as amizades em períodos de distanciamento. 

A noite conta com dois projetos do Ceará. Em Bocas, a atriz Nathália Fiuza reúne as performances PalavraAmarração e Da Mesma Carne para simbolizar a boca vermelha como meio para o transbordamento de sentimentos de um corpo inteiro, um corpo feminino e um corpo que se relaciona com a boca. O outro é Ensaio para Ouvir Vozes Além de Quatro Paredes, cena teatral na qual a atriz Joaquina Carlos vive uma personagem fictícia que se diz remanescente do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, um dos movimentos religiosos que surgiu nas terras do Crato, e compartilha memórias, lembranças e experiências da comunidade fundada pelo líder beato José Lourenço. 

O carioca Zabeidas, Trolas, Pimoras, Gripas, por sua vez, traz a narração oral cênica de um conto da tradição mística sufi, protagonizada por contadores de histórias de diferentes cidades. A ação é o primeiro fruto do projeto Cada Um no Seu Quadrado, inaugurado no dia 18 de março de 2020, e que experimenta um processo criativo à distância, relacionando contos de tradição oral e as possibilidades criativas dos aplicativos de videoconferência. 

Já o espetáculo O Jardim, também do Rio de Janeiro, encerra o dia reunindo três contos do dramaturgo irlandês Oscar Wilde com referência ao individualismo, à vaidade, às manipulações e à exploração do homem pelo homem. Em cena, o ator e diretor teatral Márcio Gonçalves interpreta os contos através de uma figura ancestral, presente no imaginário de inúmeras gerações ao longo da história: o contador de histórias.  

Escritas

Na sexta-feira, dia 18, o recorte das artes cênicas no Festival Arte como Respiro exibe Cartas para o Novo Mundo, projeto paulista no qual a bailarina Hellen Audrey apresenta cinco cartas-vídeos com pequenas videodanças, inspiradas em cartografias corporais como possíveis diálogos acerca de um mundo em momento de transições. 

Galáxias, da carioca Polifônica Cia., por sua vez, articula escritos inéditos do diretor e dramaturgo Luiz Felipe Reis com textos do escritor argentino J.P. Zooey, dando sequência a uma investigação focada no tema do Antropoceno e nos impactos humanos na Terra. O foco maior é a observação crítica do modo como a humanidade, ao longo dos tempos, reage às condições da sua existência em meio às forças da Terra e do Cosmos. 

A noite traz, ainda, o último episódio de Solitude: Poesia em Movimento, da bailarina Bárbara Campos, que aborda o sentimento do reencontro ao som de Gymnopédie n° 1, de Erik Satie. QUAREN.TINA: o isolamento perfeito de Tina, também segue com o capítulo Lavando a Alma, no qual Tina estimula seus seguidores a lavarem louça, comparando essa atividade doméstica a uma sessão de terapia. Já no episódio final da série, intitulado Você Não Está Só, que vai ao ar no sábado, dia 19, a personagem revela qual é a melhor companhia durante a quarentena. 

Racial e sensorial

A programação de sábado em Arte como Respiro recebe, de Pernambuco, o quadro de dança Nada Falta, de Liana Gesteira e Nelson Brederode. Numa provocação artística ao humano condicionado a um cotidiano exacerbado de funções e sensações, um corpo coloca-se além de si e também coloca a natureza no limite de sua existência, num convite ao cultivo de outros tempos internos e outras éticas externas. 

Estado de Fazenda ou Poética do Despenhadeiro, poema do compositor, educador, ator e dramaturgo Salloma Salomão, leva à cena memórias do diário de Lima Barreto. Gravado em aparelhos celulares durante a quarentena, Salloma, ao acionar amigos na rede, busca tocá-los com o germe do pensamento do escritor Lima Barreto. 

A temática racial também conduz Meus Cabelos de Baobá, espetáculo do Rio de Janeiro, da atriz e coreógrafa Fernanda Dias. Inspirado no caráter cíclico das mitologias africanas, a história se desenvolve em torno de Dandaluanda. Ao se deparar com episódios nefrálgicos na infância, a menina fantasia um diálogo com o Baobá e é correspondida. A magia que emana da árvore de origem africana, invade a cena e faz com que a mulher Dandaluanda, também alimentada pela sua ancestralidade, valorize sua identidade negra e se torna rainha. 

Atual

A edição cênica do Festival Arte como Respiro chega ao último dia de exibições no domingo, 20 de dezembro, com projetos que levam aos expectadores olhares e reflexões sobre a atualidade. 

Os cearenses do Teatro Máquina estão em Nossos Mortos: Arquivos Desarquivados, cena teatral nascida do exercício feito em abril de 2020 por seis artistas de teatro, que, longe da sala de ensaio, procuram por plataformas virtuais que permitam abrir janelas simultâneas. Cada um, de sua casa, trabalham na proposta de um novo olhar sobre Nossos Mortos, espetáculo estreado em abril de 2018 e que parte do massacre do Caldeirão da Santa Cruz do Deserto, na intenção de desenterrar uma das histórias brasileiras silenciadas. 

Já Carta Corpo, de São Paulo, foi criado a partir do desejo de conectar ainda mais os artistas da dança e criar novas perspectivas e futuros para enfrentar a pandemia da covid-19. Nele, o bailarino e coreógrafo David Costa conecta bailarinos e bailarinas numa rede de dança virtual, fazendo com que o movimento de um tenha continuidade no movimento do outro. O também paulista Ateliê Fomenta participa com O Espirro, A Epifania, que mistura de poesia, ilustração e dança. Esta, criação de Luaa Gabanini, se dá a partir dos movimentos que cabem em um metro cúbico, tendo como referência a janela e a mesa presentes no espaço cênico. 

O carioca Coragem, do coletivo Subtexto, é um experimento performático em videopoesia, voltado aos artistas que estão longe de suas cidades, batalhando e construindo suas carreiras. Patrick Sonata está na performance Desgoverno, que, através de histórias pessoais, debruça-se sobre o tema para falar de corpo negro em diáspora, controle, poder, violência, surto e silenciamento. 

A performance paulista As Gaivotas que Nascem dos Tremores da Terra, da atriz Camila Mota e da poeta Cafira Zoé, é uma cena-poema-visual, que põe em diálogo Tchecov (1860-1904), com A Gaivota, Euclides da Cunha (1866-1909), com Os Sertões, e Notícias do Centro da Terra, e o conto de ficção Kósmica, de Cafira Zoé. O fio dessas dramaturgias coloca em cena a Terra, o planeta, organismo vivo, atentando à dimensão cosmopolítica das existências. O grupo catarinense Cena 11 encerra o festival com Matéria Escura, performance realizada no primeiro mês de isolamento em razão da covid-19. É composto por recortes captados e compartilhados pelos integrantes do Cena 11 em um trabalho via vídeo comunicação à distância, integrando-se a ele textos e frames de vídeo criados para o espetáculo Matéria Escura, com estreia prevista para 2021.

 

SERVIÇO: 

Festival Arte como Respiro – Edição Cênicas 

De 16 a 20 de dezembro (quarta-feira a domingo) 

No site do Itaú Cultural: www.itaucultural.org.br 

Itaú Cultural 

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