O Brasil perdeu no último dia 30 de abril passado, aquela que é
considerada a Madrinha do Samba de Raiz a cantora e compositora Beth Carvalho.
Beth estava internada no Hospital Pró-Cardíaco desde 8 de janeiro. A
causa foi uma infecção generalizado. O velório aconteceu no Salão Nobre da sede
do Botafogo de Furtebol e Regatas seu time de coração.
Ainda na década de 1960 Beth Carnaval descobriu a magia do Bloco Cacique
de Ramos inclusive gravou o samba tema do bloco para o carnaval de 1966 “Água
na Boca”, que foi sucesso nacional no carnaval daquele ano.
A morte de Beth
repercutiu no meio cultural, artístico e político. A Estação Primeira de Mangueira,
em suas redes sociais lembrou de Beth como "um dos mais importantes nomes
do samba e voz que cantava com alma as cores de nosso pavilhão". O Cacique de Ramos, lembrou da trajetória artística "firmando-se
como madrinha de uma geração de sambistas, e também da nossa agremiação."
Vida pessoal
Beth era filha de João Francisco Leal de
Carvalho, piauiense, e Maria Nair Santos. Tinha uma única irmã, chamada
Vânia Santos Leal de Carvalho. Decidiu seguir a carreira artística após
ganhar um violão da mãe. Aos oito anos, ouvia emocionada as canções de Sílvio Caldas, Elizeth Cardoso e Aracy de Almeida, grandes amigos de seu pai, que era advogado.
Sua avó, Ressú, tocava bandolim e violão.
Sua mãe tocava piano clássico.
Sua irmã Vânia cantava e gravou discos de samba.
Beth fez balé por toda infância e na adolescência
estudou violão, numa escola de música. Seguindo essa área, se tornou professora
de música e passou a dar aulas em escolas locais. Nos anos 60, surgia a cantora Beth Carvalho, influenciada por tudo
isso e pela bossa nova, gênero musical que passou a
gostar depois de ouvir João Gilberto, passando a compor e a cantar.
Em 1965, gravou o seu primeiro compacto simples com
a música Por Quem Morreu de Amor, de Roberto Menescal e Ronaldo Bôscoli. Em 1966,
já envolvida com o samba, participou do show A Hora e a Vez do Samba,
ao lado de Nelson Sargento e Noca da Portela. Vieram os festivais e Beth participou de
quase todos: Festival Internacional da
Canção (FIC), Festival Universitário, Brasil Canta no Rio,
entre outros.
No FIC de 68, conquistou o 3º lugar com Andança,
de Edmundo Souto, Paulinho Tapajós e Danilo Caymmi, e ficou conhecida em todo o país. Além de seu
primeiro grande sucesso, Andança é o título de seu primeiro LP
lançado no ano seguinte.
Beth Carvalho é reconhecida por resgatar e revelar
músicos e compositores do samba. Em 1972, buscou Nelson Cavaquinho para a gravação de Folhas Secas e
em 1975 fez o mesmo com Cartola, ao lançar As Rosas Não Falam.
Pagodeira, conheceu a fertilidade dos compositores do povo e, mais do que isso,
conheceu os lugares onde estavam, onde viviam, onde cantavam e tocavam.
Frequentadora assídua dos pagodes, entre eles os do bloco carnavalesco Cacique de Ramos, Beth Carvalho revelou artistas como o
grupo Fundo de Quintal, Zeca Pagodinho, Almir Guineto, Sombra, Sombrinha, Arlindo Cruz, Luis Carlos da Vila, Jorge Aragão e muitos outros.
Em 1997, viu a música “Coisinha do Pai”, grande sucesso de seu repertório, ser tocada
no espaço sideral, quando a engenheira brasileira da Nasa Jacqueline
Lyra, programou para ‘acordar’ o robô em Marte.
Nossa querida Beth Carvalho partiu cercada do
amor de seus familiares e amigos. Agradecemos todas as manifestações de carinho
e solidariedade nesse momento. Beth deixa um legado inestimável para a música
popular brasileira e sempre será lembrada por sua luta pela cultura e pelo povo
brasileiro. Seu talento nos presenteou com a revelação de inúmeros compositores
e artistas que estão aí na estrada do sucesso. Começando com o sucesso
arrebatador de Andança, até chegar a Marte com Coisinha do Pai, Beth traçou uma
trajetória vitoriosa laureada por vários prêmios, inclusive um Grammy pelo
conjunto da obra.
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