O folclore
rondoniense está em luto. Na manhã de ontem, o fundador do Boi
Bumbá Az de Ouro Raimundo Nonato Guesdes faleceu.
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Nonato como era
conhecido, foi verdadeiro baluarte da arte de brincar boi em Porto
Velho. Seu personagem preferido era o Cazumbá. Personagem que o
tornou conhecido no segmento Boi Bumbá.
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Brincou em vários
grupos entre eles Malhadinho e Corre Campo de onde saiu para criar
seu próprio grupo o Az de Ouro em 1991. Nonato foi Cazumbá no tempo
que os personagens Pai Francisco e Cazumbá tiravam versos de
improviso durante as apresentações dos bois, além de fazer
palhaçada correndo atrás das crianças na hora do ritual “Tira
Língua” do Boi. Os Mascarados pegavam um menino ou menina e
encenavam que estavam amolando a faca em sua bunda. Era uma algazarra
entre a gurizada que corria com”medo” e ao mesmo tmpo, querendo
ser presa pelos mascarados.
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Cansado de ser
apenas coadjuvante, Nonato resolveu criar seu Boi Bumbá. Perturbou o
Hiran Brito Mendes que ere seu chefa na Prefeitura Municipal de Porto
Velho, para que o mesmo o ajudasse na compra do material para a
confecção do boi e das fantasias dos seus brincantes.
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Hiran Brito que
também era diretor da Escola de Samba Pobres do Caiari, falou comigo
(Silvio Santos) que era o presidente da escola e solicitou que
doasemos ao Nonato sobra dos tecidos utilizados na confecção das
fantasias da escola no carnaval daquele ano.
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Além de doarmos o
tecido, emprestamos alguns instrumentos de percussão para o Boi que
foi batizado com o nome de Az de Ouro se apresentar no Arraial Flor
do Maracujá daquele ano.
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Daí vem a origem da
cor azul adotada pelo Az de Ouro. Não tem nada a ver com o bumba
Caprichoso de Parintins e sim com a escola de samba Pobres do Caiari.
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Otimo compositor de
toada e tirador de versos, Nonato deixou de ser cazumbá e passou a
Amo do Az de Ouro. Na realidade, o Az de Ouro foi o primeiro bumbá a
colocar no Flor do Maracujá uma Barreira de Amo Nonato, Silvio
Santos e Suritiba entre outros.
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Foi o Az de Ouro que
implantou nas apresentações de Boi Bumbá em Porto Velho
instrumentos de harmonia, no caso Banjo e Cavaquinho tocados pelos
múscos Audízio e Valcir.
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As toadas compostas
pelo Nonato tinham a levada das toadas do Bumba-Meu-Boi do Maranhão,
eram toadas com letras poéticas, como é o caso da famosa “Pena
Branca” que foi gravada pelo cantor brasiliense Maciel.
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Foi também o Az de
Ouro sob a presidencia do Nonato, que colocou no Flor do Maracujá
costeiros (capacete) em forma de asa delta, criação do artesão
Flávio Lacerda. A primeira Banda de Toada de Boi “Canto da
Floresta” foi formada por integrantes do Az de Ouro.
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Em 1995 Nonato
recebeu das mãos do secretário de cultura Amizael Silva o troféu
de campeão de Boi Bumbá do Arraial Flor do Maracujá, fato que só
voltou a se repetir em 2012 quando Nonato já não era o presidente
do Bumbá.
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Partiu o último
representante da Brincadeira de Boi Bumbá tradicional, que teve
entre outros Galego, Augusto Queixada, Sipitiba, Suritiba, Ventania,
Carlos Mariano e tantos outros. Amos cantores que sabiam tirar verso
de improviso.
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Partiu o compositor
das toadas poéticas, aquelas que exaltam a figura feminina de um
modo geral. Partiru meu amigo e parceiro Raimundo Nonato Guedes – O
Prego.
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Nonato faleceu as 11
horas de ontem dia 11 de maio de 2016, aos 74 anos de idade. Seu
corpo está sendo velado na residencia da família a rua Sucupira e o
enterro acontecerá as 15 horas desta quinta feira.
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Descansa em Paz
Nonato!
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