Autor - Silvio M. Santos
A sede social do Ferroviário ficava ao lado da Praça Rondon |
Nesta
edição damos continuidade às histórias que fazem parte do livro
de minha autoria, que está prontinho para ser publicado, “PORTO,
VELHO PORTO – HISTÓRIA DA CIDADE ONDE NASCI E VIVO”.
São
histórias que pesquisei em publicações de vários autores que se
preocuparam com a nossa história como Esron Menezes, Amizael Silva,
Abnael Machado de Lima, Yedda Bozarcov, Manoel Rodrigues, Hugo
Ferreira e em especial do meu amigo professor Francisco Matias,
porém, a maioria das histórias, relatam fatos vividos por mim, já
que apesar de ter nascido no Distrito de São Carlos, vivi minha
infância, adolescência e vivo até hoje, em Porto Velho.
Muitas
das histórias que os amigos tomarão conhecimento a partir de hoje,
são exclusivas, pois foram vividas por mim, como é o caso do “O
Galinheiro do Colégio Dom Bosco” e muitas outras.
Infelizmente pelas normas acadêmicas, meu livro não pode ser
considerado como de História, porém, as histórias nele contidas
podemos garantir, a maioria, foram vividas por mim e as demais, fruto
de dias e dias de pesquisas.
Se
você empresário editor, se interessar em produzir o meu Livro,
entre em contato através do celular: (69) 9 9302-1960
O
DIA 31 MARÇO DE 1964
Agora
o Menino Barrigudo já é um rapaz formado, vivendo dias de sucesso
como apresentador de três programas na Rádio Caiari. O primeiro
entre as seis e as sete horas da manhã, “Avisos Para o Interior”,
o segundo das onze ao meio dia, “Sua Música Preferida” e o de
maior audiência “Telefone para 272 e Escolha Sua Música”, o
primeiro programa de uma rádio de Porto Velho que atendia os
ouvintes ao vivo pelo telefone, que ia ao ar entre as 14 e as 16h00.
O garoto agora dava suas escapadas à noite pelas boates Anita, Maria
Eunice, Tambaqui de Ouro, Mãe Preta, Delícia e tantas outras casas
que abrigavam as chamadas “Mulher Solteira”. Barrigudo já não
era mais saqueiro na feira livre e nem dava uma de carregador de
produtos, que chegavam na Lancha do Beradão e no Trem da Feira.
Continuava com o “bucho” quebrado, nada que a camisa não
disfarçasse. Barrigudo havia participado da reunião que criou a
escola de samba “Império do Samba Pobres do Caiari”, que
aconteceu no dia 28 de fevereiro de 1964 e sempre estava na butique
“Viadinho de Ouro” do amigo José Carlos Lobo que ficava no
Mercado Municipal (hoje Mercado Cultural) bem ao lado da lanchonete
do seu Mário e de frente para a Praça Getúlio Vargas.
O conjunto The Clevers passou um tempo em PVH |
Aquele
dia 31 de março transcorreu normal como qualquer outro dia, a não
ser, pelas aprontações que estavam bolando para o dia da Mentira 1º
de abril. Inclusive, a turma estava querendo fazer uma alvorada para
o Dr. Demerval considerado à época, como o maior mentiroso do
pedaço. À noite, já com sua turma da feira, Menino Barrigudo foi
assistir um filme no Cine Teatro Reski e de lá foi para o Clube
Ferroviário que a época, funcionava num barracão de madeira
existente ao lado da praça Mal. Rondon onde a juventude se reunia
para dançar Yê Yê Yê ao som do Conjunto “The Clevers” de São
Paulo, que passou uma temporada em Porto Velho vindo de Rio Branco
Acre, por não ter dinheiro para comprar a passagem de retorno. Era
uma terça feira, os Clevers tocando Beatles, Roberto Carlos e os
sucessos da época e o Menino (agora rapaz) Barrigudo na paquera. De
repente, o Conjunto para a música e um oficial do Exército já no
palco, comunica que todos têm uma hora para se recolher as suas
residências. Isso era aproximadamente onze horas da noite, o salão
ficou repleto de soldados, que com aquela “educação” de
militar, com a coronha de seus fuzis, empurravam no rumo da única
porta de saída (e de entrada), os jovens que estavam se divertindo.
Assim, o Menino Barrigudo presenciou e foi vítima, da primeira ação
da Revolução de 1964 em Porto Velho.
O
GALINHEIRO DO COLÉGIO DOM BOSCO
Corria
o ano de 1961, a Rádio Caiari havia sido inaugurada oficialmente no
21 de fevereiro, então, o então Padre Vitor Hugo, convocou os
técnicos Artur Marques, Fernando Barbosa e o sonoplasta faz tudo,
Francisco Abemor para instalarem o equipamento para a transmissão da
missa de Aleluia. Naquele tempo a missa começava a meia noite.
O
Serviço de Aprendizagem Industrial - SENAI também tinha sido
inaugurado e além dos alunos de Porto Velho, recebeu alunos oriundos
da Bolívia, Guajará Mirim e do estado do Acre. Todos ficaram
internados no Colégio Dom Bosco.
No
feriado da Semana Santa, o diretor do SENAI professor Francisco
(Chico) Otero, decidiu liberar os alunos internos no colégio Dom
Bosco para passarem o feriado fora do internato.
Antes,
é preciso lembrar que os padres salesianos que residiam no Dom Bosco
(hoje Faculdade Católica) na rua Gonçalves Dias, tinham uma criação
de galinha branca, acho que as primeiras que apareceram em Porto
Velho criadas à base de ração e em consequência, poedeiras fora
de série.
Os
alunos do SENAI marcaram encontro no pátio da catedral antes da
missa começar. Não sei de quem foi a “brilhante” ideia: “Vamos
roubar as galinhas dos padres!”. Foi mesmo que jogar gasolina em
brasa, todo mundo concordou de imediato. Fomos todos, mais de 100
jovens, estudantes dos cursos de carpintaria, mecânica de
manutenção, eletricidade e construção civil no rumo do campo de
futebol do colégio Dom Bosco.
Os
galinheiros ficavam pelo lado da Carlos Gomes e para o leitor fazer
idéia da quantidade de alunos que participaram da “empreitada”,
a “cobrinha” (fila) ia da porta do galinheiro, até o final
do muro do colégio, pelo lado da D. Pedro II. As galinhas eram
passadas de mão em mão até chegar ao último que a colocava num
saco de sarrapilha de 60 quilos.
Tudo
estava correndo bem, até o padre Vitor Hugo chegar correndo para
buscar qualquer coisa que estava faltando para a transmissão da
missa do Galo pela Rádio Caiari. Aí um dos nossos, pensando que o
padre havia descoberto o “roubo”, largou a galinha no meio do
campo de futebol do colégio e em vez de pular o muro pelo lado da
Júlio de Castilho, correu para a porta de entrada da Gonsalves Dias
e foi visto pelo padre. Resultado, com o alarme a turma largou as
galinhas e pulou o muro e se espalhou. Vitor Hugo escolheu um para
seguir e o pegou na Sete de Setembro em frente ao Cine Lacerda. Levou
o jovem que era um estudante boliviano, até a Central de Polícia
que ficava na Farquar com a Carlos Gomes.
O
Boliviano apesar da pressão, não entregou ninguém.
O
diretor do Colégio Dom Bosco expulsou os internos que estudavam no
SENAI, mais o diretor do SENAI não puniu ninguém.
Epilogo
– Só quem saiu perdendo foram os padres, que ficaram sem as
galinhas.
N
A – Não aconselhamos essa prática!
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