segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Lenha na Fogueira - 29.09.15

O leitor Flávio Daniel Pereira da Silva militante cultural desde os tempos da “revolução”. Me ligou solicitando espaço para publicar um artigo. De imediato disse que era só mandar que a gente publicava. Ontem o tal artigo caiu na moinha caixa de e-mail e como havia garantido ao Flávio que publicaria. Estou cumprindo o palavra dada.

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Leiam e comentem o desabafo ou o alerta do Flávio Daniel sobre a pretensão de alguns empresários, com o aval do presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Rondônia – ALE em querer transormar o Palácio das Artes Rondônia numa igreja evangélica:

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Em nome de Jesus (*)
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Maurão intermedia uso do teatro em Porto Velho”, assim está estampado neste Diário, na página A4 do caderno Política, de 20/09/2015, onde, na matéria alhures o presidente da Assembléia Legislativa, intermedia o uso do teatro da capital para fins culturais religiosos.
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Só o título da matéria já nota-se que há interesse, explique-se. O presidente do recinto legislativo estadual, com uma tal associação denominada “Homens de Negócio do Evangelho Pleno”, os executivos da fé, tentam, em vão, solicitar ao Governo do Estado que libere o único teatro da capital a fim de que esse também possa servir de espaço para as “manifestações culturais gospel.”
Rir para não chorar. Cumpre lembrar que em 12/03/2014, mediante o Autógrafo de Lei n. 927/2013, o Circo Legislativo Estadual reconhece a música gospel e os eventos a ela relacionados como manifestação cultural. É cediço que os nossos representantes na Assembléia não tenham lá tanto conhecimento ou estudo, mas querer ignorar a Carta Magna deste País já é demais. Pergunto-me o porquê dessa exclusividade a música gospel. Esse apartheid religioso acentua ainda mais a ignorância dos nossos deputados estaduais, mas também que a Assembléia há muito tempo deixou de ser laica, indo de encontro a Lei Maior.
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Felizmente o Governo do Estado vetou o Projeto de Lei, valendo-se para isso da nossa Constituição – alguém sensato! Com a vênia do leitor, impõe-me o dever de explicar o que significa Estado laico, talvez os nossos deputados e seus assessores (leia-se irmãos) não saibam o quê significa. Estado laico é um estado oficialmente neutro em relação às questões religiosas, não apoiando nem opondo-se a nenhuma religião. Todos seus cidadãos devem ser tratados igualmente, não devendo dar preferência a indivíduos de certa religião. E fim de papo. Anotou aí, Maurão?

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O mais engraçado nisso tudo é que um dos irmãos que compõe a associação citada, é um ex-promotor da gandaia, da cultura mundana – como os evangélicos referem-se ao carnaval – talvez tenha se “convertido” porque o mundo gospel é mais lucrativo, não tem crise.

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O nosso teatro é uma autarquia que não pode ser usado para fim de ganância de um determinado grupo. Vocês têm as igrejas, têm seus próprios eventos, atrações, etc. Deixem o nosso teatro, deixem o nosso povo se divertir, não misturem as coisas.
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Importa lembrar que essa novela já passou uma vez, onde, o pano de fundo foi o saudoso ginásio Cláudio Coutinho. Todo final de semana, religiosamente, havia um evento gospel, deteriorando o espaço e principalmente o piso, que não fora projetado para receber um número maciço de pessoas. Deu no que deu.
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Por fim, esperamos que os nossos representantes deixem de lado suas convicções religiosas na hora de legislar e não esqueçam que a sociedade está atenta no que diz respeito as decisões e interesses da referida Casa.
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A cultura não pode perder mais essa, já basta os MP's da vida meterem o dedo no nosso, quase extinto, carnaval.
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Jesus não cobra o ingresso, o pastor cobra.
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(*) O autor Flávio Daniel - é carnavalesco e funcionário público aposentado.

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