A história do Eldon Brito é
muito bonita. Sem medo de nada, ele saiu de Porto Velho com apenas o
correspondente nos dias atuais, a R$ 50 e depois de trabalhar numa pastelaria
em São Paulo e de ouvir do cantor Agnaldo Timóteo: “’Se você quer ser artista,
primeiro arranja um emprego”, lutou e chegou a vender mais de 400 mil
cópias de um dos seus 30 LPs gravados.
Eldon Brito apesar de fazer
sucesso no Nordeste e em cidades do Sudeste até hoje, é pouco conhecido em seu
estado natal Rondônia. De visita a sua mãe que reside em Porto Velho o engenheiro
de formação que nem sabe quanto ganha um profissional engenheiro, vive exclusivamente
de música, em especial dos direitos autorais de suas composições, que podem ser
baixadas nas plataformas digitais pelo mundo.
Gravamos a entrevista que
segue, sexta feira, na Casa da Cultura Ivan Marrocos e ficamos encantados com a
história do Eldon Brito.
ENTREVISTA
Zk – Vamos começar?
Eldon Brito – Nasci em
Guajará Mirim com o nome de Osvaldo Soares que posteriormente se transformou no
nome artístico Eldon Britto que foi adotado, através de votação em família. Na
realidade, nasci em 1965, na localidade chamada Prainha. Minha mãe dona Dormelina
Alves de Brito e meu pai Pascoal Soares de Brito que não cheguei a conhecer
porque o perdi quando tinha três anos de idade.
Zk – Quando começa sua
história na comunicação?
Eldon Brito – É uma história
interessante! Lá em Guajará eu gostava de desenhar histórias em quadrinhos e a
época, em frente a minha casa, morava a diretora da maternidade que se chamava
dona Margareth Palácios e devido essa minha facilidade em desenhar personagens
de revistas em quadrinhos, ela me proporcionou uma bolsa de estudos em Porto
Velho. Com a transição de governo, o novo governador cortou as bolsas estudos.
Ao perder a bolsa, perdi também o local onde eu morava, que era no Quartel da
Guarda Territorial na Arigolândia. Lembro que peguei minha malinha com um
pouquinho de roupa, cheguei perto do Palácio do Governo e naquela época o Porto
Velho estava abandonado e eu fiquei sentado a noite, no murinho que tem la até
hoje, foi quando o vigia chegou e perguntou o que eu estava fazendo e eu contei
a história da bolsa e do alojamento da PM e ele liberou um quarto do Porto
Velho Hotel pra mim dormir naquela noite. No dia seguinte comecei a freqüentar
a praça Aluizio Ferreira e entre os amigos que fiz jogando bola, tinha um que
era filho do Dimas Queiroz de Oliveira que trabalhava na Assessoria de Imprensa
e Relações Públicas do Palácio do Governo.
Eu havia emprestado ao filho do Dimas umas das revistas com meus desenhos e o
Dimas perguntou quem havia feito aqueles desenhos e o filho dele informou que
tinha sido um “moleque” que estava morando no Porto Velho Hotel etc.
Resumindo a história, o Dimas chegou na porta do quarto que estava morando no
PVH com uma pasta e disse que eu teria que comparecer ao Palácio do Governo as
9 horas, pra falar com a dona Ilza que era diretora do Departamento de Pessoal.
Eu fiquei até com medo de mandarem me prender porque estava dormindo no Porto
Velho Hotel, que nada, me contrataram como office boy, foi aí que começou minha
trajetória artística aqui em Porto Velho.
Zk – A TV Educativa?
Eldon Brito – Quando foi
implantada a TV Cultura aqui, a programação era diversificada apesar de não ser
muito profissional mesmo assim, a direção procurou colocar em cada setor,
especialistas e nessa eu fui escolhido pra fazer os desenhos que seriam compatíveis
com cada programação. Foi quando criei a figura de um indiozinho. Esse índio
tem uma história que até hoje pouca gente sabe.
Zk – Vamos contar?
Eldon Brito – Na época me
inspirei na logomarca do guaraná Parecis que até hoje existe em Guajará Mirim
que é um índio e então a logomarca da TV Cultura de Porto Velho é a figura do
índio do Guaraná fabricado em Guajará. O fato interessante que aconteceu foi
que eu colocava meu nome em todos os desenhos e então uma diretora me chamou em
seu gabinete e pediu pra eu não colocar mais minha assinatura nos desenhos, se
não me engano o nome dela é Jussara Gottlieb.
Zk – Como foi que você se
transformou em artista cantor e compositor?
