Por
Humberto Oliveira (*)
O
sonho de se fazer cinema em Rondônia ganhou uma nova estrela em sua
jovem constelação. Estreou na noite desta sexta-feira, 31, no Cine
Veneza, em Porto Velho, a produção cinematográfica genuinamente
rondoniense – o curta metragem Amor de mãe -, dirigido pelo ator
Anselmo Vasconcelos, um ícone do cinema nacional e também da
televisão brasileira, que descobriu Rondônia, se apaixonando por
nossas belezas e talentos.
Presente
na abertura do evento, o jornalista Domingues Junior foi sábio ao
citar o genial diretor japonês Akira Kurosawa, que via os filmes
como sonhos. Amor de mãe seria a pedra de toque do sonho possível
de uma cinematografia rondoniense? O público presente para as duas
sessões do filme confirmam isso.
Baseado
numa ideia do jornalista e empresário da comunicação, Paulo
Andreoli – que assina o roteiro -, Amor de mãe tem em seu elenco e
equipe técnica talentos da terra, como dizem, prata da casa. E pelo
que assistimos, eles fizeram bonito para contar uma história com
cores regionais, mas com apelo indiscutivelmente universal.
Enchem
os olhos as belas paisagens, a fotografia impecável do filme também
merece destaque. Quanto ao elenco, com exceção de Anselmo
Vasconcelos, todos são amadores, mas deram conta do recado e não
comportem o resultado final. A produção se esmerou na parte
técnica, caracterizações, cenografia, edição, som, trilha sonora
e figurino. Quanto ao roteiro, não podemos deixar de mencionar que
foi o primeiro escrito pelo jornalista Paulo Andreoli, ainda um
neófito na carpintaria da arte de escrever roteiros.
As
cenas que abrem o filme nos remetem a Silvino Santos, português de
nascimento, que atravessou o Atlântico e aportou em Belém e depois
se radicou em Manaus – onde testemunhou a chegada do cinema no
Amazonas, onde trabalhou como fotografo. Uma de suas mais importantes
obras chama-se No país da Amazonas (1922), notável documentário de
longa metragem, que certamente inspirou a produção das belas
imagens aéreas dos rios Amazonas e Madeira, 96 anos depois do
pioneirismo do mestre Silvino Santos, o cineasta da Amazônia.
Como
articulador deste projeto, vale ressaltar a ousadia e coragem de
Andreoli, seu empreendedorismo e espirito de aventura ao agregar
tantas pessoas e juntos mergulharem de cabeça na realização de um
filme, uma das coisas mais difíceis e complicadas de se fazer, ainda
mais em terras de Rondon. Pontos para Andreoli e toda a equipe.
Pontos para Anselmo Vasconcelos por acreditar na concretização do
projeto.
Nesta
noite de estreia, Paulo Andreoli deveria se sentir, pelo menos é o
que imagino, como o cineasta François Truff aut na estreia de seu
primeiro longa metragem, Os incompreendidos (1959), quando se
consagrou como o melhor diretor no Festival de Cinema de Cannes,
daquele ano. Assim como o personagem principal, o menino Antoine
Doinel é o alter ego de Truffaut, o jornalista Paulo, protagonista
da produção rondoniense, é o alter ego do pai da ideia e autor do
roteiro, Paulo Andreoli.
(*)
O autor é
cinéfilo e jornalista
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