Vamos
utilizar o espaço da coluna deste sábado 22, para publicar o estudo realizado
pelo Dr. Paulo Rodrigues, sobre a enchente do rio Madeira e sua origem. De
antemão agradecemos ao Dr.Paulinho por atender nossa solicitação.
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Salientamos
que o artigo será publicado em dois dias, hoje e amanhã em virtude da falta de
espaço. Obrigado!
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ECOS
DO MADEIRA II - (*Paulinho Rodrigues)
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Ouvimos
em meados de fevereiro/2014, gestores do sistema nacional de produção de eletricidade,
afirmarem que os reservatórios de água para a produção de energia elétrica,
estavam operando com 37% de sua capacidade. Como muitos não conhecem a
realidade destas rechans amazônicas, temos que a ignorância é a responsável por
tal afirmação, passando ao largo da nossa realidade. Enquanto em outras regiões
do Brasil impera um verão rigoroso, na Amazônia quente e úmida, o período
sazonal do regime de chuvas, como também do desgelo andino, está em alta;
estamos em pleno inverno.
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O
desconhecimento da cultura amazônica perpassa (no sentido alhures), aquém do
imaginário nativo, levando os “destemidos pioneiros hodiernos” se é que
existem, a divulgarem informações sem a mínima consistência de observação, seja
científica ou empírica. Em data pretérita recente, sem querer ser aprendiz do Pariacaca
(na mitologia pré incaica o mensageiro das desgraças e inundações), tampouco
adivinho, prenunciamos as repostas que o caudaloso e desconhecido Madeira,
daria referenciando sua fúria, inclusive. Nossas observações estão muito mais
fundamentadas em premonições, e menos em premissas axiomáticas.
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Tais
sensações têm arrimo nas observações colhidas por nós e por nossos
antepassados, que sem conhecer a lógica formal (menor), em seu conhecimento
demopsicológico, nos passavam seus singulares “silogismos” enriquecendo
sobremaneira nosso discernimento.
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A
vivência diária chancelou naquele artigo (Ecos do Madeira), nossos critérios e
noções sobre o que estava por sobrevir, e o futuro que parecia longe, é agora.
As oscilações sonométricas do Madeira, adequadamente chamadas de murmulhos, em
seus vai e vem, sempre apresentaram (neste sazonal alto), um crescente
paulatino, cuja lâmina d’água no ano de 1997, alcançou sua cota de nível mais
expressiva “lambendo” o meio fio da Av Rogério Weber (lado direito) sentido
REO/Centro, à ordem de 17,35m (dezessete vírgula trinta e cinco centímetros)
então monitorados pela SOPH (Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de
Rondônia).. Hoje (21.Fev), numa cheia crescente e acelerada, diferente da
tradicional e previsível, o Rio Madeira já superou o nível de 1997, e o fez
fora da previsibilidade, pois o período crítico de “alagações” no seu pico
máximo deveria ocorrer em Março, no entanto, aceleradamente, chegou com as
chuvas de Fevereiro alcançando a cota de 17,90 m.
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O
fenômeno contraria as tradições arraigadas no nosso imaginário e questiona por
somente agora, a cheia se apresenta de maneira acelerada, apanhando a todos de
surpresa. Os colos minadores do Madeira tem seus significativos formadores nas
originárias rechans andinas.
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Nos
contrafortes da Cordilheira dos Andes, tanto na alta quanto baixa, nascem as
mais vigorosas variações sazonais, vindo refletir diretamente no alto, médio e
baixo Madeira, como a cheia que estamos presenciando. A Planície Amazônica, não
apresenta vales expressivos.
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Tem
sim, através de suas cachoeiras (tanto no território Boliviano como em
Rondônia), degraus e saltos naturais que ao longo do Rio, apresentam pequenos
desníveis numa luta para chegar ao mar...
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Continua
amanhã.
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