Neste dia 30 de abril, lembramos o término da
construção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré, ocorrida em 1912.
De acordo com relatos que encontramos em livros
publicados a respeito da ferrovia construída por Percival Farquar em terras que
formam o estado de Rondônia, destacamos a história do PREGO DE OURO que foi
simbolicamente pregado no Dormente que recebeu o último trilho da linha férrea,
justamente no dia 30 abril de 1912 em Guajará Mirim. Acompanhe essa história
fascinante:
O PREGO DE
OURO
Segundo ouvimos de várias pessoas que
conheceram operários que trabalharam na construção da Estrada de Ferro Madeira
Mamoré, que foi realmente colocado um PREGO DE OURO quando do assentamento do
último trilho em Guajará Mirim.
Na realidade, o escritor e ex-ferroviário Hugo
Ferreira cita, às páginas 23 e 24 do livro "Reminiscências
da Madmamrly e Outras Mais", que no início da construção, ou seja, no
dia 4 de julho de 1907 ali, onde funcionou a ENARO e que também foi conhecido
como Serviço de Navegação do Madeira (SNM) em Porto Velho, foi pregado um PREGO DE PRATA.
Muitos escritores consideram esses
acontecimentos como sendo mais uma das tantas lendas que contam sobre a Madeira
Mamoré, porém, o Ferroviário Antônio Borges, Artífice - Mestre - Carpinteiro, a
pedido de Hugo Ferreira fez o seguinte relato:
"Satisfazendo o seu pedido referente ao
Prego de Ouro colocado no último dormente da Madeira Mamoré, informo-lhe o
seguinte:
"Na manhã do dia 30 de abril de 1912, pelas
10 horas, encontrava-me com outros companheiros em serviço de assentamento do
desvio do rio, no pátio de Guajará Mirim, quando chegaram vários auto linha que
se dirigiram para a ponta dos trilhos, um pouco antes de onde hoje está a
primeira agulha do Triângulo de reversão. Deles desembarcaram vários senhores e
duas senhoras, esposa de Mr. Jekey e do Dr. Geraldo Rocha, o primeiro
contratista da Construção e o segundo Eng. Fiscal do Governo. Fomos convidados
para assistir naquele local, à cerimônia que se ia realizar, que consistia no
pregamento de um PREGO DE OURO no último dormente da Madeira-Mamoré. Formamos
um círculo e Mr. Jekey retirou de um estojo que trazia consigo, um PREGO DE
OURO idêntico aos de linha e enfiou-o num buraco vago que existia no dormente.
Em seguida entregou à sua esposa um martelo, para que o pregasse e depois
passou o martelo à senhora do Dr. Geraldo Rocha, que fez o mesmo.
A seguir Mr. Jekey retirou o PREGO DE OURO e
colocou em seu lugar um prego comum de linha e, pedindo uma marreta ao Feitor,
deu-lhe várias batidas, o mesmo fazendo o Dr. Geraldo Rocha e o Cônsul da
Bolívia em Porto Velho, Dr. José G Gutierrez e outras pessoas da comitiva. Foi
um delírio esse momento fulminante e entusiasmados prorrompem em vivas e hurras
ao Brasil, à Norte-America e à Bolívia, devidamente representada ali pelas suas
respectivas bandeiras. Após tomaram seus veículos e desembarcaram um pouco
adiante, na barraca de um vigia e sob uma tosca mesa, num grande livro lavraram
a ata do ocorrido, que foi depois de lida assinada pelas principais pessoas
presentes.
Em seguida dirigiram para o acampamento 46,
Guajará-Assú e aí almoçaram, retornando depois a Porto Velho. "Lembro-me
nitidamente desses fatos e ao relatá-los, faço-o com o pensamento saudoso dos meus
vinte e três anos de idade que então os tinha e que não voltaram mais".
Esse é o relato de Antônio Borges a Hugo Ferreira.
A Madeira Mamoré pode não ser a estrada dos
trilhos de ouro, mas, teve um PREGO DE OURO fincado no ponto final da linha
férrea.
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