quinta-feira, 30 de abril de 2020

HISTÓRIA DA EFMM - O prego de ouro da Madeira Mamoré


Neste dia 30 de abril, lembramos o término da construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ocorrida em 1912.
De acordo com relatos que encontramos em livros publicados a respeito da ferrovia construída por Percival Farquar em terras que formam o estado de Rondônia, destacamos a história do PREGO DE OURO que foi simbolicamente pregado no Dormente que recebeu o último trilho da linha férrea, justamente no dia 30 abril de 1912 em Guajará Mirim. Acompanhe essa história fascinante:
O PREGO DE OURO
Segundo ouvimos de várias pessoas que conheceram operários que trabalharam na construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, que foi realmente colocado um PREGO DE OURO quando do assentamento do último trilho em Guajará Mirim.
Na realidade, o escritor e ex-ferroviário Hugo Ferreira cita, às páginas 23 e 24 do livro "Reminiscências da Madmamrly e Outras Mais", que no início da construção, ou seja, no dia 4 de julho de 1907 ali, onde funcionou a ENARO e que também foi conhecido como Serviço de Navegação do Madeira (SNM) em Porto Velho, foi pregado um PREGO DE PRATA.
Muitos escritores consideram esses acontecimentos como sendo mais uma das tantas lendas que contam sobre a Madeira Mamoré, porém, o Ferroviário Antônio Borges, Artífice - Mestre - Carpinteiro, a pedido de Hugo Ferreira fez o seguinte relato:
"Satisfazendo o seu pedido referente ao Prego de Ouro colocado no último dormente da Madeira Mamoré, informo-lhe o seguinte:
"Na manhã do dia 30 de abril de 1912, pelas 10 horas, encontrava-me com outros companheiros em serviço de assentamento do desvio do rio, no pátio de Guajará Mirim, quando chegaram vários auto linha que se dirigiram para a ponta dos trilhos, um pouco antes de onde hoje está a primeira agulha do Triângulo de reversão. Deles desembarcaram vários senhores e duas senhoras, esposa de Mr. Jekey e do Dr. Geraldo Rocha, o primeiro contratista da Construção e o segundo Eng. Fiscal do Governo. Fomos convidados para assistir naquele local, à cerimônia que se ia realizar, que consistia no pregamento de um PREGO DE OURO no último dormente da Madeira-Mamoré. Formamos um círculo e Mr. Jekey retirou de um estojo que trazia consigo, um PREGO DE OURO idêntico aos de linha e enfiou-o num buraco vago que existia no dormente. Em seguida entregou à sua esposa um martelo, para que o pregasse e depois passou o martelo à senhora do Dr. Geraldo Rocha, que fez o mesmo.
A seguir Mr. Jekey retirou o PREGO DE OURO e colocou em seu lugar um prego comum de linha e, pedindo uma marreta ao Feitor, deu-lhe várias batidas, o mesmo fazendo o Dr. Geraldo Rocha e o Cônsul da Bolívia em Porto Velho, Dr. José G Gutierrez e outras pessoas da comitiva. Foi um delírio esse momento fulminante e entusiasmados prorrompem em vivas e hurras ao Brasil, à Norte-America e à Bolívia, devidamente representada ali pelas suas respectivas bandeiras. Após tomaram seus veículos e desembarcaram um pouco adiante, na barraca de um vigia e sob uma tosca mesa, num grande livro lavraram a ata do ocorrido, que foi depois de lida assinada pelas principais pessoas presentes.
Em seguida dirigiram para o acampamento 46, Guajará-Assú e aí almoçaram, retornando depois a Porto Velho. "Lembro-me nitidamente desses fatos e ao relatá-los, faço-o com o pensamento saudoso dos meus vinte e três anos de idade que então os tinha e que não voltaram mais". Esse é o relato de Antônio Borges a Hugo Ferreira.
A Madeira Mamoré pode não ser a estrada dos trilhos de ouro, mas, teve um PREGO DE OURO fincado no ponto final da linha férrea.

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