SESC
Cultura
dos tambores e a arte do som da beira
O Projeto Sonora Brasil Sesc
– 2013, que está acontecendo na unidade Sesc Esplanada em Porto Velho,
proporcionou no final de semana, dois espetáculos que podemos considerar
distintos. Enquanto o grupo Raízes do Bolão apresentou dois segmentos da
cultura popular do estado do Amapá, ou seja, o Marabaixo e o Batuque, ambos
praticados no quilombo de Curiaú nas cercanias da cidade de Macapá. Os músicos
de Porto Velho Bia Lourenço apresentaram a arte de tirar som de objetos da
floresta.
Os “Ladrões” (Música que
caracteriza o Marabaixo) cujos versos descrevem situações diversas do dia-a-dia
dos quilombolas, enquanto seus cantadores e cantadoras dançam um passo
“miudinho”. “É que o Marabaixo vem do tempo da escravidão, por isso é dançado
com passo curto, pois os negros tinham os calcanhares presos por correntes”,
explica o mestre Bolão. Já o Batuque segundo Pedro Bolão: “É uma dança que
surgiu após a libertação, por isso, é mais espalhada”. Independente da época,
de cada ritmo e dança, ambos são a pura cultura popular de Macapá que na noite
de sábado 10, deixou o público que compareceu ao Teatro 1 do Sesc Esplanada de
Porto Velho, encantado com o Grupo Raízes do Bolão e teve até quem subisse ao palco
para dançar com as senhoras do grupo do quilombo de Curiaú.
A
arte do Sons da Beira
O Sonora Brasil 2013/2014
está circulando pelas regiões Centro-Oeste/Norte/Nordeste e Sul/Sudeste com
dois temas: Tambores e Batuques e Edno Krieger e as Bienais da Música
Brasileira Contemporânea. Este ano Rondônia está recebendo o Tambores e
Batuques que é composto por quatro grupos: Raízes do Bolão (AP); Samba de
Cacete da Vacaria (PA); Raízes de Tocos (BA) e Alabê Ôni (RS).
Em virtude de em Rondônia
não existir nenhum grupo que pratique culturalmente, danças ao som de tambores
tradicionais, aquelas que foram trazidas pelos negros oriundos da áfrica, o
Sesc convidou os percussionista Bira Lourenço e Katatau Batera para apresentar
o espetáculo “Sons da Beira”.
Porto Velho/RO pode até não
contar como cultura, a prática de dançar ao som de tambores tradicionais, mas
têm nos percussionistas Bira Lourenço e Katatau o que podemos classificar como a
arte de buscar o som em qualquer objeto que esteja ao alcance de suas mãos, ou
melhor, de seus corpos. O show “Sons da Beira” pode não ser classificado como
cultura de nossa gente, mas, é um espetáculo dos mais perfeito em se falando de
efeitos sonoros. “Os caras tiram som até da sombra da palheira” comentava em
forma de elogio o contador de causos Antônio Roque. Perguntado quanto tempo
levou pesquisando os sons que fazem parte do espetáculo, Bira Lourenço foi
enfático; “Olha, dizer mesmo quanto tempo foi nem sei, só sei que vivo pensando
nisso dia e noite”. Em suma, o espetáculo “Sons da Beira” precisa ser levado
para o Brasil e o Mundo e só então vamos poder dizer com todo orgulho, “Essa
é a cultura do beradeiro de Porto Velho - Rondônia”
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