Eldon Brito – La em Guajará
Mirim compus minha primeira música quando tinha mais ou menos de 11 pra 12 anos
“Menina da Escola”. Nesse contexto me matriculei no Colégio Tenente Wanderley
que funcionava atrás da Catedral. Num determinado festejo do dia das mães a
diretora chamada Terezinha me pediu que compusesse uma música pra tocar na Catedral,
então compus a música chamada “Quadra Deserta”. Quando terminei de cantar, os
aplausos ecoaram e no meio do público estava o locutor da Caiari Edinho Marques
que se identificou pra mim e me convidou para cantar a música em seu programa. Quando
cheguei na rádio com o violão, ele disse que eu não iria cantar ao vivo, que
iria gravar e assim foi feito. Quando cheguei em casa a primeira coisa que
minha mãe falou foi: “Ouvi você cantando na rádio”. Edinho me chamou de novo e
disse: “Rapaz continua a carreira artística, enfrenta isso aí que tu leva
jeito”. Eu nem, sabia por onde começar uma carreira artística e ele insistiu:
“O único jeito é você viajar pra São Paulo”.
Zk – Você atendeu o conselho
dele?
Eldon Brito – Peguei o
dinheirinho que tinha, comprei a passagem de ônibus. Seria hoje sair daqui pra
São Paulo com o violão, a malinha e cinquenta reais. Daqui pra Cuiabá era
estrada de chão, lama pura. Foram 16 dias pra chegar em São Paulo.
Zk – E já em São Paulo?
Eldon Brito – Sai pela avenida
Rio Branco e numa banca de revista encontrei o Agnaldo Timóteo. Nossa encontrar
uma ídolo logo de cara foi o máximo, fui logo perguntando pra ele o que eu
faria para começar uma carreira artística? Ele olhou pra mim dos pés a cabeça e
falou: “Arruma primeiro um emprego, depois você corre atrás disso”. Ele
tinha razão.
Zk – Qual foi seu primeiro
emprego em São Paulo?
Eldon Brito – Fui trabalhar
como atendente numa pastelaria dos coreanos na avenida São João e nas minhas
folgas eu procurava as gravadoras. Eu chegava na portaria o guarda olhava pra
mim e dizia: “não tão pegando ninguém”. Depois de mais de vinte vezes, ele
disse: “Deixa tua fita (cassete) aí que vou entregar pro Tony Dim” que era
diretor de repertório da gravadora. Nessas andanças conheci o cantor Cassiano
Costa que me apresenta o Tony Dim dentro da Copacabana e então comecei a
assinar contrato como autor das canções.
Zk – O que aconteceu depois?
Eldon Brito – Um empresário
do Paraná foi a São Paulo divulgar seu estabelecimento na Folha de São Paulo e
nesse dia, eu tinha ido a Folha de São Paulo com um amigo e la conheci a Sonia
Abrão que se tornou grande amiga minha até hoje graças a Deus, perguntei a ela
o que deveria fazer para aparecer no jornal e ela perguntou o que eu fazia e
então ela fez uma matéria comigo que foi publicada no jornal Notícias Populares.
Diante da repercussão da matéria, aquele empresário do Paraná entrou em contato
comigo e propôs uma parceria. Ele investiria na minha carreira pra gravar o
primeiro disco um Compacto Duplo (quatro músicas). A proposta dele que aceitei
era que ele ficaria com 50% do que entrasse da venda do disco e dos shows.
Negócio fechado!
Zk – Como foi a gravação do
primeiro disco?
Eldon Brito – Por incrível
que pareça, eu conhecendo todas essas gravadoras fui gravar num selo chamado
Solimar. Minha amiga Claudia Telles forneceu seu conjunto musical para gravar
me acompanhando. O disco saiu no final de 1979 e foi o maior sucesso em todo
Norte e Nordeste. Rapidamente a RCA me chamou e fez o relançamento do Compacto
que vendeu de cara, 60 Mil cópias.
Zk – Você ficou na RCA?
Eldon Brito – O erro deles
foi que fizeram um contrato só para o relançamento do Compacto e aí, chegou o
Carlos Santos e me levou pra Belém e lá gravamos o primeiro LP que saiu em 1982
pela Gravasom. Vendi 40 Mil. Só que o Carlos Santos também não assinou
contrato. A distribuição do LP foi pela Polygram e a Polygram então me levou
pro Rio de Janeiro e assinou um contrato de oito anos comigo.
Zk – Quantos discos você gravou
pela Polygram?
Eldon Brito – Estorei mesmo
com o 6º LP “Garimpeiro Apaixonado” que vendeu 400 Mil cópias; A música que
estourou foi “Amor Proibido”. Essa música me deu meu primeiro disco de ouro
(100 Mil cópias), do programa do Bolinha. Quando chegou nas 400 Mil cópias veio
o Disco de Platina, foi então que fui contratado pela produção do Bolinha e
passei a fazer parte da Caravana do Bolinha aí foi a consagração.
Zk – Pra contratar o Eldon
Brito?
Eldon Brito – Meu
celular é (69) 99338-5565 ou então via email eldonbrito@hotmail.com ou eldonbrito2012@hotmail.com que é o oficial.
Quer conhecer realmente minha história digita na internet apenas Eldon Brito
que vai ter história até da minha avó.
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