O TREM DA FEIRA
Por Silvio M. Santos
A Feira Modelo funcionou até o ano de 1967 depois virou Mercado Central |
Nesse tempo de quarentena em virtude do
coronavírus – Covid – 19 e talvez por estarem se sentindo entediados e depois
de praticamente 40 dias confinados dentro de casa, muitos se preocupam com o
que fazer, para passar o tempo ou encher o tempo com alguma coisa útil, ler um
livro, escutar música, ouvir rádio, o que menos o povo quer ouvir são os
noticiários televisivos, pois em sua maioria só divulgam notícias preocupantes
relativas ao Covid – 19.
Recentemente tenho recebido telefonemas,
mensagens de watts app solicitando que eu publique as histórias que vivi
durante esses meus 73 anos de vivencia em Porto Velho, minha cidade natal.
Uma das pessoas que de vez em quando solicita
informação sobre a história de um logradouro que existiu ou ainda existe em
Porto Velho, é o amigo jornalista, escritor Lúcio Albuquerque.
Semana passada ele solicitou que lhe enviasse a
história do TREM DA FEIRA e Também a do TREM que transportava o Gado que vinha
da Bolívia para ser abatido em Porto Velho.
Vamos então começar a atender à solicitação do
Mestre Jornalista/Escritor Lúcio Albuquerque lembrando como funcionava o TREM
DA FEIRA.
O TREM DA
FEIRA
O Trem da Feira estacionava perto da Farquar |
A Estrada de Ferro Madeira Mamoré apesar dos
ingleses a abandonarem em 1931, alegando que a mesma era deficitária, após
passar a ser administrada pelo governo brasileiro, passou a exercer realmente o
papel social, motivo de sua construção, que era promover o escoamento dos
produtos produzidos pelos bolivianos e dar assistência às várias vilas que se
formaram ao longo de sua linha férrea como Santo Antônio, Teotônio, Jacy
Paraná, Mutum, Abunã, Vila Murtinho, Colônia do Iata e tantas outras.
Porto Velho cidade que nasceu graças à
construção da ferrovia, tão logo passou a categoria de município em 1914, foi
agraciada com a construção do Mercado Municipal e também passou a contar com as
famosas feiras livres. A primeira feira livre de Porto Velho foi montada
justamente onde hoje é a Praça Getúlio Vargas em frente ao palácio do governo
(hoje Museu da Memória Rondoniense). Foi nessa feira, que juntamente com minha
mãe a dona Inez de Macedo dos Santos passamos a trabalhar no ramo de venda de
comida (1951). Assim que o Palácio foi inaugurado em 1954, a feira foi
transferida para o local onde hoje fica a Rua Euclides da Cunha (na época Rua
do Coqueiro), no espaço entre o Clube Ferroviário (na época Clube
Internacional) e a Ceron (na época Usina do Salft).
Em 1958 o governador Ênio dos Santos Pinheiro
inaugurou a Feira Livre com o nome de “Feira Modelo” num galpão construído onde
hoje é o Mercado Central na Rua Farquar.
Nossa casa ficava exatamente ali, em frente ao
Mercado Central. Por detrás do nosso quintal, toda quinta feira estacionava o:
TREM da
FEIRA
O Trem da Feira trazia produtos dos
agricultores que moravam do KM 25 - Teotônio até Porto Velho, os produtos eram
Farinha, Feijão, Arroz, Banana, Carvão, frutas de um modo geral, Milho e muitos
outros além de carne de caça. O Trem da Feira era fonte de renda não só para os
ferroviários, mas para uma gama considerável da sociedade como carroceiros,
carregadores, atravessadores, vendedores ambulantes, além, é claro, de
beneficiar o comércio, já que os agricultores com o apurado com a venda de seus
produtos, compravam no comercio de Porto Velho.
O Trem da Feira fazia a viagem de volta no sábado
pela manhã. Com a desativação da Madeira Mamoré, as colônias que existiam ao
longo da ferrovia de Porto Velho a Teotônio deixaram de existir.
Vale salientar que Teotônio era o maior
produtor de farinha de mandioca em Rondônia. Quem viveu aquele tempo, com
certeza lembra da Farinha do “seu” Jorge Alagoas.
A próxima vivencia será a história do TREM DO
BOI.
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