quinta-feira, 23 de abril de 2020

A morte do amigo Almir Canduri o Birula


Na madrugada de ontem (quinta feira 23), perdemos um dos mais ferrenhos correligionários do MDB, o amigo Almir Canduri o Birula casado com a dona Maria Brito da Rocha a Nelci.
Nos conhecemos ainda criança, na taberna do seu Canduri na esquina da José de Alencar com a Dom Pedro II no bairro Caiari onde brincávamos embaixo das mangueiras existentes no quintal da casa muito bem cuidado pela dona Nenem esposa de Jovito Canduri
Depois, quando foi criada a Loteria Esportiva, trabalhamos juntos no escritório do seu Cláudio Batista Feitosa na rua Barão do Rio Branco justamente registrando os jogos dos apostadores de Porto Velho e Guajará Mirim. Quando o Almir deixou o escritório do seu Cláudio se mudou para Guajará Mirim onde passou a dirigir o hotel Fenix a época, de propriedade do seu irmão Izanor. Depois, Almir passou a ser o proprietário do Hotel que transformou no ponto de referência dos portovelhense que visitavam a Pérola do Mamoré. A gente era tão amigo que eu ficava constrangido quando ia a trabalho a Guajará e dava preferência por ficar no Hotel Fenix pois o Almir não aceitava receber minhas diárias e nem de quem estivesse comigo, ha poucos anos, pernoitei no Hotel e quando me acordei no outro dia já era quase dez horas da manhã e assim que desci a escada o empregado encarregado do hotel me recebeu preocupado:
- Ainda bem que o senhor acordou, seu Almir está lhe esperando na sala da casa dele para tomar café com o senhor.
Ali sentamos e ficamos até perto do meio dia, com o Almir me contando os acontecimentos políticos da Pérola do Mamoré.
Há alguns anos o entrevistei e conheci muitos ‘causos’ pitorescos protagonizados pelo Almir.
Vamos reproduzir alguns:
Numa campanha política, fui assistir o comício dos adversários e o candidato Curió ao me ver, saiu-se com essa. ‘”Tem uma pessoa que está aqui, que mete o pau na secretária de educação por trás, eu não, quando tenho que meter o pau, meto pela frente’.

Quem é o Almir Canduri?

Almir Canduri – Nasci em Porto Velho em 1950 e depois vim pra Guajará-Mirim. Meu pai é o seu Jovito Canduri Pinheiro. Dos meus dez irmãos, só quem é Canduri sou eu, meu nome é Almir Canduri Pinheiro meus irmãos nenhum tinha o sobrenome Canduri, porém, todos nós éramos e somos conhecidos como Canduri. Hoje a história se repete, meu filho chama-se Fábio Rocha Pinheiro e minha filha Fernanda Rocha Pinheiro, entretanto são chamados de Fernanda Canduri e Fábio Canduri.
Minha  mulher chegou a se esconder debaixo da cama para não ser perturbada pelos cobradores. Teve um ano que o nosso Supermercado quando acabou a campanha, não tinha nada. Minha mulher me encontrou no outro dia da apuração, sentado em cima de uma caixa, com a mão no queixo olhando para as prateleiras totalmente vazias, eu dava tudo aos eleitores e eles não correspondiam nas urnas.
Os enterros que eu fazia entraram para a história do folclore político de Guajará-Mirim e do Brasil. Eu saí enterrando tudo quanto achava que não estava correto. Fazia umas passeatas com enterros simbólicos. Eu ia ao Mercado Municipal e avisava “os pés” inchados de que tal hora iria enterrar tal coisa ou pessoa. Comprava umas garrafas de cachaça e colocava dentro do caixão que era para a turma comparecer. Acontece que certa vez o morto era de verdade e foi então que o caldo entornou.
Zk – O que foi que aconteceu?
Almir Canduri – Numa dessas tinha morrido de fato um cidadão e a viúva veio comigo e pediu o carro para fazer o enterro. Acontece que no mesmo dia, estava programado o enterro da Ceron para as cinco horas da tarde. Ainda pedi ao motorista que não passasse pelo Boca Negra e nem pelo Mercado com o defunto de verdade, para evitar qualquer problema.
Foi mesmo que não pedir. Quando ele passou com o enterro verdadeiro pelo Boca Negra e pelo Mercado os “Pés inchado” começaram a soltar foguete, pei, pei, pei o foguete comendo no centro e o pior, foi que eles queriam porque queriam abrir o caixão pra tirar a cachaça, só que naquele caixão ia realmente um morto.
Com aquela confusão do abre-não-abre o caixão, a viúva já baixando o “cacete” nos “pé inchado”, foi então que o motorista correu no hotel onde eu estava e me avisou o que estava acontecendo. Cheguei lá estava à viúva segurando o caixão e a turma querendo abrir pra tirar a pinga.
Aí comecei a explicar: Esse aqui ainda não, nosso enterro é outro enterro, e os caras de cara cheia gritavam: Muito bem! Muito bem Canduri e soltavam foguete. Eles pegavam aqueles mangara de banana e tacavam em cima do caixão. “Filha da “p” libera nossa cachaça”. E eu gritava parem, parem e não tinha jeito. E a viúva já passando mal dizia: “Ai meu Deus, nunca imaginava que esse povo odiava tanto meu marido”. Tive que levar a viúva pro hospital no carro que estava o defunto. Quando chega o médico e vê o caixão diz: “Você ta brincando comigo, lugar de defunto não é no hospital não, é lá pro necrotério.
Doutor vou lhe explicar, mas ele não queria saber de explicação. Peguei o carro com o defunto e levei pros parentes enterrarem de verdade. Nessas alturas já estava anoitecendo. Teve o caso da candidata a vereadora.
A gente passava a campanha fazendo os comícios em cima de uma pick-up. Acontece que no último comício, alugamos dois caminhões colocamos uma aparelhagem de som e a candidata na hora do seu discurso falou assim: “Meus conterrâneos, estou muito emocionada e muito nervosa, hoje pela primeira vez estou fazendo esse comício com esse povo todo. Passei a campana todinha “TREPANDO” em cima de uma C-10 e hoje to “TREPANDO” em cima de um caminhão”.
Assim era o Almir Canduri o Birula. Descansa em paz amigo!

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