É extenso o verbete sobre o músico na Enciclopédia Itaú Cultural dada a importância de sua obra para a música brasileira. Baluarte e autor dos principais enredos da Estação Primeira de Mangueira, Nelson Sargento deu a sua última contribuição ao Itaú Cultural em apresentação on-line no fim do ano passado e deixou gravado histórias sobre o amigo Cartola em depoimentos para a Ocupação Cartola
O Itaú Cultural lamenta a morte do compositor,
cantor, artista visual, escritor e ator Nelson Sargento (1924-2021), nesta
quinta-feira, 27 de maio, e o homenageia em seu site, relembrando suas
participações na programação da instituição. O público pode acessar a vídeos,
no canal do Youtube do IC, gravados com ele para a Ocupação Cartola,
realizada em 2016, com quem aprendeu a tocar violão e foi parceiro de
composições. O site da Enciclopédia Itaú Cultural também tem amplo material
sobre ele e sua obra, acessível em https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa11966/nelson-sargento.
Apelidado de filósofo do samba, com mais de 60 anos
de carreira e 96 anos encerrados devido ao Covid-19, Sargento fez sua última
apresentação no Itaú Cultural, desta vez no site, em novembro do ano passado,
no Festival Arte como Respiro – Edição Música. Ele apresentou as
canções Agoniza mas Não Morre, Encanto da Paisagem e Falso
Amor Sincero, contempladas na edição de música de Arte como Respiro –
Múltiplos Editais de Emergência, organizado pela instituição.
“O legado que Nelson Sargento nos deixa é
infinitamente estelar para a música brasileira. Ele foi se juntar ao seu brilhante
amigo Cartola, mas este patrimônio cultural inestimável fica entre nós e é
importante cuidá-lo. Faz parte da memória da nossa música”, diz Eduardo Saron,
diretor do Itaú Cultural.
“Como esquecer, por exemplo de sambas como Velho
Estácio que eles compuseram juntos? Ou A Mangueira É Muito
Grande, cuja segunda parte construíram com Ataliba?”, continua ele. “Penso
nestas músicas, nesse momento, porque fizeram parte de um depoimento que Nelson
nos deu quando fizemos a Ocupação Cartola, mas lembro também de Agoniza e
não morre, De Boteco em Boteco, Vai dizer para ela.
A obra de Nelson Sargento é gigante e imortal.”
Em um dos vídeos https://www.youtube.com/watch?v=52yVcv8JSbU)
que gravou para esta Ocupação dedicada ao amigo Cartola, ele falou sobre o
jeito dele fazer samba e analisou as mudanças do gênero dentro das escolas.
Segundo o compositor, o samba que Cartola fazia na Mangueira, era o mesmo que
compunha na Portela e no Salgueiro. “Cartola me disse uma vez: eu faço samba
para as pessoas ouvirem calmamente”, contou Sargento. “Mas as coisas mudam.
Tenho a impressão que o início disso foi quando a classe média começou a
invadir as escolas de samba, porque a noite carioca foi caindo”, falou. “Eles
descobriram que estas escolas eram um espetáculo grátis, do bom, e foram. Hoje
em dia, só se canta samba-enredo lá dentro, não se canta mais samba de
terreiro”, explicou.
Em outra gravação (https://www.youtube.com/watch?v=LgcxeBhZtlU), Sargento
contou como fez grandes composições com o amigo e com Ataliba. Enfatizou,
ainda, que os grandes compositores têm uma marca pessoal, inconfundível, e
reconheceu em Cartola um romântico. Na ocasião, em sinergia com a Ocupação, o
sambista lançou no Itaú Cultural o disco Nelson Sargento 91 anos de
samba.
Nenhum comentário:
Postar um comentário