Poeta Português no Festcine pelo Vale do Guaporé
A poesia vai descer o rio no Vale do Guaporé em Rondônia. Sem
ser uma imagem metafórica, é mais com uma leitura literal que isso vai ocorrer.
O premiado poeta português José Luís Peixoto vai acompanhar a expedição do
Festcineamazônia em agosto.
“Teremos a presença dele a declamar poesia e contar histórias
por 13 comunidades brasileiras e bolivianas. E o melhor, está pronto um livro
totalmente dedicado a essa viagem que será distribuído para as comunidades. É
utópico falar, mas quem sabe teremos a partir desse plantar palavras, outras
realidades”, diz Jurandir Costa, um dos coordenadores do Festcineamazônia.
O resultado também será transformado em livro. José Luis Peixoto
diz que aproveitará a experiência para produzir um livro especial sobre a
itinerância pelo Vale do Guaporé.
O encontro entre os organizadores do Festcineamazônia e o poeta
português surgiu por força de circunstâncias consideradas especiais. “Há uns
cinco anos eu e Fernanda (Kopanakis, também coordenadora do Festcineamazônia)
estávamos assistindo um desses programas de literatura da TV a cabo, e durante
uma entrevista um poeta português declama um poema. Não sabíamos o nome do
poema e a única coisa que lembramos era do ‘éramos cinco’, presente na poesia.
Buscamos na internet e encontramos o poema”, diz Jurandir Costa.
O tal poema que seduziu Jurandir e Fernanda dizia: “na hora de
pôr a mesa, éramos cinco: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu/ depois,
a minha irmã mais velha casou-se/ depois, a minha irmã mais nova casou-se/
depois, o meu pai morreu/ hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco, menos a
minha irmã mais velha que está na casa dela, menos a minha irmã mais nova que
está na casa dela/ menos o meu pai, menos a minha mãe viúva/ cada um deles é um
lugar vazio nesta mesa onde como sozinho/ mas irão estar sempre aqui/ na hora
de pôr a mesa, seremos sempre cinco/enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco”.
Impressionados pela profundidade das palavras de Peixoto, os
coordenadores do Festcineamazônia procuraram pelo poeta assim que chegaram a
Portugal, para uma etapa da itinerância do festival. “Através da internet
deixamos recado e falamos do Festcineamazonia e do nosso quadro ‘É de poesia
que o mundo precisa”, já que tínhamos a intenção de convidá-lo a ir ao Brasil
participar desse debate”, diz Jurandir.
Peixoto conheceu o projeto. Os três marcaram uma conversa e,
como para abençoar o encontro, encontraram-se onde um dos mais ilustres poetas
portugueses, Fernando Pessoa, costumava tomar café em Lisboa, ‘A Brasileira’.
Peixoto não só se entusiasmou com o projeto como pediu para acompanhar a
equipe na itinerância do Vale do Guaporé. Um filme em co-produção entre
Portugal e Brasil irá registrar o trajeto de Peixoto em terras e águas
amazônicas.
O Festival de Artes Integradas -
Festcineamazônia Itinerante 2013 tem o patrocínio do BNDES, Governo Federal
através da Lei Rouanet, Ministério da Cultura, Secretaria do Audiovisual, apoio
cultural da Santo Antônio Energia, Apoio Institucional Fundação Banco do
Brasil.
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