quarta-feira, 12 de setembro de 2018

A política no tempo que Rondônia era Território Federal do Guaporé


Por Silvio M. Santos

Aluizio Ferreira e amigos (foto acervo Yeda Bozarcov)
Rondônia se ainda fosse Território Federal, estaria completando no dia de hoje 13 de setembro, 75 anos de criação.
Como não poderia deixar de ser, a política partidária, desde da criação do Território pelo presidente Getúlio Dorneles Vargas, faz parte do cotidiano das pessoas que passaram a se denominar como “Catega” (aquele que tem categoria para exercer um cargo público).
O grande cacique político da época, Coronel Aluízio Pinheiro Ferreira era respeitado até nos terreiros de macumba, que existiam na capital Porto Velho: “Batuque de Santa Bárbara” comandado pela Mãe Esperança Rita e o Batuque do “Samburucu” comandado pela dona Chica Macaxeira. Aluízio foi o primeiro governador (nomeado) do Território Federal do Guaporé assim como seu primeiro deputado federal eleito.
Por incrível que posso parecer, o poder a partir de 1946 passou a ser alternado, hora quem mandava era Aluízio ora era o Coronel Joaquim Vicente Rondon eleito deputado federal em 1954.

Cutubas e Pele Curtas

Jucelino, Vicente Rondon e Renato Medeiros

Na eleição de 1958 Aluízio Ferreira se candidatou a deputado federal tendo como suplente o Coronel Paulo Nunes Leal seu adversário, foi o médico Dr. Renato Medeiros que teve como suplente o empresário Miguel Chaquiam.
Em virtude da sofrível administração do Coronel Rondon entre 1954 e 1957, Aluízio voltou com a corda toda e foi aí, que surge na política de Rondônia as facções: Cutuba e Pele Curta.
Cutuba eram os correligionários de Aluízio Ferreira e Paulo Leal que receberam essa “alcunha”, por conta de uma “Estória” criada pelo jornalista Inácio Mendes que publicou em seu jornal, que o prefeito de Porto Velho indicado por Aluízio Ferreira, havia sido flagrado praticando “pederastia”. Inácio o denominou de “Cutuba” baseado na pesquisa que fez, sobre o nome da cidade paulista de Araçá Tuba que quer dizer: Araçá (espécie de goiaba) e Tuba (doce) então o leitor pode deduzir o qeu ele quis dizer apelidando o correligionário de Aluízio de CUTUBA.
Para não ficar por baixo, os aluizistas apelidaram os correligionários de Renato Medeiros de “Pele Curta”. A alcunha foi aplicada, em virtude do candidato a suplente de deputado federal de Renato Medeiros Miguel Chaquiam ser baixinho, dizem que não tinha nem um metro e meio.
Daí diziam os “cutubas”, que o nariz do suplente que havia sido prefeito de Porto Velho, era muito perto da bunda, daí o apelido “PELE CURTA”.
Bacana foi a apuração dos votos, que naquele tempo, era transmitido por um alto-falante instalado na praça Mal. Rondon em frente ao fórum Ruy Barbosa (hoje Fuad Darwiche). Aluízio Ferreira e Paulo Leal dispararam na frente. Por exemplo: era 20 X 1. Vinte votos para Aluízio e Paulo e um para Renato e Chaquiam.
O povo logo transformou a apuração em gozação: “Aliza o Pau” e “Renato Chateando”. Os Cutubas venceram de lavada aquela eleição. O troco veio na eleição de 1962 quando Renato Medeiros derrotou a chapa dos Cutubas liderada pelo Coronel Énio Pinheiro. Foi a eleição da “Caçambada Cutuba”.
Salve os 75 anos do Território Federal do Guaporé!

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